Porto de Santos em crescimento
SÃO PAULO - Não se trata
de implicância, mas os números mostram que a situação de apagão logístico que
vive o Porto de Santos, em função da supersafra de grãos e açúcar, deu-se em
grande parte por causa da ineficiência dos gestores públicos para aplicar os
recursos disponíveis no Orçamento da União. Ou seja, se a burocracia brasileira
fosse mais ágil nas intervenções de interesse da economia nacional, provavelmente,
o Porto de Santos não teria passado pelos apuros dos últimos meses.
À falta de dados mais
recentes, basta ver que de 2002 a 2011 o Porto de Santos deixou de receber R$ 1,3
bilhão que estiveram consignados em nome da Companhia Docas do Estado de São
Paulo (Codesp) para investimentos em infraestrutura portuária. Desses recursos,
a estatal só conseguiu utilizar R$ 356 milhões, ou seja, 26%. É muito pouco.
Tivesse tido agilidade
para aplicar aqueles recursos disponíveis, o Porto já teria finalizado a
construção das avenidas perimetrais tanto na margem direita como na esquerda,
concluído o projeto Mergulhão, que vai segregar o fluxo de caminhões dos trens
de carga na margem direita e ainda financiado uma ligação seca – que tanto
poderia ter sido uma ponte como um túnel submerso – que unisse as duas margens
para o uso prioritário de veículos de carga.
Dessas obras projetadas,
apenas a construção das avenidas perimetrais está bem encaminhada e com
conclusão prevista para 2015. As demais nem saíram do papel e continuam nos
chamados fóruns de discussão. E, no entanto, graças a investimentos privados, o
que se prevê é que o Porto de Santos terá sua capacidade duplicada até o final
deste ano de 2013.
Ou seja, se em 2011
Santos tinha capacidade de movimentar 3,2 milhões de TEUs (unidade equivalente
a um contêiner de 20 pés) por ano, ao final de 2013 poderá operar 8 milhões de
TEUs anuais, a mesma quantidade que os demais portos brasileiros juntos poderão
movimentar. Isso em função da entrada em operação do terminal da Embraport na
margem esquerda, que poderá movimentar 2 milhões de TEUs e 2 bilhões de litros
de etanol por ano, e da Brasil Terminal Portuário (BTP), que deverá operar
inicialmente 1,1 milhão de TEUs e 1,4 milhão de toneladas de líquidos por ano.
É de ressaltar que
apenas esses dois terminais vão responder por 65% do aumento da capacidade
prevista para o Porto de Santos até o final do ano. Sem contar que empresas que
já operam continuam investindo na ampliação de sua capacidade de operação,
entre elas Santos Brasil, Libra e Tecondi.
Em outras palavras: só o
modal rodoviário não será suficiente para atender à chegada e escoamento de
cargas. Será preciso investir não só no modal ferroviário, que hoje transporta
apenas 22% das cargas do Porto, como no hidroviário, ou seja, no sistema
Tietê-Paraná. Quando as seis barragens previstas para o sistema estiverem
construídas, com otimismo talvez por volta de 2016, será possível integrar a
hidrovia ao corredor ferroviário de exportação Campinas-Santos, em Piracicaba
(no Porto de Artemis) e Salto. Só assim os problemas de trânsito rodoviário na
zona portuária deixarão de piorar. Mauro
Dias - Brasil
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Mauro Lourenço
Dias, engenheiro eletrônico, é vice-presidente da Fiorde Logística
Internacional, de São Paulo-SP, e professor de pós-graduação em Transportes e
Logística no Departamento de Geotecnia e Transportes da Faculdade de Engenharia
Civil, Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br
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