Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 5 de abril de 2025

Angola - Cátedra de Língua Portuguesa pretende realizar conferência internacional sobre vida e obra do linguista António da Costa

A Cátedra de Língua Portuguesa da Universidade Católica de Angola vai realizar uma conferência internacional sobre vida e percurso académico do linguista António Fernandes da Costa, primeiro professor catedrático desta instituição de ensino, falecido em Março de 2022



A informação foi avançada pelo director da cátedra, Afonso Miguel, durante a homenagem a António Costa, acolhida na quarta-feira, no auditório do edifício de extensão da Universidade Católica de Angola (UCAN), em Luanda, pelo contributo prestado ao desenvolvimento da língua portuguesa e à literatura africana.

“Pretendemos fazer no próximo ano. Vai ser mais um acto para dar a conhecer à nova geração o percurso desta figura importante”, avançou Afonso Miguel, diante de uma assistência composta por antigos estudantes, colegas e membros da direcção da Universidade Católica de Angola.

A reitora da universidade, Maria da Assunção, afirmou que o encontro serviu para recordar o percurso e exaltar o legado daquele que é considerado “clássico dos estudos de Língua Portuguesa entre os angolanos e pilar da cultura e educação no país”.

Sobre os seus feitos, Maria da Assunção reconheceu que a afirmação da Cátedra de Língua Portuguesa, que tem estado a conquistar de maneira progressiva o seu lugar a nível nacional e internacional em matéria de linguística portuguesa, não seria possível sem o valioso contributo do professor António Fernandes da Costa, que foi um dos pioneiros a desbravar os caminhos e a lançar as suas bases.

“O seu amor pelas letras angolanas, a sua visão académica e a dedicação à investigação científica, fizeram deste professor, primeiro decano da Faculdade de Ciências Humanas e o primeiro catedrático da universidade. Uma figura notável e emblemática, no que respeita ao estudo e ao ensino da língua portuguesa em Angola”, descreveu.

Por outro lado, a vice-reitora para a Área Académica da UCAN, Maria Helena Miguel, antiga aluna de António Fernandes da Costa, realçou o seu lado académico, onde se destacou como professor e investigador.

“António Fernandes da Costa foi um amigo intrépido da ciência. Um homem cuja calma, simplicidade, discrição e humildade deram àqueles com quem conviveu a certeza do quanto amava o saber”, recordou.

De acordo com a vice-reitora, a sua paixão pela língua portuguesa e pela literatura angolana inspirou gerações de estudantes.

O escritor e crítico literário Hélder Simbad manifestou, igualmente, a sua gratidão ao professor António Fernandes da Costa, de quem disse ter aprendido muito.

“Ensinou-me bastante sobre literatura, e o fruto desse aprendizado foi a base para a criação do Movimento Litteragris”, partilhou. Gil Vieira – Angola in “Jornal de Angola”


Moçambique - Após aumentos de casos de cancro, o país reforça parcerias internacionais

A Agência Internacional de Energia Atómica, a OMS e a Agência de Pesquisa sobre Cancro realizam revisão ImPACT, a meta é promover ações do governo para aumentar acesso a diagnóstico e tratamento. A capital Maputo tem apenas 1 unidade radiológica para 30 milhões de pessoas



Todos os anos, Moçambique, o país de língua portuguesa no sul da África, regista 26 mil novos casos de cancro. Segundo estatísticas oficiais, até 2045, o número de casos da doença deve mais que dobrar.

O ministro da Saúde, Armino Tiago, afirma que os dados são alarmantes e preocupantes. O país decidiu investir em parcerias internacionais para socorrer quem precisa.

Expansão de casos

Este ano, Moçambique convidou duas entidades da ONU: a Organização Mundial de Saúde, OMS, e a Agência Internacional de Energia Atómica, Aiea, para realizar uma revisão chamada ImPACT.  A meta é analisar o que pode ser feito contra a expansão de casos no país e expandir o tratamento.

A ação é acompanhada da Agência Internacional para Pesquisa sobre Cancro.

O cancro já é responsável por quase metade das mortes prematuras por doenças crónicas.

Muitas pessoas somente chegam a uma consulta médica nos últimos estágios do cancro, o que torna o tratamento mais complicado. E no caso de Moçambique, muitos que precisam não recebem os cuidados por falta de equipamentos e pessoal.

Segunda maior causa de morte no mundo

O cancro é hoje a segunda maior causa de morte em todo o mundo. As revisões ImPACT tentam auxiliar os países em avaliações de causas e capacidades para ajudar os governos a responder ao problema controlando o número de novos diagnósticos.

Uma das propostas é criar um plano nacional de cancro com informações para doadores e adesões do país às iniciativas da OMS como cancro infantil, da mama ou cervical.

Para o Ministério da Saúde, a parceria com a ONU capacita e beneficia os sistemas de saúde locais e nacional.

Os especialistas são da África, da Europa e das Américas e atuam em áreas como oncologia, patologia, cuidados paliativos e epidemiologia. Muitos falam português, a língua oficial de Moçambique, o que ajuda no contato com os cidadãos.

Preparação na internet antes de chegar ao terreno

A Aiea, que tem um programa dedicado ao combate ao cancro, envia especialistas em radiologia, segurança de radiação e diagnósticos e outros equipamentos.

Reuniões e preparativos ocorrem na internet antes da produção de um relatório e plano de ação e antecede à chegada da missão ao país.

Como parte da prevenção do cancro, os profissionais recomendam fatores como dieta adequada, cartão de vacinas em dia e uma vida sem tabaco que pode ajudar a evitar em até 40% todos os casos de cancro.

O diagnóstico cedo também aumenta as possibilidades de cura. Com o tratamento, a meta é curar a doença e prolongar a vida com qualidade. Já os cuidados paliativos focam-se nas necessidades dos pacientes e das suas famílias desde o diagnóstico até à capacidade de enfrentar a doença.

Quando chegam a Moçambique, as equipas já têm um bom conhecimento do terreno e deslocam-se aos hospitais e centros de saúde pública, onde se reúnem com profissionais do setor, representantes da sociedade civil e tomadores de decisão.

Dar prioridade às crianças e mulheres

Uma das prioridades da iniciativa ImPACT em Moçambique são crianças e mulheres que vivem com cancro. Num dos centros, o Primeiro de Maio, foram analisados o impacto do atendimento de saúde básica com prevenção e diagnóstico a tempo, especialmente para cancro infantil, da mama e cervical.

Um dos especialistas em oncologia infantil, do Gana, que participa da missão afirmou que mais de 80% dos casos de cancro em crianças têm cura, mas o mundo está apenas no patamar de 30% de cura em países de rendimentos baixos e média.

Equipa de brasileiros

Há mais de uma década, a Aiea tem atuado no Hospital Central de Maputo com atendimento a pacientes de cancro. Uma equipa de especialistas brasileiros realizou o treinamento de radioterapia com o apoio da agência da ONU.

Como Moçambique tem acesso limitado aos equipamentos de radiologia e outras tecnologias, fica mais difícil apoiar os pacientes que precisam do tratamento.

A capital Maputo, por exemplo, tem apenas uma unidade de radiologia para uma população de mais de 30 milhões de pessoas. ONU News – Nações Unidas


Cabo Verde - Gilyto lança single “Rabida Futuro” tema que transmite esperança e resiliência aos imigrantes

Cidade da Praia – O músico cabo-verdiano Gilyto marca dez anos da sua chegada aos Estados Unidos, como imigrante, com o lançamento do novo single “Rabida Futuro”, tema que transmite esperança aos imigrantes e integra o EP “Funaná to the Moon”.

