Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 15 de abril de 2025

Portugal - Universidade do Porto acolhe mesa-redonda sobre o papel do Presidente angolano Agostinho Neto

A Faculdade de Letras da Universidade do Porto, através da sua Cátedra Agostinho Neto, acolhe hoje, em Portugal, a mesa-redonda “Sagrada Esperança: o papel de Agostinho Neto na construção da independência de Angola e da soberania dos povos africanos”, que terá como prelectores o professor e ensaísta português Francisco Topa, director da cátedra, a escritora e jornalista Viviane Paulo e o poeta e crítico literário Anelito de Oliveira, ambos brasileiros

A mesa-redonda sobre Agostinho Neto faz parte da programação da terceira Feira Kambansa, que teve início ontem e encerra no dia 18 deste mês, organizada pelo Instituto de Desenvolvimento Humano Daghobé do Brasil. Segundo o comunicado à imprensa, a palavra “kambansa” significa travessia na língua crioula falada pelo povo da Guiné-Bissau.

Nesta edição que homenageia os 50 anos de Independência dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, amanhã, o evento acolhe a mesa-redonda “Levantados do chão: os 50 anos de independência dos PALOP e a luta dos povos do Sul Global no século XXI por soberania e dignidade humana”, que trará como participantes Maria de Jesus dos Reis, embaixadora de Angola em Portugal, Suaré Baldé, diplomata guineense, Pilar Del Rio, presidente da Fundação José Saramago, e Anelito de Oliveira. O programa de amanhã encerra com tertúlia que envolverá Tony Tcheca, poeta e jornalista guineense, João Fernando André, professor e crítico literário angolano, seguida da homenagem especial ao escritor brasileiro Edu Tolenda, autor do livro “República das Rosas”

A programação destaca a apresentação da colecção literária Infame Ruído, bem como o início das actividades da Inmensa Editorial em Portugal, com o propósito específico de impulsionar a formação de novos leitores e contribuir para a produção de consciência crítica sobre a história em curso.

Entre os 25 autores publicados no ano passado, na referida colecção, constam sete autores dos PALOP, respectivamente os angolanos João Melo e José Luís Mendonça, os moçambicanos Pedro Pereira Lopes e Álvaro Fausto Taruma, a guineense Odete Costa Semedo, o cabo-verdiano José Luís Hopffer C. Almada e a são-tomense Conceição Lima. Também assinam as capas dos livros desses autores dois artistas dos dos PALOP, nomeadamente o guineense Nú Barreto e o angolano Luandino de Carvalho.

No seguimento da agenda, está previsto na quinta-feira, em Lisboa, o lançamento dos livros “República das Rosas”, de Edu Tolenda, e “A habitante”, de Viviane de Santana, assim como obras dos 18 autores brasileiros e 7 africanos de expressão portuguesa, editados na colecção Infame Ruído. Para finalizar, na sexta-feira acontece o encontro, acompanhado de conversas e leituras, denominado “Café a Brasileira”.

A terceira Feira Kambansa teve início ontem com a mesa-redonda “Confluências marginais: as relações entre os países de língua oficial portuguesa ontem, hoje e amanhã”, realizada na Universidade de Coimbra, tendo juntado à mesa do debate o embaixador brasileiro Lauro Moreira, o professor e pesquisador Pires Laranjeira, e o poeta brasileiro Anelito de Oliveira, sob moderação de Bento Monteiro, presidente da Casa de Angola em Coimbra. Katiana Silva – Angola in “Jornal de Angola”


Brasil - Academia de Escritores homenageia Angola

A Academia Brasileira de Escritores homenageou Angola, no fim-de-semana, em São José do Rio Preto, Estado de São Paulo, Brasil, na cerimónia de lançamento do quinto volume da antologia “Elos da Língua Portuguesa”



A antologia, que reúne textos de escritores de diferentes nações e contextos históricos, é um testemunho da pluralidade da Comunidade de Países de Língua Oficial Português (CPLP).

Mais do que uma colectânea de textos, Elos da Língua Portuguesa celebra a unidade na diversidade, uma ponte entre diferentes realidades, em torno de um bem comum.

De acordo com os organizadores do evento, o projecto, mais do que avaliar a qualidade técnica dos textos publicados, exalta a coragem, a criatividade e o desejo de expressão de cada autor. In “Jornal de Angola” - Angola


Macau - “Cluster” de indústria médica e “Cidade Universitária” em Hengqin

Sam Hou Fai dedicou uma considerável parte das Linhas de Acção Governativa a abordar o desenvolvimento de Hengqin, tendo dito que pretende criar “um cluster da indústria médica e de saúde” na Zona de Cooperação Aprofundada. O Chefe do Executivo está também apostado em desenvolver uma “Cidade Universitária de Educação Internacional” do outro lado da fronteira



O apoio de Hengqin na diversificação da economia de Macau está ainda “aquém das expectativas” e a RAEM deve “alinhar aguerridamente nas estratégias nacionais para alcançar um melhor desenvolvimento”, defendeu ontem o Chefe do Executivo. Na apresentação das Linhas de Acção Governativa, Sam Hou Fai sublinhou que o desenvolvimento da cooperação Macau-Hengqin é uma das suas missões.

Nesse âmbito, Sam Hou Fai indicou que o Governo vai “introduzir criteriosamente tecnologias e conceitos médicos de ponta a nível internacional, construindo uma série de instituições médicas especializadas de alto nível”. A ideia é atrair “o estabelecimento de uma série de empresas tecnológicas de saúde de alta qualidade na Zona de Cooperação Aprofundada, criando um cluster da indústria médica e de saúde com características de Macau e Hengqin”.

