A Agência Internacional de Energia Atómica, a OMS e a Agência de Pesquisa sobre Cancro realizam revisão ImPACT, a meta é promover ações do governo para aumentar acesso a diagnóstico e tratamento. A capital Maputo tem apenas 1 unidade radiológica para 30 milhões de pessoas
Todos os anos, Moçambique, o país de língua portuguesa no sul da África, regista 26 mil novos casos de cancro. Segundo estatísticas oficiais, até 2045, o número de casos da doença deve mais que dobrar.
O ministro da Saúde, Armino Tiago, afirma que os dados são alarmantes e preocupantes. O país decidiu investir em parcerias internacionais para socorrer quem precisa.
Expansão de casos
Este ano, Moçambique convidou duas entidades da ONU: a Organização Mundial de Saúde, OMS, e a Agência Internacional de Energia Atómica, Aiea, para realizar uma revisão chamada ImPACT. A meta é analisar o que pode ser feito contra a expansão de casos no país e expandir o tratamento.
A ação é acompanhada da Agência Internacional para Pesquisa sobre Cancro.
O cancro já é responsável por quase metade das mortes prematuras por doenças crónicas.
Muitas pessoas somente chegam a uma consulta médica nos últimos estágios do cancro, o que torna o tratamento mais complicado. E no caso de Moçambique, muitos que precisam não recebem os cuidados por falta de equipamentos e pessoal.
Segunda maior causa de morte no mundo
O cancro é hoje a segunda maior causa de morte em todo o mundo. As revisões ImPACT tentam auxiliar os países em avaliações de causas e capacidades para ajudar os governos a responder ao problema controlando o número de novos diagnósticos.
Uma das propostas é criar um plano nacional de cancro com informações para doadores e adesões do país às iniciativas da OMS como cancro infantil, da mama ou cervical.
Para o Ministério da Saúde, a parceria com a ONU capacita e beneficia os sistemas de saúde locais e nacional.
Os especialistas são da África, da Europa e das Américas e atuam em áreas como oncologia, patologia, cuidados paliativos e epidemiologia. Muitos falam português, a língua oficial de Moçambique, o que ajuda no contato com os cidadãos.
Preparação na internet antes de chegar ao terreno
A Aiea, que tem um programa dedicado ao combate ao cancro, envia especialistas em radiologia, segurança de radiação e diagnósticos e outros equipamentos.
Reuniões e preparativos ocorrem na internet antes da produção de um relatório e plano de ação e antecede à chegada da missão ao país.
Como parte da prevenção do cancro, os profissionais recomendam fatores como dieta adequada, cartão de vacinas em dia e uma vida sem tabaco que pode ajudar a evitar em até 40% todos os casos de cancro.
O diagnóstico cedo também aumenta as possibilidades de cura. Com o tratamento, a meta é curar a doença e prolongar a vida com qualidade. Já os cuidados paliativos focam-se nas necessidades dos pacientes e das suas famílias desde o diagnóstico até à capacidade de enfrentar a doença.
Quando chegam a Moçambique, as equipas já têm um bom conhecimento do terreno e deslocam-se aos hospitais e centros de saúde pública, onde se reúnem com profissionais do setor, representantes da sociedade civil e tomadores de decisão.
Dar prioridade às crianças e mulheres
Uma das prioridades da iniciativa ImPACT em Moçambique são crianças e mulheres que vivem com cancro. Num dos centros, o Primeiro de Maio, foram analisados o impacto do atendimento de saúde básica com prevenção e diagnóstico a tempo, especialmente para cancro infantil, da mama e cervical.
Um dos especialistas em oncologia infantil, do Gana, que participa da missão afirmou que mais de 80% dos casos de cancro em crianças têm cura, mas o mundo está apenas no patamar de 30% de cura em países de rendimentos baixos e média.
Equipa de brasileiros
Há mais de uma década, a Aiea tem atuado no Hospital Central de Maputo com atendimento a pacientes de cancro. Uma equipa de especialistas brasileiros realizou o treinamento de radioterapia com o apoio da agência da ONU.
Como Moçambique tem acesso limitado aos equipamentos de radiologia e outras tecnologias, fica mais difícil apoiar os pacientes que precisam do tratamento.
A capital Maputo, por exemplo, tem apenas uma unidade de radiologia para uma população de mais de 30 milhões de pessoas. ONU News – Nações Unidas
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