O funaná considerado lento e emotivo, já disponível nas plataformas, traz, de acordo com informações do gabinete Gylito Mr. Entertainer, uma “mensagem profunda e pessoal”, refletindo sobre os desafios e sacrifícios que os imigrantes enfrentam ao deixar a sua terra natal em busca de uma vida melhor.

“Rabida”, lê-se na nota, significa em crioulo de Cabo Verde tentar mudar ou melhorar a vida. 

Por isso, ao unir esta palavra a futuro, Gilyto transmite “esperança, força e resiliência”, assim como um apelo à superação e à transformação pessoal a todos os que estão na diáspora.

“A escolha deste tema como terceiro single não é por acaso. Marca precisamente os dez anos desde a chegada de Gilyto aos Estados Unidos como imigrante, tornando este lançamento ainda mais simbólico. É uma homenagem aos que lutam diariamente por um futuro mais digno, longe de casa, família, amigos, com coragem e determinação”, lê-se na nota.

O single, produzido por Gilyto e Tino MC, conta com um elenco de músicos e vozes, nomeadamente João Paulo, no acordeão, Tony Bat, na bateria, Jair Pina, na percussão, e Orlando Semedo, Jesus Semedo & Tino MC, no coro.

O videoclipe de “Rabida Futuro” foi gravado em Lisboa, com direção de branU e Gilyto, e edição a cargo de Popo (EUA). 

Com participações especiais de Maicom Moicano e Ervelina Brás, o vídeo representa, de acordo com a mesma fonte, o percurso de muitos imigrantes, ou seja, “a partida, a luta, a esperança e o sonho de um futuro melhor”.

A estreia oficial do videoclipe aconteceu simultaneamente no YouTube e na Televisão Nacional de Cabo Verde (TCV) às 8:15 (EUA), 11:15 em Cabo Verde e 13:15 em Portugal.

O EP “Funaná to the Moon” marca o regresso de Gilyto aos palcos, depois de uma longa pausa em que apenas se dedicou à produção de eventos e à promoção da cultura cabo-verdiana. In “Inforpress” – Cabo Verde


sexta-feira, 4 de abril de 2025

Lusofonia - ONG Mundu Nôbu prepara expansão de Portugal para Cabo Verde

A organização não-governamental (ONG) Mundu Nôbu, criada, há um ano, pelo músico Dino D’Santiago e Liliana Valpaços, para capacitar comunidades sub-representadas em Portugal, vai expandir-se este ano para Cabo Verde, disseram os fundadores à Lusa. “O que nos deixa ainda mais felizes é sabermos que vamos trazer esse projeto, devidamente adaptado, para Cabo Verde”, referiu [...]



A organização não-governamental (ONG) Mundu Nôbu, criada, há um ano, pelo músico Dino D’Santiago e Liliana Valpaços, para capacitar comunidades sub-representadas em Portugal, vai expandir-se este ano para Cabo Verde, disseram os fundadores à Lusa.

“O que nos deixa ainda mais felizes é sabermos que vamos trazer esse projeto, devidamente adaptado, para Cabo Verde”, referiu Liliana Valpaços, vice-presidente da ONG, arrancando as reuniões com autoridades e parceiros, na cidade da Praia.

“Nós criámos a Mundo Nôbu porque sentimos que há várias comunidades, na sociedade portuguesa, que não têm representatividade” em vários setores, profissões e áreas de influência, explicou – tanto comunidades afro-descendentes, como do Brasil, países de leste ou sul-asiáticos.

O programa “O teu lugar no mundo” inclui 12 módulos curriculares (literacia financeira, gestão de emoções, liderança, entre outros) e atividades complementares em que os participantes – dos 14 aos 18 anos – se envolvem por quatro a seis anos (até aos 22 anos, no máximo), “para que sintam que podem sonhar o que quiserem, serem o que quiserem”.

As atividades complementares “podem ser visitas a museus, contactos com determinadas pessoas, estágios em empresas, atividades que permitam romper horizontes”, tudo com o objetivo de “desenvolver o pensamento crítico e construir um projeto de vida sólido”.

Atualmente, o programa inclui 123 inscritos, que se candidataram voluntariamente, e Liliana Valpaços ambiciona chegar ao mesmo número em Cabo Verde, na fase inicial.

“Houve uma primeira intenção para que [a ONG] tivesse nascido em Cabo Verde”, recordou Dino D’Santigao.

“Felizmente fui aconselhado pela Liliana Valpaços”, disse à Lusa.

Uma conversa em que lhe apontou um facto sobre muitos filhos de pais africanos: “nasceram em Portugal, mas não sentem que este também é o seu lugar”, apesar de já merecerem “sentir isso, como ninguém”.

“Um ano depois, ver os resultados dos jovens que por lá passaram, é gratificante. Poder materializá-lo em Cabo Verde, já está acima do que eu tinha sonhado. Mas é a prova máxima de que, quando juntamos outra pessoa, agregando sonhos, conseguimos viver num mundo bem melhor”, concluiu.

A Mundu Nôbu (do crioulo, Mundo Novo) dá prioridade “à igualdade de acesso às oportunidades”, defendendo “valores morais e éticos, à luz da Declaração Universal dos Direitos do Homem”. Luís Fonseca – “Agência Lusa” in “Forbes” 


Portugal - Festival Giacometti 2025 no mês de Junho em Ferreira do Alentejo

Nos dias 6, 7 e 8 de Junho, Ferreira do Alentejo acolherá, mais uma edição do Festival Giacometti, um evento criado pela Câmara Municipal de Ferreira do Alentejo no ano de 2018.



Neste ano de 2025 a curadoria ficará a cargo de José Barros,  uma referência incontornável da revitalização da música tradicional portuguesa e da sua adaptação ao gosto contemporâneo, contando ainda com a direção geral de Maria João Pina, chefe da Divisão de Cultura da Câmara Municipal de Ferreira do Alentejo.

Desafiamos-vos a participar neste “rebuliço cultural” que terá lugar em Ferreira e Peroguarda entre 6 e 8 de junho onde, para além de  descobrir os segredos culturais  de Ferreira do Alentejo, pode  desfrutar ainda, a solo ou em família, de momentos culturais inesquecíveis, onde participarão, para além de relevantes artistas nacionais e internacionais, prestigiadas personalidades da cultura e da etnomusicologia nacional e internacional.

Desfrute de uma programação repleta de atividades artísticas, caminhadas, danças tradicionais, arruadas e eventos para todas as idades! Não falte a este evento imperdível.

Venha descobrir Ferreira do Alentejo, o festival que honra a memória do corso que se enamorou de Peroguarda e o trabalho artístico desenvolvido por artistas nacionais e internacionais contemporâneos inspirados pelo seu legado cultural.

Fique atento, pois em breve será divulgado o programa cultural! - P&C Assessoria de Imprensa - Portugal


China - Académicos realçam papel de Macau nas relações com o Brasil

A conferência anual da Aliança para o Ensino da Língua Portuguesa na Grande Baía teve lugar na Universidade Politécnica de Macau, para debater, entre outros temas, o papel da RAEM como canal de comunicação nas relações entre a China e o Brasil. O debate contou com a presença de mais de uma centena de professores e alunos



Sob o tema “Potencialização da Grande Baía: Inovação e Desenvolvimento no Comércio Sino-Brasileiro sob a Nova Rota da Seda”, a conferência anual da Aliança para o Ensino da Língua Portuguesa na Grande Baía reuniu na Universidade Politécnica de Macau (UPM) mais de uma centena de professores e alunos, entre os quais especialistas e académicos de Guangdong, Hong Kong, Macau e Brasil. Segundo a UPM, o debate explorou as oportunidades geradas pelo desenvolvimento inovador do comércio China-Brasil, tendo em vista promover intercâmbios académicos da língua portuguesa na Grande Baía e impulsionar o novo padrão de cooperação e desenvolvimento de “Uma Faixa, Uma Rota”.