A par disso, afirmou que será adoptado o modelo “Registo de Macau + Produção em Hengqin” para promover o “desenvolvimento integrado e profundo” da indústria de medicina tradicional chinesa de Macau e Hengqin. Ao mesmo tempo, Sam Hou Fai prometeu que se irá empenhar na “optimização do sistema da conta de comércio livre multifuncional, no impulsionamento da participação dos bancos qualificados com capitais de Macau no projecto-piloto da Zona de Cooperação, e na promoção do fluxo transfronteiriço de capitais entre Macau e Hengqin”.

Além disso, o Chefe do Executivo está também apostado em criar uma “Cidade Universitária de Educação Internacional” em Hengqin, evidenciando “as vantagens das instituições de ensino superior de Macau”. De acordo com o Relatório das LAG, a ideia é através da “internacionalização de quadros qualificados, pesquisas científicas e intercâmbio científico e tecnológico”, levar a cabo acções promocionais do desenvolvimento integrado entre Macau e Hengqin no âmbito da educação, da ciência e tecnologia e dos quadros qualificados.

“O Governo da RAEM irá proceder ao trabalho de coordenação para que as instituições de ensino superior locais qualificadas a recrutar alunos do Interior da China para cursos de licenciatura, (…) possam, recorrendo ao modelo de extensão pedagógica “Uma Universidade, Duas Zonas”, realizar trabalhos preparatórios para criação do novo campus universitário na Zona de Cooperação, com o objectivo de criar um ambiente pedagógico que esteja uniformizado com o de Macau, e de configurar um projecto piloto de integração de Macau com Hengqin no âmbito do ensino superior”, afirmou.

Sam Hou Fai disse ainda que serão também “envidados esforços para obter autorização para construir mais Laboratórios de Referência do Estado”. A Universidade de Macau (UM) será a primeira a implementar o modelo de extensão pedagógica na Zona de Cooperação. O líder da RAEM disse ontem que, apesar de a UM já ter o terreno, não tem dinheiro para iniciar a construção, sendo também essa uma das razões pelas quais o orçamento para 2025 precisa de ser revisto.

Em relação a Hengqin, o Chefe disse ainda que serão destacados mais trabalhadores da Administração Pública de Macau para trabalharem na Comissão Executiva e nas diversas estruturas de trabalho. Sam Hou Fai frisou ainda que a RAEM vai “promover de forma proactiva” o projecto-piloto de contratação de juízes de Macau para desempenharem funções de juízes não permanentes nos tribunais de Hengqin.

Mais produtos lusófonos na Grande Baía

Na apresentação das Linhas de Acção Governativa, o Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, garantiu que o Governo vai promover “o acesso de mais produtos dos países de língua portuguesa ao mercado da Grande Baía”. Segundo disse, será maximizada, “de forma plena”, a função do “Pavilhão de Exposição da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, transformando Macau num “Ponto de partida” para os produtos lusófonos no acesso ao mercado da Grande Baía. Sam Hou Fai disse também que serão realizados diversos tipos de Convenções e Exposições, “no sentido de criar mais cenários para o aprofundamento da conectividade entre as nove cidades da Grande Baía e os países de língua portuguesa”. Catarina Pereira – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”


Japão - Expo Osaka 2025 abre as portas ao público

A Expo Osaka 2025, no Japão, abriu as portas ao público, com a participação de 158 países, incluindo Portugal, e a previsão de atrair cerca de 28 milhões de pessoas nos próximos seis meses



Apesar da chuva que caiu durante a manhã, uma hora antes das portas abrirem, já uma multidão fazia fila para entrar no recinto, localizado em Yumeshima, ilha artificial erguida na baía de Osaka, observou a agência de notícias espanhola Efe.

Equipado com guarda-chuvas e gabardinas, o público começou a entrar a partir das 09:00, após a cerimónia de abertura.

A Expo, que decorre até 13 de outubro, tem como tema “Desenhar as Sociedades do Futuro para as Nossas Vidas” e deverá atrair cerca de 28 milhões de visitantes, dos quais 3,5 milhões são estrangeiros, de acordo com a organização.

Estudos estimam que o impacto económico da exposição mundial alcance entre dois e 2,9 biliões de ienes (cerca de 12,27 a 17,6 mil milhões de euros). Trata-se de uma importante injeção de dinheiro para a quarta maior economia do mundo, que se debate com a diminuição do consumo interno devido à aceleração da inflação, além do impacto que se teme da guerra comercial tarifária iniciada pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O evento, ainda de acordo com a Efe, gerou até agora um interesse modesto entre a população japonesa, depois de uma série de notícias negativas, como os elevados custos ou atrasos na construção de alguns pavilhões nacionais.

A participação portuguesa na exposição tem como tema “Oceano: Diálogo Azul” e conta com o envolvimento de mais de 150 empresas, associações, autarquias e artistas nacionais.

O Pavilhão de Portugal foi projetado pelo arquiteto japonês Kengo Kuma, vencedor do concurso internacional para o efeito, o que levantou alguma polémica, nomeadamente com críticas da Ordem dos Arquitetos, por não ter sido um português.

A mascote oficial de Portugal na exposição vai chamar-se Umi – que significa oceano em japonês –, um cavalo marinho que, segundo disse em janeiro o primeiro-ministro, Luís Montenegro, é “uma bela escolha para assinalar o elemento que ligou Portugal e o Japão há mais ou menos 500 anos”.

O presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) afirmou, na semana passada, que “há um mar de oportunidades” que Portugal e o Japão podem desenvolver em conjunto, no âmbito da Expo Osaka. “Portugal, obviamente, faz um grande investimento na exposição de Osaka e, para além de divulgar a cultura e a tradição portuguesa, o objetivo é também colher os resultados económicos que esta exposição pode produzir para Portugal”, referiu Ricardo Arroja, que falava aos jornalistas no final do encontro sobre a participação de Portugal na Expo 2025 Osaka, que decorreu na sede da entidade.

