O exemplo norte-americano
Foi preciso que a
infraestrutura de acesso viário ao Porto de Santos chegasse a um estágio de black
out para que as obras necessárias começassem a sair do papel. É o caso do
viaduto liberado no começo de maio na Avenida Perimetral da Margem Esquerda do
Porto de Santos, em Guarujá. Trata-se de obra que já deveria ter sido
construída há pelo menos uma década pelo governo federal, mas que foi
postergada por razões que só podem ser explicadas pela proverbial lentidão
estatal.
Previsões otimistas
garantem que a obra deverá permitir recuperar, em média, cinco horas perdidas
por conta do gargalo rodoferroviário que havia no acesso à área portuária de
Guarujá. Afinal, com o novo viaduto, o tráfego de caminhões na Avenida Santos
Dumont, no distrito de Vicente de Carvalho, pode passar agora por cima da linha
férrea, o que evita que os veículos pesados sejam obrigados a aguardar a
conclusão das manobras dos trens, como ocorria até há pouco tempo.
É de lembrar que o
viaduto faz parte da primeira fase das obras da Avenida Perimetral de Guarujá,
que prevê ainda o alargamento da Avenida Santos Dumont, com a construção no
trecho portuário de cinco pistas e no trecho do município de quatro pistas e
uma ciclovia. A conclusão das obras dessa primeira fase está prevista para
julho.
Já a segunda fase das
obras – de maior vulto e que exigirá quatro vezes mais recursos – está prevista
para o final do segundo semestre de 2016. Para essa fase, está prevista também
a construção de um novo acesso aos terminais, que dividirá com a Rua Professor Idalino
Pinez, mais conhecida como Rua do Adubo, o escoamento das cargas. Esse novo
acesso é tão necessário que a Prefeitura de Guarujá está pleiteando junto ao
governo federal a antecipação da construção como forma de evitar futuros
congestionamentos.
A segunda fase prevê
ainda uma nova ligação da Avenida Santos Dumont à Rodovia Cônego Domênico
Rangoni, o principal acesso viário à zona portuária na Margem Esquerda. Como
essa ligação não aparece na condição de prioritária no cronograma de obras, a
Codesp está empenhada, com a Associação Comercial de Santos, em liberar um
trecho de 600 metros de comprimento para a implantação de um acesso provisório
até o final deste ano.
Seja como for, o que se
vê é que já não há tanta letargia na condução das obras de infraestrutura no
Porto de Santos, mas é preciso não esquecer uma velha máxima do arquiteto Jaime
Lerner segundo a qual a principal função de um viaduto é transferir de lugar o
congestionamento. Em outras palavras: só as obras de acesso viário não serão
suficientes para que haja maior fluidez e menos filas na zona portuária, com
reflexos nas rodovias.
O governo federal
precisa também estimular a iniciativa privada a aumentar a capacidade de
armazenamento de grãos no interior do País. Afinal, sem locais para estocar a
produção, os caminhões são convertidos em depósitos ou silos improvisados e as
rodovias viram pátios de estacionamento. Só resta ao Brasil seguir o exemplo
dos EUA que têm capacidade de silagem para duas safras. Mauro Dias - Brasil
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Mauro
Lourenço Dias, engenheiro eletrônico, é vice-presidente da Fiorde Logística
Internacional, de São Paulo-SP, e professor de pós-graduação em Transportes e
Logística no Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp). E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br
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