Vários oradores expuseram os seus pontos de vista, focados no papel estratégico, inovador e orientador das relações China-Brasil.

Marcus Im, reitor da UPM, disse durante o encontro que, com base na Grande Baía, aquela instituição de ensino desenvolve uma plataforma para a cooperação entre os dois países, em áreas como educação, ciências, tecnologias e cultura. Ao mesmo tempo, promove uma cooperação mais estreita no campo do ensino superior, “a fim de criar um novo padrão de cooperação vantajosa para ambas as partes e de prosperidade comum”.

Por sua vez, o vice-director Permanente da Escola de Educação Profissional e Contínua da Universidade de Hong Kong, apresentou a história do comércio entre a China e o Brasil e o papel de Macau na cooperação entre os dois países. Macau enquanto plataforma entre a China e os PLP “constituiu um canal de comunicação para o estabelecimento das relações China-Brasil e tornou-se uma das pontes de ligação”, disse Sonny Lo.

O representante da RAEHK discursou sobre o tema “Relações Bilaterais entre a China e o Brasil e o Papel de Macau”, afirmando que o desenvolvimento da Zona de Cooperação Aprofundada “cria mais possibilidades de comércio para o Brasil”, assim como a cooperação em matéria de comércio, investimento e tecnologia na Grande Baía e em Hengqin “abre novas oportunidades para o desenvolvimento comercial entre a China e o Brasil”.

Já o reitor da Universidade de Estudos Estrangeiros de Guangdong, Yan Xiangbin, salientou a vontade em explorar, em conjunto com os parceiros da Aliança, “novos caminhos para a cooperação na educação”, manifestando o interesse na formação de mais quadros qualificados para a promoção do intercâmbio entre a China e os Países de Língua Portuguesa (PLP). Assim, sustentou, poderá ser criado “um novo futuro para o desenvolvimento comercial” e aberto “um novo capítulo da cooperação entre a China e os PLP, fortalecendo as relações entre a China e o Brasil”.

Enquanto isto, o director do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas do Brasil, apresentou na conferência da Aliança os resultados académicos e de investigação científica do Grupo de Estudos Brasil-China da Universidade Estadual de Campinas, do Centro Cass-Unicamp de Estudos sobre a China e do Instituto Confúcio. Célio Hiratuka revelou que a Universidade de Campinas está em processo de criação de um centro de estudos interdisciplinares Brasil-China, que integrará recursos académicos para a realização de pesquisas em cinco áreas, nomeadamente sociedade, cultura e línguas, economia, políticas públicas e relações internacionais, ciências, tecnologias e inovação, ambiente, transição energética e desenvolvimento sustentável e saúde e ciências da vida. Deste modo, a universidade brasileira pretende “contribuir para a promoção da cooperação diversificada entre os dois países”, expressou.

A Aliança para o Ensino da Língua Portuguesa na Grande Baía foi criada em 2020 mediante a cooperação entre a UPM, a Universidade de Estudos Estrangeiros de Guangdong e a Escola de Educação Profissional e Contínua da Universidade de Hong Kong. Tem como objectivo desenvolver o papel de Macau como plataforma entre a China e os PLP, reforçar o intercâmbio de professores e estudantes entre Guangdong, Hong Kong e Macau e, através da realização conjunta de seminários académicos, competições académicas, projectos de cooperação científica, entre outros, promover a integração, a inovação, a partilha e o desenvolvimento do ensino da língua portuguesa nas três regiões. Vítor Rebelo – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”


Portugal - É pioneiro na Europa em travar mineração no fundo do mar

O país acaba de aprovar lei que estabelece moratória sobre a atividade mineira em águas profundas, devido aos riscos que a extração de minérios com maquinaria pesada representa para os ecossistemas e pesca



Portugal deu um passo determinante na proteção dos oceanos ao aprovar a primeira lei europeia que estabelece uma moratória sobre a mineração no fundo do mar.

A medida, que proíbe a exploração de minérios em águas profundas até 2050, responde às preocupações ambientais e às reivindicações de cientistas e organizações de defesa dos oceanos.

Em letra de lei

A aprovação desta legislação coloca Portugal na vanguarda da proteção marinha, numa altura em que a comunidade internacional debate os impactos da mineração submarina nos ecossistemas.

Tiago Pitta e Cunha, presidente da Comissão Executiva da Fundação Oceano Azul, destacou a importância da decisão. "Portugal é o primeiro país a aprovar em letra de lei, ou seja, é a primeira lei europeia que estipula uma moratória até 2050 para a exploração mineira. Isso é relevante também porque a lei tem um grau hierárquico mais relevante, superior, à da resolução parlamentar. Ou seja, uma lei só pode ser alterada por outra lei", afirmou em entrevista à ONU News.

A promulgação da lei pelo Presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, garante que a posição do país sobre a mineração submarina não poderá ser revertida sem novo debate parlamentar.

"Portugal está neste momento numa crise política, vai haver eleições, e eu tenho a certeza que o próximo governo, seja ele qual for, não vai poder mudar a posição do país relativamente à moratória para a mineração submarina, porque ela só pode ser alterada por lei do parlamento", explicou Pitta e Cunha. Ele destacou ainda que essa estabilidade legislativa é crucial, uma vez que Portugal teve três governos nos últimos três anos.

O que acontece no mar não fica no mar

Os riscos ambientais da mineração em alto-mar estão amplamente estudados e identificados. Estudos científicos indicam que o fundo do mar desempenha um papel fundamental na regulação do clima e na absorção de carbono.

"O que acontece no fundo do mar não fica no fundo do mar, tem repercussões negativas não apenas na coluna de água, mas em todo o sistema oceânico", alerta Pitta e Cunha.

A exploração mineral pode causar distúrbios significativos nos sedimentos marinhos, que acumulam calor e ajudam a regular o aquecimento global. Além disso, perturbar essas camadas pode libertar grandes quantidades de carbono armazenado, agravando ainda mais a crise climática.

Contaminação na pesca

A contaminação da coluna de água também representa uma preocupação para a pesca e para a segurança alimentar. "Para além do distúrbio dos sedimentos do fundo e do desaparecimento da biodiversidade, há uma pluma de sedimentos que contamina a coluna de água de uma forma absolutamente gigante”, afetando 20% da proteína que os humanos consomem no planeta.

Portugal na defesa dos oceanos

Portugal tem-se destacado internacionalmente na defesa dos oceanos. "Portugal realizou a maior conferência sobre oceanos do planeta, a Conferência da ONU em 2022, em que foi coanfitrião com o Quénia, uma conferência que impulsionou um grande progresso da agenda multilateral do oceano", explicou Pitta e Cunha. Segundo presidente da Comissão Executiva da Fundação Oceano Azul, nos últimos três anos tomaram-se mais decisões sobre a proteção marinha do que nos trinta anos anteriores.

Apesar deste avanço, Portugal ainda enfrenta desafios na formulação de uma política externa para os oceanos. "Portugal não tem uma verdadeira política externa para o oceano, e sem isso, Portugal não tem os mecanismos para influenciar decisões de outros estados-membros", alertou Pitta e Cunha.

Mesmo assim, o especialista defende que a nova lei fortalece a posição do país como um líder global na proteção dos oceanos, podendo incentivar outras nações a adotar medidas semelhantes.