A comissária-geral de Portugal na Expo2025 Osaka declarou em janeiro que o investimento global da operação “é de 21 milhões de euros” e que tem a expectativa de atingir ou superar os 1,4 milhões visitantes do pavilhão português. “Há metas para aquilo que pretendemos ter no Japão. Por exemplo, nós temos a expectativa de ter ou de superar 1,4 milhões visitantes no nosso pavilhão”, afirmou Joana Gomes Cardoso. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa” e “Efe”


segunda-feira, 14 de abril de 2025

Portugal - Estudo da Universidade de Coimbra introduz nova tecnologia para monitorização em tempo real do crescimento de microalgas

Um estudo liderado pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), publicado na Biosensors and Bioelectronics, propõe uma solução pioneira para a monitorização precisa e em tempo real do crescimento de microalgas e da sua produção de metabolitos com diversas aplicações industriais.



De acordo com a investigação, esta nova tecnologia, que combina Espectroscopia de Impedância Eletroquímica (EIS) e elétrodos porosos tridimensionais, permite a criação de uma sonda capaz de monitorizar, em tempo real, o crescimento de microalgas e a sua produção de exopolissacarídeos (EPS) - macromoléculas naturais com propriedades emulsificantes aplicáveis na indústria alimentar -, bem como a sua atividade anti-inflamatória e antioxidante, entre outras. 

«Neste estudo utilizamos a microalga modelo Lobochlamys segnis e demonstramos que o crescimento pode ser monitorizado continuamente por, pelo menos, 14 dias. Os resultados indicam que a taxa de crescimento logístico obtida por EIS é comparável aos métodos convencionais de contagem celular. Além disso, a resistência ohmica revelou-se um indicador fiável para a deteção do ponto máximo de produção de EPS», revela Paulo Rocha, professor do Departamento de Ciências da Vida (DCV) e investigador do Centro de Ecologia Funcional (CFE). 

De acordo com o especialista, a introdução desta tecnologia representa um avanço significativo para a indústria biotecnológica, possibilitando a otimização da produção de microalgas em larga escala e contribuindo para uma gestão mais eficiente dos recursos hídricos.

A investigação do grupo liderado por Paulo Rocha, envolve Francisco Cotta Jr e Felipe Bacellar, estudantes de doutoramento, Raquel Amaral e Diogo Correia, investigadores do CFE, e Kamal Asadi, professor da Universidade de Bath, no Reino Unido. Universidade de Coimbra - Portugal


Portugal - Faculdade de Ciências da Universidade do Porto na vanguarda do combate à doença de Parkinson

O desenvolvimento de novos fármacos e a nanomedicina são algumas das estratégias que estão a mobilizar os cientistas da Faculdade de Ciências



Na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), mais especificamente no Departamento de Química e Bioquímica, há duas equipas focadas em novas terapias para o tratamento da doença de Parkinson. Neste Dia Mundial da Doença de Parkinson, fomos conhecer duas abordagens diferentes, mas complementares, para dar conta da investigação da FCUP no âmbito desta doença.

A doença de Parkinson é uma doença neurodegenerativa que afeta as regiões do cérebro humano responsáveis pelo controlo dos movimentos, resultando principalmente da deterioração de neurónios dopaminérgicos. Para além de fármacos para aumentar os níveis de dopamina no cérebro, existem outras estratégias como o recurso a agonistas dopaminérgicos que visam potenciar e prolongar a ação da dopamina: os inibidores da monoamina oxidase B (MAO-B) e os inibidores da catecol-O-metiltransferase (COMT).

É precisamente sobre os inibidores COMT que o grupo de Química Biológica e Medicinal do Centro de Investigação em Química da Universidade do Porto (CIQUP-IMS), liderado pela docente da FCUP, Fernanda Borges, tem estado a trabalhar nos últimos anos, entre outras abordagens.

Em concreto, os investigadores recorreram à nanomedicina, nomeadamente através da utilização de nanopartículas poliméricas ou lipídicas como veículos para fármacos. O objetivo é fazer chegar ao seu destino e de forma mais eficiente os inibidores da COMT.

“No contexto dos inibidores da COMT atualmente aprovados para uso clínico, destacam-se três compostos com estrutura nitrocatecólica: tolcapona, entacapona e opicapona. A tolcapona é um inibidor potente, com ação a nível central e periférico, mas o seu uso clínico está limitado pelo risco de toxicidade hepática grave, sendo, ainda assim, utilizada pela sua elevada eficácia”, explicam os investigadores deste grupo.

Neste âmbito, os cientistas desenvolveram uma formulação de tolcapona encapsulada em nanopartículas poliméricas funcionalizadas com oligossacarídeos, o que resultou numa marcada redução da toxicidade hepática em modelos celulares, mantendo-se a eficácia farmacológica.

Este trabalho pioneiro, dado que esta abordagem nunca havia sido aplicada à tolcapona, foi publicado na revista ACS Applied Materials & Interfaces, com um fator de impacto de 8.5.

Estes avanços reforçam a relevância da nanotecnologia na reformulação de fármacos já existentes, com vista à melhoria do seu perfil de segurança e eficácia.

Um novo e mais seguro inibidor 

O grupo também desenvolveu um novo inibidor da COMT que poderá ser usado como alternativa às opções atualmente disponíveis na prática clínica. Em colaboração com a Faculdade de Medicina da U.Porto (FMUP), demonstraram, em modelos celulares, que este novo inibidor poderá constituir uma alternativa mais segura à tolcapona e, contrariamente à entacapona e à opicapona, poderá exercer o seu efeito terapêutico ao nível do cérebro.

