Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sábado, 18 de maio de 2019

China - O Português tem espaço na Grande Baía?

“Uma das linhas que pode unir a Grande Baía é o Português”, afirmou ontem Carlos André, professor honorário do Instituto Politécnico de Macau. A língua portuguesa tem futuro nesta região, acreditam vários académicos, mas Hong Kong continua a ser um desafio no que à penetração do idioma de Camões diz respeito



Não só tem espaço para crescer e se desenvolver, como é um dos elos de ligação entre as cidades da Grande Baía, acredita Carlos André. “O Português é uma das coisas que une as cidades e as regiões da Grande Baía”, afirmou ontem o ex-coordenador do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa (CPCLP) do Instituto Politécnico de Macau (IPM). O académico falava aos jornalistas à margem do Fórum para a Promoção do Ensino do Português na Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, em que ficou claro que o desafio continua a ser Hong Kong, onde a penetração da língua portuguesa ainda é bastante escassa. É o que diz Irene Lacasa, da Universidade de Hong Kong, que ontem traçou um cenário algo desanimador da situação actual, mas com expectativas para o futuro.

“O Português é uma das coisas que une as cidades e as regiões da Grande Baía. Estou muito curioso em relação ao que está a acontecer aqui porque fez-se mais uma ponte que não tinha sido feita até agora que é com Hong Kong. Isso é, do meu ponto de vista, bastante significativo”, declarou Carlos André, professor honorário do IPM. O académico contou que, enquanto esteve à frente do CPCLP, houve várias tentativas de lançar esta ponte com a RAEHK, mas “normalmente sem sucesso”. “Não por má vontade, apenas porque acontecia que não havia disponibilidade naquele momento”, ressalvou. Enquanto coordenador do CPCLP, Carlos André ajudou a criar a rede de universidades chinesas que leccionam Português, tendo como motor principal o IPM. “Nós não criamos o Português em sítio nenhum. Nós fomos foi a mão que transportou a corda de que se faz a rede”, sublinhou.

Gaspar Zhang, sucessor de Carlos André no CPCLP, afirmou que um dos objectivos do centro que dirige é o reforço da cooperação com universidades que ensinam o Português na província de Cantão e também em Hong Kong. De acordo com o professor, são já cinco as instituições de ensino superior de Guangdong que oferecem Português “e não podemos esquecer que Guangdong é a província com mais cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa”. Actualmente, a Universidade de Hong Kong é a única instituição de ensino superior da RAEHK que oferece um curso de língua portuguesa, mas não de licenciatura. “Há outras universidades que têm essa vontade de abrir um curso de Português, só que eles não têm professores, não têm manuais e, nesse aspecto, nós podemos ajudar”, afirmou o académico.

Irene Lacasa, responsável do único curso de Português que existe na cidade vizinha, oferecido pela Universidade de Hong Kong, admite que o desafio é atrair alunos, uma vez que a prioridade é sempre aprender “muito bem” o inglês. “[Ensinar Português] é um desafio em Hong Kong, porque a comunidade portuguesa em Hong Kong não é muito grande. Em Macau é muito maior e há muito mais potencial. As pessoas não se apercebem do grande passado português que existe em Hong Kong, mas nós estamos a esforçar-nos e acredito que, passo a passo, esteja a crescer, mas é preciso tempo”, afirmou a académica. Segundo detalhou Lacasa, 90% dos alunos que estudam Português na Universidade de Hong Kong são locais, e as principais motivações para aprender a língua portuguesa são o interesse pelo idioma, motivos de trabalho ou porque têm amigos ou parceiros portugueses ou brasileiros. Os futuros objectivos desta instituição passam por oferecer cursos de nível A2, B1 e B2, mas depara-se com dificuldades como encontrar materiais didácticos adequados e um número suficiente de estudantes. Catarina Vila Nova – Macau in “Ponto Final”


DSEJ lança no Verão aplicação para aprender português e mandarim

A Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) prepara-se para lançar, entre finais de Junho e inícios de Julho, uma aplicação para telemóveis para aprender português e mandarim. A iniciativa foi ontem anunciada por Wong Chang Chi, director do Centro de Difusão de Línguas da DSEJ, durante o Fórum para a Promoção do Ensino do Português na Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. Esta ferramenta, desenvolvida em conjunto com a Universidade de Macau, destina-se a quem já tenha um nível mínimo de proficiência em português ou em mandarim. O responsável disse ainda que, no corrente ano lectivo, há 45 escolas locais que têm o português como disciplina obrigatória, o que se traduz num universo de 6700 alunos. Catarina Vila Nova

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