Impacto internacional

A decisão portuguesa gera impacto nas discussões internacionais, especialmente no âmbito da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA), organismo da ONU responsável pela regulamentação da mineração submarina em águas internacionais.

A ISA tem sido pressionada por governos, cientistas e organizações ambientais para impor uma moratória global à mineração no fundo do mar, mas enfrenta resistência de alguns países e empresas interessadas na exploração desses recursos.

A posição de Portugal pode fortalecer esse movimento e contribuir para um debate mais amplo sobre a necessidade de proteger os ecossistemas marinhos. Sara Rocha – Portugal ONU News


quinta-feira, 3 de abril de 2025

Timor-Leste - Olandina Caeiro: uma vida inteira a erguer a voz das mulheres timorenses

Resistente, mãe, ativista incansável. Olandina Caeiro enfrentou a prisão, a tortura e o exílio sem nunca desistir da luta por Timor-Leste e pelos direitos das mulheres. A sua voz continua viva na memória de quem com ela caminhou



Foi presa, torturada, separada da família e perdeu o emprego e a casa. Mas nem por um instante desistiu de lutar por Timor-Leste e pelos direitos das mulheres. Olandina Caeiro resistiu com coragem durante a ocupação indonésia, defendeu a liberdade quando poucos ousavam falar e, depois da independência, tornou-se uma figura incontornável na construção do Estado e da igualdade de género.

Faleceu a 31 de março de 2025, aos 73 anos, vítima de cancro, no Hospital Prince Court Medical Center, na Malásia. Mas o legado que deixa vai muito além de datas e cargos: é o de uma mulher que, em todas as frentes — da rádio clandestina às mesas de negociação, das manifestações às embaixadas — nunca deixou de fazer ouvir a sua voz.

Maria Olandina Isabel Caeiro Alves nasceu a 02 de novembro de 1951, em Ermera. Professora do ensino primário de formação, cedo mostrou que o seu lugar era na linha da frente. Em 1975, foi uma das fundadoras do Voz de Timor, um dos primeiros jornais do país, e também deu voz à resistência na Rádio Maubere — duas plataformas essenciais para a comunicação com a população durante os dias sombrios da ocupação.

Ainda nesse ano, foi capturada pelos militares indonésios e levada para Kupang. Estava grávida. Deu à luz na prisão, mas nunca mais voltou a ver o marido, combatente das FALINTIL. Libertada quatro anos depois, carregava no corpo e na memória as marcas da tortura. E, ainda assim, continuou.

Entre a sobrevivência e a luta 

Durante os anos 80, ocupou vários cargos na administração pública, mesmo sob domínio indonésio. Em Baucau, em 1989, foi funcionária pública do sistema indonésio, mas nunca deixou de estar ativa na causa da independência. Voltaria a ser presa em 1992, perdendo o emprego e a casa. Recomeçou do zero, abrindo um restaurante em Díli.

Olandina nunca se afastou das lutas sociais. Em 1998, enquanto presidente da organização East Timorese Women Against Violence (ETWAVE), organizou uma manifestação contra a violência de género — numa altura em que poucas ousavam confrontar esse problema em público.

Foi também membro da Comissão Nacional sobre Violência contra as Mulheres, na Indonésia, e integrou o Parlamento Provincial entre 1997 e 1999. As causas sociais, em particular os direitos das mulheres, estiveram sempre no centro da sua atuação.

Após o referendo de 1999, Olandina intensificou a participação política. Em 2001, já durante a administração transitória, foi nomeada comissária da Comissão da Função Pública, contribuindo para a organização do novo aparelho do Estado timorense. No mesmo período, integrou também a Comissão de Acolhimento, Verdade e Reconciliação (CAVR), que documentou as violações de direitos humanos cometidas durante a ocupação.

A sua ação não se limitou às instituições. Foi presidente da Rede Feto em 2003, fundou a Academia do Café de Timor-Leste e, entre 2011 e 2015, desempenhou funções como primeira Cônsul-Geral de Timor-Leste em Denpasar, na Indonésia. Mais tarde, foi embaixadora na Malásia (2017) e no Vietname (2021).

A mulher a quem se recorria nos momentos difíceis

Para muitos, Olandina foi mais do que uma líder: foi um porto seguro. Virgílio Guterres, Provedor dos Direitos Humanos e Justiça, jornalista e seu companheiro na resistência, recorda-a como “um refúgio, um lugar onde podíamos restaurar forças e esperança”. Quando a repressão apertava, era nela que os jornalistas e ativistas encontravam confiança para continuar. “Ela era uma perda fundamental de esperança. Nos momentos de desespero, recorria a ela para restaurar a minha confiança na busca por fontes”, recorda.

No final dos anos 1990, quando a perseguição se intensificou, Olandina refugiou-se em Lisboa. Mas mesmo longe, não parou de defender Timor-Leste.

“O primeiro ensinamento que ela nos deixou foi dar voz às mulheres”, afirmou Virgílio Guterres. Olandina acreditava que nenhuma transformação social seria verdadeira se não incluísse as mulheres. Incentivou-as a ocupar espaços de liderança e combateu o silêncio imposto ao género feminino.

A sua vida foi feita de ruturas e reconstruções. Mas em todas elas, esteve sempre o mesmo princípio: justiça e dignidade para o povo timorense — com as mulheres no centro dessa mudança.

Memória viva entre companheiras de luta 

A história de Olandina Caeiro continua a ecoar na voz de quem com ela partilhou o caminho da resistência. Maria Domingas Alves, conhecida como “Micato”, companheira de luta desde os tempos da clandestinidade, recorda-a como uma mulher de força inabalável.

“Olandina foi uma mulher determinada, com um objetivo claro: garantir o bem-estar do seu único filho, mesmo nas condições mais adversas. Lutámos juntas pela libertação nacional, colaborámos na Fokupers, na Rede Feto e, mais tarde, trabalhámos também na Função Pública, entre 2015 e 2017”, relembra Micato, emocionada.

Para além do vínculo pessoal, Micato destaca o espírito incansável de Olandina. “Ela nunca parou de aprender para melhorar o seu trabalho. Durante a resistência clandestina, cada uma tinha a sua rede de contactos, mas reencontrámo-nos no final de 1997, quando a Fokupers começou a ter um papel fundamental na luta contra a violência de género. Participámos juntas numa manifestação histórica a 25 de novembro. Vi nela uma mulher verdadeiramente comprometida.”

A luta de Olandina não se limitou a Timor-Leste. Também representou as mulheres timorenses em conferências internacionais, nomeadamente em Jacarta, e, após a independência, ajudou a consolidar a Rede Feto, sempre com um sonho em mente: alcançar a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres.

A notícia da sua morte abalou profundamente aqueles que a conheceram. Fora do país no momento do falecimento, Micato lamenta não ter podido participar no funeral. “Fiquei comovida ao ver um vídeo onde ela cantava, já doente, aceitando com serenidade a doença que Deus lhe deu. Desejo muita força ao seu filho e às netinhas — que sigam o exemplo desta mulher forte, enquanto mãe e avó.”

Também ela, como tantas outras mulheres timorenses, pagou um preço elevado pela luta: foi presa, torturada e queimada com cigarros durante a ocupação indonésia. “A resistência feminina mostrou ao inimigo que não nos calávamos. Denunciámos as violações e as torturas. Muitas de nós, como a mana Olandina, mesmo trabalhando como funcionárias públicas do sistema indonésio, nunca deixámos de lutar pela independência”, sublinha Micato.