Este trabalho foi desenvolvido no âmbito do projeto “COMT4BRAIN: Development of centrally-active and safe catechol O-methyltransferase inhibitors”, financiado em 250 mil euros pelo COMPETE/ Fundação para a Ciência e Tecnologia. Os resultados obtidos com o novo inibidor da COMT foram recentemente patenteados a nível nacional e encontram-se também publicados na revista Journal of Medicinal Chemistry.

Atualmente, em dois projetos de investigação em conjunto com a FMUP, um deles financiado ao abrigo do programa BIP Proof, estão a desenvolver ensaios pré-clínicos mais robustos em modelos in vitro e in vivo, para avaliar outros efeitos benéficos do novo inibidor da COMT para minimizar (ou até mesmo prevenir) a neurodegeneração na doença de Parkinson. 

A equipa do Grupo de Química Biológica e Medicinal do CIQUP-IMS envolvida neste trabalho integra ainda os investigadores Carlos Fernandes, Daniel Chavarria, Sofia Benfeito e Carla Lima.

Novo fármaco para o tratamento do Parkinson em desenvolvimento

Os fármacos existentes no mercado têm como objetivo aumentar a produção de dopamina no sistema nervoso central. No entanto, ao longo dos anos, estes medicamentos perdem eficácia, havendo necessidade de administrar doses mais elevadas, o que resulta em efeitos secundários que, em muitos casos, podem até exacerbar os sintomas da doença.

Uma equipa de cientistas do Laboratório Associado para a Química Verde (LAQV-REQUIMTE) tem estado a avançar com um novo fármaco para o tratamento da doença de Parkinson, mais eficiente e com menos efeitos secundários do que os atualmente usados.

“O que acontece na doença de Parkinson é que os baixos níveis de dopamina não são suficientes para ativar os recetores de forma adequada e, por conseguinte, comprometem a ativação dos circuitos dopaminérgicos. O que nós pretendemos é aumentar a afinidade destes recetores para a dopamina e, assim, conseguir que os sintomas motores sejam atenuados mesmo a concentrações baixas deste neurotransmissor”, salienta Ivo Dias, que lidera a equipa de investigadores do LAQV-REQUIMTE, que iniciou este trabalho com o projeto DynaPro, financiado pela FCT e que está a dar continuidade a esta investigação num novo projeto.

Com resultados promissores, a equipa já conseguiu identificar moléculas inovadoras capazes de aumentar a afinidade dos recetores de dopamina. Aliás, foram recentemente alvo de patente em Portugal e em Espanha.

Os investigadores conseguiram também já provar que estas moléculas são seguras, não apresentando toxicidade hepática ou cardíaca, e possuem capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica, alcançando o sistema nervoso central, como pretendido.

Ensaios in vivo 

Com esses avanços, a investigação segue agora para ensaios in vivo, uma etapa crucial para determinar o potencial terapêutico das moléculas em modelos de Parkinson em roedores.

Esta equipa da FCUP é uma das poucas do mundo a trabalhar nesta abordagem terapêutica e é a única em Portugal a focar-se nos moduladores dos recetores de dopamina, nos quais se incluem a melanostatina.

A equipa está agora focada no projeto Pep2mer, financiado pela FCT, para complementar a investigação desenvolvida em moduladores dos recetores de dopamina como alternativa farmacológica para o tratamento da doença de Parkinson e conta com a colaboração da FF-USC e o Centro de Investigação em Química Biológica e Materiais Moleculares da Universidade de Santiago de Compostela (CiQUS).

Deste grupo da FCUP fazem parte Ivo Dias e José Enrique Borges, professores na FCUP e investigadores integrados do LAQV-REQUIMTE, e os investigadores do LAQV-REQUIMTE, Sara Reis, Hugo Almeida, Beatriz Lima e Xavier Correia, estudantes de doutoramento em Química Sustentável da FCUP. Universidade do Porto - Portugal


Moçambique - Filipe Caetano lança livro “Introdução à Indústria do Petróleo”

O escritor moçambicano Filipe Caetano Guente brindou, nesta quarta-feira, 09 de abril, os amantes da literatura com o lançamento oficial do seu mais recente livro, intitulado “Introdução à Indústria do Petróleo“, numa cerimónia realizada no auditório do Banco Comercial e de Investimentos (BCI).



Durante a gala de lançamento, o autor afirmou que, embora ainda seja prematuro falar sobre a exploração de petróleo em Moçambique, é fundamental produzir obras como esta, que podem contribuir significativamente para os profissionais que, no futuro, actuarão na prospecção petrolífera no país.

Segundo Filipe Guente, a obra aborda aspectos técnicos e práticos da indústria petrolífera, com o objetivo de enriquecer o conhecimento local e preparar o caminho para o desenvolvimento do sector. Mavuso Nhumaio – Moçambique in “Moz Entretenimento”


Macau - Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau quer realizar encontro de jornalistas da lusofonia

A Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau (AIPIM) realizou no sábado a reunião da assembleia geral, onde foi aprovado o exercício financeiro e o relatório de actividades referente a 2024 e apresentado o plano de actividades para 2025. José Miguel Encarnação, presidente da direcção da AIPIM, adiantou ao Ponto Final que um dos objectivos para este ano passa pela organização de um encontro de jornalistas de países de língua portuguesa em Macau.



“Pretendemos envolver mais o nosso sector da comunicação social em língua portuguesa e inglesa, mas principalmente em língua portuguesa na lusofonia, portanto está a ser pensado – e já foi falado com as autoridades – a realização de um evento que possa trazer até Macau jornalistas de outros países de língua portuguesa”, referiu o presidente da associação.

Em relação a 2024, Encarnação destacou o número crescente de associados, que está agora nos 78. O presidente da associação apontou também para as boas relações da AIPIM com as autoridades locais, com o Gabinete de Ligação do Governo Popular Central na RAEM e com o Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China na RAEM.

Por fim, destaque também para a participação em iniciativas realizadas em Hong Kong ou no interior da China, como o curso intensivo sobre a República Popular da China, que se realizou na Universidade de Fudan, em Xangai, em Setembro do ano passado. Esta iniciativa contou com a participação de 12 jornalistas e outros convidados da sociedade civil. André Vinagre – Macau in “Ponto Final”


domingo, 13 de abril de 2025

Índia - Tigre dourado raro avistado no Parque Nacional de Kaziranga

Acredita-se que existam apenas cerca de 30 tigres dourados em todo o mundo. Um deles foi criado em cativeiro, mas este foi visto livre na natureza



O fotógrafo de vida selvagem Sudhir Shivaram compartilhou fotos raras de um tigre dourado e publicou no seu instagram, dizendo: “Uma das maravilhas mais raras da natureza – Tigre dourado, avistado no Parque Nacional de Kaziranga!”

Mencionou ainda que este tigre incrível estava na sua lista principal quando planeou o safari em Kaziranga. Mesmo após vários safaris, nunca o tinham avistado. “Mas neste dia a sorte estava do nosso lado, os participantes do nosso workshop chegaram e tivemos a oportunidade de ver este raro Golden Jackpot. Este momento foi inesquecível para os nossos participantes”, escreveu maravilhado.

Um Tigre Dourado é uma cor muito rara num tigre de Bengala, também conhecido como Tigre Malhado Dourado ou Tigre Morango. A sua pelagem dourada e listras castanhas-avermelhadas distinguem-no de outros tigres.

“A razão para a raridade do Tigre Dourado é um gene recessivo chamado “Wideband”, que reduz a produção de melanina durante o período de crescimento do pelo. Uma condição rara chamada pseudomelanismo, uma mutação genética que afeta a pigmentação do corpo. Ao contrário do albinismo ou do leucismo, esta variação confere ao tigre uma aparência laranja-dourada cintilante.

O Parque Nacional de Kaziranga em Assam fica na Índia e é famoso pela sua população de rinocerontes-indianos de um chifre — também abriga um felino raro e misterioso: o Tigre Dourado. A sua raridade torna os avistamentos incrivelmente especiais — e as poucas imagens capturadas viralizaram.

Ainda no seu post, o fotografo de vida selvagem, escreveu: ontem, compartilhei imagens desse magnífico felino em tons mais suaves e naturais — uma tentativa de me manter fiel ao clima e à luz da selva. As imagens de hoje, capturadas com a Sony 300mm f/2.8, revelam uma perspetiva mais vívida e rica em contrastes, que é mais do meu gosto, destacando a beleza impressionante deste raro indivíduo”

Lentes diferentes, luz diferente, escolhas criativas diferentes — mas o mesmo tema inspirador. Ambos os estilos oferecem um vislumbre único da história do Tigre-Dourado. “Convido-o a ver não apenas uma comparação, mas uma celebração de quão variada e expressiva a fotografia da vida selvagem pode ser”, termina, questionando o leitor: “qual estilo combina mais com você: o discreto e natural ou o vívido e dramático?” In “Sustentix” - Portugal


França - Escola de Paris vai passar a chamar-se Escola Cesária Évora

O Conselho de Paris, que reuniu durante quatro dias deliberou que a Escola polivalente pública situada no 141 boulevard Macdonald, no 19° bairro da capital, vai passar a chamar-se Escola Cesária Évora em homenagem à cantora cabo-verdiana



A Deliberação foi proposta ao Conselho de Paris pela Maire Anne Hidalgo explicando que Cesária Évora nasceu em 1941 em São Vicente e faleceu a 17 de dezembro de 2011. “Originária de uma família popular, esteve num orfanato depois da morte do pai e ali ficou entre os 7 e os 13 anos. Foi lá que aprendeu a cantar integrando o coral do orfanato. Começou a ser cantora aos 16 anos e no início dos anos 70 começou a ter sucesso em todas as ilhas de Cabo Verde. Os anos 1990 marcaram uma viragem na sua carreira, e tornou-se uma cantora com dimensão internacional”.

Anne Hidalgo explica ainda que Cesária Évora cantava sobretudo em crioulo de Cabo Verde e que se produziu nas mais prestigiadas salas do mundo, entre as quais o Olympia de Paris. Referiu ainda alguns dos prémios que recebeu durante a sua carreira, nomeadamente duas vezes a “Victoire de la Musique”, em 1999 e em 2004, e um Grammy Award do melhor Álbum World Music em 2004.

A atribuição do nome de Cesária Évora a uma escola decorre de uma proposta aprovada pelo Conselho de Paris de julho de 2020 de “dar visibilidade no espaço público às mulheres que, pelo seu percurso, contribuíram à propagação dos valores de Paris e da República”.

O Conselho da nova Escola Cesária Évora e a comunidade educativa participaram ativamente neste projeto de “batismo” do estabelecimento de ensino.

Uma exposição sobre Cesária Évora nas margens do Seine

No mesmo Conselho de Paris foi aprovada a realização de uma exposição, coorganizada pela associação “Les Arts Voyagent”, intitulada “Cesária Évora”, entre os dias 28 de abril e 2 de junho, na rampa Châtelet, nas margens do rio Seine, no 4° bairro da capital.

A exposição pode ainda voltar a ser apresentada num outro bairro de Paris durante o corrente ano de 2025 e “inscreve-se no quadro dos 50 anos da independência de Cabo Verde e dos países lusófonos da África, no seguimento da Revolução dos Cravos em Portugal, em 1974”.

Trata-se de cerca de 30 fotografias, algumas das quais inéditas, que convidam à descoberta do universo da cantora que “soube dar uma voz universal à cultura de Cabo Verde”. Vai ser dada uma atenção especial à carreira de Cesária Évora, nomeadamente em Paris onde começou a carreira internacional.