Antes de concluir, deixa um apelo: “A história de mulheres como a Olandina, a Rosa Muki Bonaparte ou a Merita Alves não pode cair no esquecimento. As novas gerações, especialmente as mulheres jovens, precisam de conhecer o passado e dar continuidade à luta pela igualdade.” Joana Silva – Timor-Leste” in Diligente


Cabo Verde e Portugal descartam necessidade de rever acordo cambial

O Primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, e o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, afirmaram não ver necessidade de rever o acordo cambial entre os dois países e enfatizaram a sua importância para a estabilidade e confiança na economia cabo-verdiana



Em declarações à imprensa antes do lançamento do livro “Literacia Financeira em Crioulo Cabo-verdiano”, numa cerimónia no Banco de Cabo Verde.

Segundo Ulisses Correia e Silva, o acordo cambial estabelecido em 1998 tem sido um factor determinante da estabilidade e da confiança da economia cabo-verdiana.

O governante realçou ainda que o país beneficiou da previsibilidade nas operações comerciais e de investimento com a Europa e que o compromisso com a estabilidade macroeconómica tem sido essencial para a manutenção da paridade.

Questionado sobre a necessidade de rever o acordo, Ulisses Correia e Silva afastou essa hipótese, defendendo antes um aprofundamento da cooperação. “Esse acordo depois estendeu-se à própria relação com a União Europeia. A relação entre os bancos centrais é muito abrangente no sector económico e financeiro. Agora, na última cimeira, reforçamos com um conjunto de novos acordos”, explicou.

Para o Primeiro-ministro, a relação com Portugal é excelente e com tendência de se reforçar cada vez mais.

Por sua vez, o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno manifestou satisfação com o estado da cooperação financeira entre os dois países.

“Nós temos uma relação de cooperação com o Banco de Cabo Verde única, a mais intensa com qualquer outra instituição, bancos centrais do mundo”, afirmou.

Uma das peças fundamentais dessa cooperação é, segundo Mário Centeno, o acordo cambial, que tem funcionado e que permitiu a ancoragem de muitas variáveis “importantes” para a vida das pessoas, como a inflação, os desequilíbrios externos e a constituição de reservas.

Para o governador do Banco de Portugal, Cabo Verde tem conseguido projectar-se no mundo com elevados níveis de estabilidade.

“Algo que não observamos em muitos sítios”, disse.

Sobre eventuais revisões do acordo, Centeno não identificou necessidades urgentes.

“Claro que estes acordos são sempre possíveis de aprofundar, de melhorar em aspectos que se possam considerar importantes. Neste momento, essa avaliação é feita quase em contínuo e sempre que é necessário acontece, mas eu não acho que tenhamos neste momento uma necessidade de olhar para aspectos muito específicos do acordo”, concluiu. Sheilla Ribeiro – Cabo Verde in “Expresso das Ilhas”


São Tomé e Príncipe - Cultura em Risco: O grito de alerta do Presidente da República

O Presidente da República, Carlos Vila Nova lançou o desafio para preservação e promoção da cultura nacional

O chefe de estado fez este lançamento na cerimónia de abertura do mês da cultura nacional quando enfatizava a urgência da preservação do património cultural são-tomense e lançou desafios para um maior compromisso do Estado e da sociedade na valorização da identidade nacional.

Com a presença de altas figuras do Estado, Primeiro-Ministro e membros do Governo, líderes parlamentares e representantes do sector cultural, o Presidente alertou para os riscos de desaparecimento de várias expressões culturais e reforçou a necessidade de acções concretas para a sua revitalização.

Sem rodeios, Carlos Vila Nova denunciou que muitas das manifestações culturais do país estão à beira da extinção. “A cultura é a alma de uma nação. A perda de qualquer um dos nossos elementos culturais não seria apenas uma perda para nós, mas para a humanidade”, declarou.

O Presidente citou exemplos preocupantes de tradições quase desaparecidas, como Lumbu, Alimandade, Soya Kutu Damala e Soya Lombo Kumukantan, assim como danças tradicionais da Ilha do Príncipe, como Toluja e Bêlélé. “Se nada for feito, corremos o risco de apagar séculos de história e identidade”, alertou.

Ao mesmo tempo em que sublinhou a necessidade de preservar a tradição, Carlos Vila Nova destacou o potencial económico da cultura. “Os recursos culturais, quando bem aproveitados, são activos económicos valiosos. Eles nunca foram causa de guerras, mas sim de prosperidade”, sublinhou.

O Chefe de Estado defendeu uma estratégia de promoção cultural que inclua festivais, exposições e intercâmbios, colocando a cultura como peça-chave para impulsionar o turismo. “Temos uma riqueza única que pode diferenciar São Tomé e Príncipe no mapa turístico mundial. Devemos transformar essa riqueza cultural em valor económico e identidade nacional fortalecida”, avançou.

Num tom desafiador, Vila Nova propôs que, por ocasião dos 50 anos da Independência Nacional, o país promova espaços de reflexão sobre a cultura e aproveite o momento histórico para exaltar e resgatar as tradições santomenses. “Este cinquentenário não pode ser apenas uma celebração. Deve ser um compromisso renovado com a nossa identidade e um passo decisivo na valorização da nossa cultura”, concluiu, lançando um repto aos decisores políticos, artistas, comunidades e juventude: “A cultura é um organismo vivo. Cabe-nos garantir que ela não morra, mas floresça e evolua. Se queremos um país com identidade e orgulho das suas raízes, devemos agir agora.”

A solenidade no Pavilhão D. Alda Espírito Santo, do Liceu Nacional, seguiu com apresentações culturais que reforçaram a diversidade e a riqueza da cultura são-tomense, dando o tom do que promete ser um mês de celebração, mas também de reflexão e acção concreta para o futuro cultural do país.

A ministra da Educação, Cultura, Ciências e Ensino Superior, Isabel Abreu, destacou a importância da cultura como pilar da identidade nacional e do desenvolvimento económico de São Tomé e Príncipe.

Diante de um público repleto de autoridades, intelectuais e fazedores da cultura, a ministra exaltou o legado dos grandes vultos santomenses e apontou caminhos para a valorização e dinamização do sector cultural.

A escolha de Abril para esta celebração não foi aleatória, enfatizou Isabel Abreu. O mês é marcado pelo nascimento de figuras emblemáticas, como José de Almada Negreiros, José Viana da Mota, Caetano da Costa Alegre e Alda Espírito Santo, cuja memória será o centro das comemorações deste ano. “Alda Espírito Santo não foi apenas uma poetisa, mas uma guardiã dos valores e da luta do povo santomense. Dedicamos este mês à sua memória e ao seu legado inestimável”, reforçou.

A ministra salientou que a cultura vai além das artes e da literatura, sendo um vector essencial da economia, do turismo e da projecção internacional do arquipélago. “A cultura une, impulsiona o turismo e fortalece a nossa presença no cenário global”, apontou.

Com um tom firme, Isabel Abreu referiu que o 19º governo constitucional tem tomado medidas concretas para fortalecer o sector, desde a actualização da Carta da Política Cultural até a submissão de bens culturais à UNESCO para reconhecimento como Património Mundial.

“Não basta celebrar, precisamos agir. A cultura não pode ser apenas um elemento decorativo do nosso país, mas uma força activa no nosso desenvolvimento”, enfatizou.

A ministra também alertou para a necessidade de preservar as tradições e saberes ancestrais, garantindo que sejam transmitidos às gerações futuras. “Perder um traço da nossa cultura é perder um pedaço da nossa identidade”, frisou.

Entre as iniciativas programadas para este mês, Isabel Abreu anunciou a realização da Primeira Conferência Nacional sobre Alda Espírito Santo, nos dias 29 e 30 de Abril. O evento será um espaço de reflexão sobre o impacto e a influência da poetisa na cultura santomense e africana.

“Acreditamos que esta conferência será um marco na valorização da nossa literatura e um incentivo para as novas gerações a explorarem e preservarem a nossa história”, contou.

Isabel Abreu fez também um apelo para que toda a sociedade se envolva activamente nas actividades do Mês da Cultura. “A cultura não se faz sozinha. Ela precisa de todos nós, do nosso compromisso e do nosso empenho. Que este mês seja um reflexo da nossa diversidade e da nossa força enquanto nação”, concluiu.

A cerimónia de abertura foi marcada por apresentações artísticas e culturais que reforçaram a riqueza e a autenticidade da identidade santomense, dando início a um mês de celebrações e reflexões sobre o futuro cultural do país. Waley Quaresma – São Tomé e Príncipe in “Téla Nón”


França - A "tirania dos juízes"

A França tem também juiz detestado pela extrema-direita tanto quanto o Alexandre de Moraes. Com algumas diferenças: trata-se de uma juíza não da Suprema Corte mas de primeira instância, seu nome Bénédicte de Perthuis, presidenta da 11a.Vara Criminal de Paris. Foi ela quem assinou, junto com a procuradora Luise Neyton e o procurador Nicolas Barret, a condenação da líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen.

E aqui surge uma semelhança com o primeiro processo do ex-presidente Jair Bolsonaro: a sentença de condenação de Marine Le Pen inclui uma inelegibilidade por cinco anos que a impede de disputar pela quinta vez a presidência da França. Mas aqui aparece uma diferença: os advogados de Marine Le Pen recorreram, tão logo foi pronunciada a condenação de Marine, e conseguiram, em tempo recorde e um tanto raro, um novo julgamento incluindo a inelegibilidade para junho de 2026.

Caso seja absolvida, nesse segundo julgamento, da acusação de ter utilizado dinheiro público para financiar assistentes fictícios dos nove deputados franceses do Rassemblement National, extrema-direita, no Parlamento Europeu, Marine Le Pen deixará de ser inelegível e ainda haverá tempo para se candidatar e fazer campanha para ocupar o lugar do presidente Emmanuel Macron em maio de 2027. As sondagens lhe são favoráveis e lhe dão 35% de opiniões favoráveis na frente de Jean-Luc Melenchon da França Insubmissa e dos socialistas ainda sem candidato.

Diante da condenação - que inclui quatro meses de prisão, dois em liberdade usando pulseira eletrônica, e multa de cem mil euros - o partido Rassemblement National, ex-Frente Nacional criado pelo extremista de direita Jean-Marie Le Pen, pai de Marine, reagiu como agem os bolsonaristas brasileiros atacando a Justiça e denunciando a "tirania dos juízes".

Assim como ocorre com o magistrado Alexandre de Moraes do STF, a juíza Bénédicte de Perthuis foi e é alvo de ameaças e insultos pelas redes sociais da Internet. Por medida de segurança, a juíza, que condenou Marine por desvios de fundos da UE, foi colocada sob proteção policial, diante das ameaças de morte a ela dirigidas.

Logo depois de pronunciada sua condenação, Marine Le Pen reforçou a acusação de "tirania dos juízes", lançada por seu partido, com uma mensagem colocada na plataforma X:"dizem ser uma decisão judicial mas é um decisão política!". As ameaças à juíza e os ataques à Justiça obrigaram o alto magistrado francês Rémy Heitz a intervir e denunciar as acusações como "inaceitáveis".

Ainda fazendo lembrar Bolsonaro, o partido RN irá organizar também no próximo domingo uma manifestação pública, num local ainda não divulgado, de apoio a Marine Le Pen e contra a "tirania dos juízes", chamada no Brasil de "ditadura do Judiciário".

Se na França, é a "ditadura do Judiciário" que poderá impedir a chegada ao poder da extrema-direita, assim como no Brasil já impediu a candidatura de Bolsonaro em 2026 com a decretação de sua inelegibilidade, é ainda a chamada "ditadura Judiciária" a responsável, nos Estados Unidos, pela anulação em primeira instância de 57 dos discutíveis decretos do presidente Donald Trump. Rui Martins – Suíça

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Rui Martins é jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura. Criador do primeiro movimento internacional dos emigrantes, Brasileirinhos Apátridas, que levou à recuperação da nacionalidade brasileira nata dos filhos dos emigrantes com a Emenda Constitucional 54/07. Escreveu “Dinheiro Sujo da Corrupção”, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro livro sobre Roberto Carlos, “A Rebelião Romântica da Jovem Guarda”, em 1966. Vive na Suíça, correspondente do Expresso de Lisboa, Correio do Brasil e RFI.


quarta-feira, 2 de abril de 2025

Internacional - Estudo publicado na Nature revela impacto oculto das atividades humanas na natureza

Um estudo internacional, em que participam Ruben Heleno e José Miguel Costa, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), concluiu que a vegetação natural carece muitas vezes de espécies que poderiam estar presentes, especialmente em áreas fortemente afetadas pelas atividades humanas. Esta investigação, liderada pela Universidade de Tartu (Estónia), acaba de ser publicada na prestigiada revista Nature.


 

Mais de duas centenas de cientistas da rede de investigação DarkDivNet estudaram plantas em quase 5500 locais, em 119 regiões à volta do mundo. Em cada local, registaram todas as espécies de plantas e identificaram a chamada “diversidade escura”, isto é, a ausência de espécies nativas. Deste modo os investigadores conseguiram compreender todo o potencial de diversidade vegetal em cada local e medir quanto da diversidade potencial estava realmente presente. Esta abordagem revelou o impacto invisível das atividades humanas na vegetação natural.

Em regiões onde o impacto humano é reduzido, os ecossistemas têm normalmente mais de um terço das espécies potencialmente adequadas, estando outras espécies ausentes principalmente devido a fatores naturais, como a dispersão limitada. Em contrapartida, em regiões fortemente impactadas pelas atividades humanas, os ecossistemas têm apenas uma em cada cinco espécies adequadas. As medições tradicionais da biodiversidade, como a simples contagem do número de espécies, não detetaram este impacto porque a variação natural da biodiversidade entre regiões e ecossistemas escondeu a verdadeira extensão do impacto humano.

Em Portugal, a equipa do Centro de Ecologia Funcional (CFE) da FCTUC estudou 34 locais na zona centro do país, a maior parte deles fragmentos florestais com vários tipos de perturbação, desde zonas bem conservadas até antigos campos agrícolas abandonados. As espécies presentes e as suas associações foram depois utilizadas para tentar compreender as espécies em falta num local a Norte de Coimbra, onde o grupo de investigação tem vindo a desenvolver trabalhos há mais de dez anos. 

Tal como em Coimbra, nenhuma das 119 regiões incluídas neste estudo permite obter conclusões relevantes quando analisada de forma isolada. No entanto, quando os investigadores juntaram todos os dados, descobriram que a proporção de espécies “em falta” é muito maior em locais onde a presença humana é mais intensa. Mesmo que esses locais continuem a manter todas as condições para suportar a vegetação natural.

O nível de perturbação humana em cada região foi medido através do Índice de Pegada Humana (Human Footprint Index), que inclui fatores como a densidade populacional humana, mudanças no uso do solo (como o desenvolvimento urbano e a agricultura) e infraestruturas (como estradas e caminhos-de-ferro). O estudo concluiu que a diversidade vegetal num local é influenciada negativamente por este índice e pela maioria dos seus componentes numa área circundante, até centenas de quilómetros de distância. 