Segundo a Deliberação aprovada no Conselho de Paris, “a exposição desvenda as múltiplas facetas de Cesária Évora: a mulher, a artista, a embaixadora cultural, e sobretudo, uma voz livre que entrou nos corações de quem assistiu aos concertos nas salas mais prestigiosas do mundo, a começar pelo Théâtre de la Ville, que acolheu a primeira data parisiense. A intenção é de mostrar que a música, tal como ela praticou, é uma linguagem universal capaz de unir as culturas para além das fronteiras, e de preservar uma memória coletiva”.

Cesária Évora já tem uma rua em Paris

Desde 2014 Cesária Évora já tem uma rua em Paris, no 19° “arrondissement”, não muito longe da nova escola com o nome da cantora, no seguimento de uma proposta formulada em dezembro de 2011, pelo então Maire-Adjoint Hermano Sanches Ruivo.

Trata-se de uma rua vegetalizada paralela ao boulevard Macdonald por detrás dos antigos entrepostos Macdonald por onde passa a linha de tramway T3b e onde está a Gare Rosa Parks do RER E. Carlos Pereira – França in “LusoJornal”


Que pena








Vamos aprender português, cantando


Que pena


Esqueceste-me

andas às voltas na minha mão

vendeste-me

andas perdido em solidão

tu lembras-te

do meu perfume, da minha voz

perdeste-me

agora eu escrevo sobre nós


Eu não preciso que me atendas

enrolada nos teus esquemas

sou tão fraca que te tornei especial

andas com tudo controlado

mentes bem e tens piada

era uma pena se algo te corresse mal


Que pena

que pena que eu teria se caísses e partisses o nariz

ai que pena

que pena

acordares sem um dente e o teu dentista estava fora do país

ai que pena

que pena

encontrares a mulher com que sonhaste ter a vida e que eu nunca consegui ter

Que pena

que pena que eu teria

pena e tanta covardia

de odiar o amor

do amor da tua vida


Quando me ouves ainda pensas que eu só escrevo sobre nós

diz-lhe a ela que é a sério e não gostas da minha voz

que as letras que eu invento

nunca são originais

que vocês são tão diferentes e nós demasiado iguais

que eu nunca fui perfeita

nunca fui bem para ti

a vida que vivias tornei-a só sobre mim

tinhas os mesmos medos

e eu não puxava por ti

agora és tu e ela até ao dia que fugires


Que pena

que pena que eu teria se caísses e partisses o nariz

ai que pena

que pena

acordares sem um dente o teu dentista estava fora do país

ai que pena

que pena

encontrares a mulher com que sonhaste ter a vida e que eu nunca consegui ter

que pena

que pena que eu teria

pena e tanta covardia

de odiar o amor

do amor da tua vida


Esqueceste-me

andas às voltas na minha mão

vendeste-me

andas perdido em solidão


Que pena

que pena que eu teria se caísses e partisses o nariz

ai que pena

que pena

acordares sem um dente o teu dentista estava fora do país

ai que pena

que pena

encontrares a mulher com que sonhaste ter a vida e que eu nunca consegui ter

que pena

que pena que eu teria

pena e tanta covardia

de odiar o amor

do amor da tua vida


Francisca Borges - Portugal


sábado, 12 de abril de 2025

Uma viagem pela Lusofonia

O escritor e viajante brasileiro Guilherme Canever lança um convite singular aos leitores com o seu novo livro, “ONDE SE FALA PORTUGUÊS – UMA VIAGEM PELOS PAÍSES LUSÓFONOS”

Canever foi o entrevistado do Espaço Brasil em maio de 2020, quando estava trabalhando na divulgação do livro “Viagem por Países que Não Existem”.

Agora, o novo livro, mais do que um simples relato de viagens, propõe uma imersão cultural nos nove países que compõem a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), utilizando o idioma comum como bússola e ponte.

O livro, que já se encontra em pré-venda, explora as conexões e particularidades de um universo que une mais de 300 milhões de falantes em diversos continentes.

Encontros Inesperados

A ideia para o projeto não nasceu de um plano meticuloso, mas de encontros fortuitos que revelaram a força inesperada da língua portuguesa em terras distantes.

Canever recorda um episódio marcante numa pequena comunidade piscatória no Lago Malawi, país onde o inglês é oficial, mas outras línguas predominam no quotidiano.

Com dificuldades de comunicação, foi surpreendido por um senhor moçambicano, “extremamente bêbado”, que falava português. “Começamos a conversar e logo se criou uma conexão”, relata.

O homem, antigo orador oficial na província de Niassa, anunciou informalmente que ambos pertenciam à “mesma tribo”, uma piada local que carregava um fundo de verdade sobre a união proporcionada pelo idioma.

Semanas depois, já em Moçambique, a experiência aprofundou-se. “A facilidade na comunicação em locais mais afastados e a profundidade nas conversas tornaram a viagem muito especial”, conta Canever.

A sensação repetiu-se na Guiné-Bissau. Embora nem todos falassem português fluentemente, a língua criava uma “conexão diferente”.

As viagens pelos restantes países lusófonos ocorreram de forma mais orgânica, e só mais tarde o projeto do livro tomou forma.

A Língua como elo

Durante as suas andanças, Canever experienciou de forma palpável o poder agregador do português. Uma das surpresas mais significativas ocorreu na província de Niassa, em Moçambique, e repetiu-se no arquipélago de Bijagós, na Guiné-Bissau: foi elogiado por “falar tão bem português”. O escritor percebeu que, para muitos locais, era invulgar ver um “branco” comunicando-se na língua que, apesar de ser “a do colonizador”, ali funcionava como um elo inesperado.