«Este resultado é preocupante. Por um lado, mostra que os efeitos das atividades humanas, tais como estradas, deflorestação, poluição, entre outros, se estendem muito para lá dos locais que são normalmente entendidos como estando perturbados. Por outro, mostram, pela primeira vez, que as plantas estão com dificuldades em recolonizar locais que seriam perfeitamente adequados para elas. Este é um sinal de alerta para o papel fundamental dos animais selvagens, nomeadamente através da dispersão de sementes, um serviço que parece estar comprometido com o declínio de muitas populações animais», alerta Ruben Heleno, professor do Departamento de Ciências da Vida e investigador do CFE e do Laboratório Associado TERRA. 

O estudo destaca a importância de manter e melhorar a saúde dos ecossistemas (incluindo as plantas e os animais), para além das áreas protegidas. Além disso, o conceito de diversidade escura fornece uma ferramenta prática para identificar espécies que deviam estar presentes num determinado local e, desta forma, acompanhar o progresso na restauração de ecossistemas. Universidade de Coimbra - Portugal


Moçambique, África do Sul e Eswatini traçam estratégias para fortalecer turismo na região

Moçambique, África do Sul e Eswatini procuram fortalecer as estratégias de cooperação regional para a promoção e consolidação da imagem da África Austral.  Os três países juntaram-se, nesta segunda-feira, numa conferência de negócios para discutirem os melhores caminhos para tornar a região como um destino turístico a nível internacional.



Moçambique, África do Sul e Eswatini têm sido um destino turístico preferido no contexto internacional. E é a pensar no fortalecimento do turismo, que o Instituto Nacional do Turismo juntou os três países para se procurarem as melhores saídas para os vários desafios. 

O Instituto Nacional do Turismo considera que os desafios no turismo são comuns, como é o caso da simplificação da travessia nas fronteiras, comercialização da oferta comum, assim como garantir que as comunidades das três regiões beneficiem do crescimento do turismo.  Um dos desafios essenciais prende-se também na protecção do património natural e cultural partilhado. 

O sector privado esteve representado no evento, como um dos braços fortes do Governo na promoção do turismo. O Instituto Nacional do Turismo entende que os Governos podem criar os ambientes favoráveis, mas que o verdadeiro turismo é feito pelo sector privado. 

“Enquanto Governo o nosso papel é incentivar, fomentar, promover e com o vosso apoio criarmos os instrumentos necessários para a vossa actuação e dela, naturalmente, vai resultar nos benefícios colectivos no que respeita à criação de emprego, geração de rendimento e de riqueza”.

Moçambique aproveitou a presença da África do Sul e Eswatini para promover as potencialidades turísticas do país. O encontro enquadra-se no projecto Triland, que visa consolidar a imagem da África Austral através de várias iniciativas. Ibraimo Assamo – Moçambique in “O País”


Angola - António Bambi lança livro de provérbios africanos

“Máximas Africanas e os seus valores pedagógicos e morais” é o título do livro do escritor angolano António Bambi lançado no Centro Cultural Manuel Rui, na província do Huambo, uma obra que revela a riqueza que carrega a filosofia das línguas nativas de interpretação na resolução dos problemas

Com 483 páginas, o livro tem mais de 411 adágios em diferentes línguas bantu e foi editado pela Casa Editora Vieira da Silva, em Portugal. A obra vai ser comercializada ao preço de 16 mil kwanzas.

O também pastor da Igreja Adventista do Sétimo Dia revelou que o livro traz provérbios, que chamam a atenção, educam e dão exemplos práticos sobre a vida na comunidade.

António Bambi refere que os africanos ensinavam os seus filhos através de provérbios, chamados de “alusapo” na língua umbundu, uma prática para a orientação da vida dos mais jovens.

“Nós que crescemos neste sistema de ensino, que muitos caracterizam não formal, nem metodológico, aprendemos com provérbios nos ondjangos, onde o seculo ou sobas passava o adestramento social”, disse.

Ao pôr do sol, todos à volta da fogueira, as mamãs traziam o jantar no odjango, os mais velhos aproveitavam aquele momento para dar instruções e gizar tarefas para o dia seguinte, através dos provérbios que carregavam um grande valor pedagógico e moral. “Estas medidas é que nos guiam desde a antiguidade, até aos dias de hoje”.

“Esta obra literária traz ensinamentos importantes para a vida inteira, tem, igualmente, poesias em umbundu e traz rimas ao estilo africano, como por exemplo, ‘kukwete ombili, kukwata umbili’, entretanto, o ombili é (vontade) e umbili é um rato que fica nas margens dos rios, o que se traduz que, se não tiveres vontade não apanhas o rato. O que revela que em línguas africanas a rima existe”, disse. Adolfo Mundombe – Angola in “Jornal de Angola”


Macau - Chefe do Executivo desafia empresas de Zhongshan a aproveitarem vantagens da Região

Sam Hou Fai recebeu, na tarde de segunda-feira, Guo Wenhai, secretário do Comité Municipal de Zhongshan do Partido Comunista Chinês e presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular Municipal de Zhongshan. No encontro, foram discutidas formas de aprofundamento da cooperação entre as duas cidades.



Na reunião, o Chefe do Executivo lembrou que “Macau e Zhongshan têm mantido uma relação estreita e boa, o intercâmbio e a cooperação em várias áreas numa base sólida”. Sam Hou Fai disse ainda acreditar “que ambas as partes irão continuar o princípio de benefícios mútuos, potenciar as suas próprias vantagens das indústrias, impulsionar de forma abrangente, o reforço da cooperação dos dois territórios na área da economia e comércio, biomedicina, cultura e turismo, tecnologia de ponta e ensino superior, entre outras”.

Por outro lado, indicou que a entrada em funcionamento da Ponte Shenzhen-Zhongshan tornou mais próximas as ligações entre as cidades da Grande Baía e disse esperar que a facilitação dos transportes possa “impulsionar ainda mais fluxo de visitantes dentro da Grande Baía, demonstrando os novos resultados da cooperação regional”.

Por fim, pediu para as empresas de Zhonshan aproveitarem melhor as “vantagens de Macau como Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, alargando a relação de cooperação com os países de língua portuguesa na área de comércio e investimento”. In “Ponto Final” - Macau


Portugal - Apresenta primeiro avião civil-militar LUS-222

O LUS-222 é um bimotor de asa alta com porta de carga traseira projetado pelo Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto (CEiiA), a Força Aérea Portuguesa e a empresa Geosat, primeira aeronave projetada e fabricada em Portugal, que deverá realizar o primeiro voo em 2028



Representantes da CTI Aeroespacial, incluindo militares da Força Aérea Portuguesa e da empresa Aircraft and Maintenance, apresentaram esta quarta-feira a aeronave LUS-222, no Brasil, durante a feira LAAD Defense & Security, realizada no Rio de Janeiro.

O LUS-222 é um bimotor de asa alta com porta de carga traseira projetado pelo Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto (CEiiA), a Força Aérea Portuguesa e a empresa Geosat, primeira aeronave projetada e fabricada em Portugal, que deverá realizar o primeiro voo em 2028.

Os desenvolvedores do projeto preveem que o avião terá a capacidade de transportar 19 passageiros ou até duas toneladas de carga, podendo atuar em missões militares, missões de busca e salvamento e também na aviação comercial regional. A aeronave terá um alcance de até 2100 quilómetros e poderá atingir velocidade de até 370 quilómetros por hora.

João Cartaxo Alves, chefe do Estado-Maior da Força Aérea Portuguesa, disse à Lusa que a aeronave foi projetada inicialmente para transporte civil regional, mas com a adesão da Força Aérea houve o desenvolvimento de capacidades e perspetivas para missões militares.