“A união que a língua traz é algo que eu nunca tinha imaginado antes. Como se fossemos de uma grande família”, reflete.

O Desafio da Xenofobia

Questionado sobre se a língua ainda consegue aproximar povos num mundo marcado pela crescente xenofobia, Canever oferece uma visão ponderada. Ele reconhece o português como “uma ponte que une povos, carregando histórias e possibilidades de conexão”.

No entanto, admite que a xenofobia, muitas vezes alimentada por disputas econômicas e culturais, “tem criado barreiras”. Como viajante, ele sente menos dessas tensões, já que suas interações são mais diretas e espontâneas.

Contudo, para quem reside permanentemente noutros países, “existem tensões estruturais, onde a desigualdade alimenta o medo do ‘outro'”.

Apesar disso, Canever acredita no potencial da língua: “Ainda assim, a língua pode aproximar se usada com empatia, mostrando que a diversidade nos humaniza e que a solidariedade pode superar as injustiças por trás da xenofobia.”

Uma Comunidade Global (Ainda) por Descobrir

Um aspeto que chamou a atenção do autor foi a aparente falta de consciência, entre muitos dos seus interlocutores nos diversos países, sobre a real dimensão e força da Lusofonia.

Embora consumam produtos culturais – músicas, programas de televisão, conteúdos do YouTube – de outros países de língua portuguesa, “não creio que a população em geral tenha noção do tamanho e força da língua”, observa Canever.

Ele lembra que o português é, afinal, “a língua mais falada no hemisfério sul, e uma das mais faladas no mundo”.

O livro surge, também, como uma forma de lançar luz sobre essa vasta comunidade interligada pelo idioma.

Para Além do Roteiro Turístico

Como destaca o historiador Leandro Karnal no prefácio da obra, a viagem de Canever foge ao convencional: “A viagem não é de caravela, mas envolve coragem. Barcos na madrugada, trens fora do padrão turístico, hospedagens quase bizarras: ir além do circuito consagrado implica desafio pessoal. O prêmio? Viagem intensa, memórias e uma experiência colorida narrada pelo autor.”

“ONDE SE FALA PORTUGUÊS – UMA VIAGEM PELOS PAÍSES LUSÓFONOS” promete, assim, ser mais que um livro de viagens: é um convite à navegação por culturas diversas através daquilo que as une – a Língua Portuguesa. José da Silva – Brasil in “Portal Galego da Língua”

Pré-venda do livro aqui.

Conheça Guilherme Canever

O autor é brasileiro, casado, pai do Gabriel, 9 anos e Teresa, 6 ano.

Ele traz na genética o gosto pela viagem e pelos livros. Desde que nasceu, foi estimulado pela curiosidade e pela descoberta em uma família de viajantes. Seu primeiro livro foi De Cape Town a Muscat: Uma Aventura pela África. Depois lançou De Istambul a Nova Délhi, Uma Aventura pela Rota da Seda. O terceiro: Uma Viagem pelos Países que Não Existem, teve sua tiragem rapidamente esgotada e transformou Guilherme em uma das principais fontes de referência sobre países não reconhecidos pela ONU. “Destinos Invisíveis – Uma nova aventura pela África“ é o título de sua quarta publicação.


Estados Unidos da América – Moçambicano Mia Couto vence Prémio PEN/Nabokov 2025 para literatura internacional

O escritor moçambicano Mia Couto venceu o Prémio PEN/Nabokov 2025, tornando-se o primeiro autor de língua portuguesa a ser distinguido com este galardão do PEN América destinado à literatura internacional, revelou a editorial Caminho



“O PEN America atribui o Prémio PEN/Nabokov de Literatura Internacional ao eminente escritor moçambicano Mia Couto pelo conjunto da sua obra. Couto é admirado por romances como ‘Terra Sonâmbula’ (1992) e, mais recentemente, a trilogia ‘As Areias do Imperador’ (2015, 2016 e 2018), selecionada para o Prémio Booker Internacional”, lê-se no comunicado do PEN norte-americano, citado pela editora.

De acordo com o júri do prémio, o trabalho de Mia Couto é um testemunho da dramática história da sua pátria, “bem como dos enigmas da identidade e da existência”.

Mia Couto, que escreve em português, ocupa “uma posição singular no panorama das literaturas africana e mundial”, acrescenta o júri.

O Prémio PEN/Nabokov de Literatura Internacional, no valor de 50 mil dólares (cerca de 45 mil euros), é concedido anualmente pelo PEN America, em colaboração com a Fundação Literária Vladimir Nabokov, a um autor vivo cujo corpo de trabalho, escrito ou traduzido para inglês, representa o mais alto nível de realização em ficção, não-ficção, poesia e/ou drama, segundo informação do ‘site’ oficial do galardão.

O prémio celebra autores cuja obra demonstra “originalidade duradoura e artesanato consumado”, evocando a versatilidade e o compromisso com a literatura, características da escrita de Vladimir Nabokov, acrescenta.

Fundado em 2016, este prémio distinguiu anteriormente os escritores Maryse Conde, Vinod Kumar Shukla, Ngũgĩ wa Thiong’o, Anne Carson, M. NourbeSe Philip, Sandra Cisneros, Edna O’Brien e Adonis.

Em setembro do ano passado, Mia Couto foi distinguido com o Prémio FIL (Feira Internacional do Livro de Guadalajara) de Literatura em Línguas Românicas 2024.

Mia Couto nasceu na Beira, em Moçambique, em 1955, trabalhou como jornalista e professor, e atualmente é biólogo e escritor.

Prémio Camões em 2013, Mia Couto é autor, entre outros, de “Jesusalém”, “O Último Voo do Flamingo”, “Vozes Anoitecidas”, “Estórias Abensonhadas”, “Terra Sonâmbula”, “A Varanda do Frangipani” e “A Confissão da Leoa”.