"A Força Aérea juntou-se ao projeto por ver as necessidades e também por poder adaptar a aeronave para cumprir determinadas missões fundamentais, nomeadamente, desde logo, o apoio à preservação da vida em evacuações aeromédicas, em busca e salvamento, em transporte e carga, lançamento de carga para sítios em que haja necessidade e que haja impossibilidade de aterrar", explicou Cartaxo Alves.

"É para isso que a Força Aérea se juntou a este projeto para desenvolver esta característica do 'dual-use' civil e militar e é nisso que estamos a desenvolver este projeto", acrescentou.

O projeto do LUS-222 conta com investimentos de 220 milhões de euros, que incluem a construção de uma fábrica em Ponte de Sor, capaz de produzir 12 aviões por ano num turno e 20 aviões por ano em dois turnos.

O projeto é financiado por fundos públicos nacionais e europeus, através do apoio do Governo português, por capitais próprios dos acionistas da empresa e fundos de investimento privados.

"Porquê o Brasil? Por duas razões principais"

Miguel Braga, administrador da Aircraft and Maintenance, empresa que está a desenvolver e que vai construir, industrializar e comercializar o avião, apontou que a aeronave portuguesa tem um trem de poiso fixo e pode aterrar em pistas não preparadas, não pavimentadas e muito curtas e, portanto, o Brasil é um bom mercado para sua comercialização.

"Porquê o Brasil? Por duas razões principais. Uma, é público que a Força Aérea Brasileira quer substituir a aeronave Bandeirantes, que continua a operar, mas que já não se fabrica e o Brasil tem mais de 60 aviões Bandeirantes esta quarta-feira em operação que vão terminar o seu tempo de vida", afirmou Braga.

"Portanto, o Luz 222 apresenta-se como uma das soluções para a Força Aérea Brasileira substituir a sua frota de aviões do mesmo segmento que já vão deixar de voar", acrescentou.

Falando sobre a parceria entre Brasil e Portugal no segmento de Defesa e Aviação, que vai além da aeronave apresentada na maior feira de Defesa da América Latina no Rio de Janeiro, Cartaxo Alves classificou a relação entre os países de "virtuosa e fundamental".

"Nessas parcerias ao nível da aeronáutica aeroespacial, desde logo, vemos o caso do KC-390 da Embraer. A Força Aérea Portuguesa, depois a seguir, veio ajudar também no desenvolvimento de algumas capacidades do Supertucano", lembrou o chefe do Estado-Maior da Força Aérea Portuguesa.”

"E, agora, vemos aqui também uma parceria muito interessante entre capacidades de Portugal e do Brasil, nomeadamente a conceção, o pensamento e o desenvolvimento de uma aeronave totalmente portuguesa, mas também com a Akaer, uma empresa brasileira, que vai desenhar estruturas das aeronaves, as asas, a fuselagem, e, portanto, há uma parceria virtuosa", concluiu. In “SIC Notícias” – Portugal com “Lusa”


Galiza - A Mesa convoca umha concentraçom diante do julgado de Padrom em defesa do direito a viver em galego

A Mesa pola Normalización Lingüística convoca umha concentraçom na próxima sexta-feira, dia 4 de abril às 9h30, diante do julgado de Padrom, em solidariedade com Marcos Maceira e Sara Seco, acusadas dum suposto delito de injúrias por denunciarem diante dos meios e nas redes sociais um atestado no que a polícia municipal de Rianjo afirmava que os trabalhadores públicos “nom tinham obriga de falar em galego”

O presidente da Mesa, Marcos Maceira, e a tiktoker Sara Seco declararám em qualidade de pessoas investigadas, por defenderem o direito dum vizinho de Rianjo a ser atendido na nossa língua. Maceira e Seco denunciaram perante os meios de comunicaçom e nas redes sociais um atestado no que a polícia municipal de Rianjo, perante a solicitude de atençom em galego dum cidadám, afirmava que “na Galiza o castelhano é umha língua igualmente oficial” e que “nom tinham obriga de lhe falar em galego”, polo que foi advertido “mui seriamente, para abandonar essa atitude”. Acto seguido, a polícia propujo o cidadám para sançom por alterar gravemente a ordem no centro de saúde, infraçom administrativa da que foi absolvido.

Para a Mesa, a denuncia policial é “um ataque à liberdade de expressom e de opiniom” e “mais um passo no intento dos responsáveis policiais de Rianjo de intimidarem e amedrontarem a quem se atreva a assinalar as atitudes hostis cara a língua galega”.

“Essa atitude ficou clara no processo judicial contra o cidadám que reclamou o seu direito à atençom em galego”, afirmam, “e agora a denunciar destacados membros da Mesa por reproduzirem a literalidade dum atestado policial e dumha resoluçom sancionadora da Subdelegaçom do Governo na Corunha”. Neste sentido, A Mesa reafirmou a sua vontade de continuar a defender qualquer pessoa que veja vulnerado o seu direito a usar o galego sempre e em qualquer lugar. In “Portal Galego da Língua” - Galiza


Angola e Brasil pretendem aprofundar relações no domínio da Defesa

As delegações do Brasil e de Angola reuniram-se, na última segunda-feira, em Brasília, onde manifestaram a pretensão de aprofundar as relações no domínio da Defesa



De acordo com uma nota, enviada ao JA Online, a abordagem foi feita entre o ministro da Defesa Nacional, Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria de Angola, João dos Santos, e o homólogo brasileiro, José Monteiro Filho.

Durante o encontro, as delegações passaram em revista o estado actual de cooperação entre as instituições e reiteraram a necessidade de consolidar e diversificar a parceria estratégica vigente.

Na ocasião foi, igualmente, decidida a dinamização do Comité Conjunto de Cooperação da Defesa para a monitorização dos projectos em curso.

Para João Ernesto dos Santos, é importante reforçar e consolidar a cooperação nas áreas de apoio à paz, formação, ensino, infra-estruturas e indústria militar.

Por sua vez, José Monteiro Filho defendeu a necessidade de continuar a desenvolver acções para melhorar a cooperação no referido sector. In “Jornal de Angola” - Angola


Moçambique - Prémio Literário Mia Couto abre candidaturas da terceira edição

Entre 11 de Abril e 12 de Maio, estarão abertas as inscrições para a terceira edição do Prémio Literário Mia Couto, uma iniciativa da Cornelder de Moçambique (CdM), em parceria com a Associação Kulemba, que visa premiar as melhores obras literárias de autores moçambicanos.



Segundo um comunicado de imprensa sobre o concurso, para esta terceira edição, serão elegíveis obras literárias publicadas entre 01 de Janeiro e 31 de Dezembro de 2024, na categoria de romance. 

As obras submetidas serão avaliadas por um júri especializado e idóneo, com base em critérios como originalidade, qualidade literária e relevância cultural.

Desde a sua primeira edição, o Prémio Literário Mia Couto já laureou importantes obras da literatura moçambicana, como “No verso da cicatriz”, de Bento Baloi; “Pétalas negras ou a sombra do inanimado”, de Belmiro Mouzinho; e “Estórias trazidas pela ventania”, de Adelino Albano Luís. 

Nas duas edições anteriores, cada um dos vencedores recebeu um valor monetário na ordem de 400.000 MZN (quatrocentos mil meticais).

Diferentemente das edições anteriores, entretanto, nesta terceira, as inscrições serão realizadas de forma online, directamente no sítio da Associação Kulemba

O concurso é aberto a todos os autores moçambicanos, com obras publicadas no período elegível. O regulamento do prémio pode ser consultado no sítio da Associação Kulemba. In “O País” - Moçambique