Traduzido em mais de 30 línguas, o escritor foi igualmente distinguido com o Prémio Vergílio Ferreira, em 1999, com o Prémio União Latina de Literaturas Românicas, em 2007, e com o Prémio Eduardo Lourenço, em 2011, pelo conjunto da obra, entras outras distinções.

“Terra Sonâmbula” foi eleito um dos 12 melhores livros africanos do século XX, e “Jesusalém” esteve entre os 20 melhores livros de ficção mais publicados em França, na escolha da rádio France Culture e da revista Télérama. In “Sapo Mag” – Portugal com “Lusa”


Timor-Leste - Banco asiático quer o país a investir mais para desenvolver capital humano

O Banco Asiático de Desenvolvimento (BAD) defendeu no relatório sobre as perspectivas de crescimento económico para a Ásia que Timor-Leste deve aumentar o investimento no desenvolvimento de capital humano

“Persistem taxas elevadas de pobreza e de subnutrição, níveis alarmantes de atraso no crescimento infantil e grandes lacunas nos domínios da saúde, educação e competências”, pode ler-se no relatório, que considera o investimento no capital humano um “desafio político significativo”.

Destacando a criação da autoridade interministerial para os Assuntos Sociais do Governo, como um “passo promissor” para o desenvolvimento da “primeira infância, nutrição e segurança alimentar e o empoderamento dos jovens”, o BAD defende, contudo, que o investimento ainda pode ser “mais reforçado”.

Para isso, o BAD propõe a otimização da despesa orçamental com o aumento do investimento público na educação, no desenvolvimento de competências, proteção social e saúde.

Segundo o banco, aquele aumento deve ser uma “prioridade” até porque continua abaixo da meta de 8% do Produto Interno Bruto, definido no Plano Estratégico de Desenvolvimento de Timor-Leste para 2011-2030. “Os gastos de investimento na saúde e educação nacionais podem mais do que duplicar, através da realocação de fundos das despesas correntes, assegurando simultaneamente o bom funcionamento e a maior eficiência dos serviços públicos”, defende aquela instituição financeira no relatório.

O BAD propõe também que os investimentos no desenvolvimento de capital humano sejam “bem direcionados” e que é preciso desenvolver mais trabalho para melhorar o acesso aos serviços de saúde, apoiar o desenvolvimento na primeira infância com programas de educação, saúde e nutrição.

Para os jovens, o BAD defende que sejam proporcionadas mais oportunidades de aprendizagem contínua, bolsas de estudo e formação técnica e profissional e, por outro lado, que sejam reforçados os sistemas de proteção social com a atribuição de mais apoios. “O reforço dos investimentos no desenvolvimento do capital humano é essencial para promover o crescimento económico a longo prazo e alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, salienta o relatório. Por último, o relatório propõe que os recursos devem ser mobilizados de forma mais eficaz através de políticas e regulamentos que favoreçam as parcerias público-privadas com partilha de riscos.

Timor-Leste é um dos países mais jovens do mundo com 1,3 milhões de habitantes, 64,6% dos quais com menos de 30 anos. Mas segundo dados da ONU, 47% das crianças com menos de cinco anos sofre de má nutrição crónica, 8,6% de desnutrição aguda, 32% têm peso abaixo do previsto e deficiências de vitamina A, ferro e iodo. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”


Cabo Verde - Diamantino Barbosa realiza sonho e lança seu primeiro single "Andorinha Morena"

São Filipe – O mosteirense Diamantino Barbosa realiza um sonho adiado há anos com o lançamento, nas plataformas digitais, do seu primeiro single intitulado "Andorinha Morena".



Natural de Atalaia, zona norte dos Mosteiros, Diamantino Barbosa sempre teve a “música no sangue” e é originário de uma família “profundamente ligada às tradições culturais como talaia-baxu e bandeira”, disse Luís Barbosa que, juntamente com Nilton Ramos, ajudaram Diamantino a concretizar o sonho.

Segundo o mesmo, desde criança, Diamantino demonstrou um “talento natural” para o canto e participava nas actividades musicais nas escolas de Ribeira do Ilhéu e Atalaia, assim como nos grupos corais das igrejas católicas dessas duas comunidades mais a norte do município dos Mosteiros.

“Sempre que via alguém com um instrumento musical, pedia para cantar, revelando desde cedo a sua veia artística”, explicou Luís Barbosa, sublinhando que a vida levou o Diamantino Barbosa a adiar esse sonho por se ter tornado pai muito jovem e dedicou-se à família, colocando a criação das suas três filhas como prioridade, deixando a música para o segundo plano, mas a “paixão nunca desapareceu”.

“O impulso final veio numa festa em Ribeira do Ilhéu, onde, ao ver uma banda tocando ao vivo, decidiu arriscar e pediu para cantar e, para sua surpresa, foi aceite e a receção calorosa do público reacendeu nele a chama da música, levando-o a gravar o seu primeiro trabalho”, explicitou Luís Barbosa.

"Andorinha Morena" marca não só a estreia de Diamantino Barbosa como artista, mas a concretização de um sonho que persistiu ao longo dos anos.

O lançamento celebrado com uma apresentação especial, e a música está disponível nas principais plataformas digitais.

Para Diamantino, este é apenas o começo de uma nova jornada na música cabo-verdiana, referiu Luís Barbosa, que prometeu continuar a apoiar este “jovem talento” na gravação de outros trabalhos.

"Andorinha morena”, do género "talaia-baxu", é da autoria de Francisco Ramos e faz-se acompanhar de um videoclipe cuja boa parte foi gravada na localidade de Atalaia, zona de Diamantino Barbosa.

Em declarações à Inforpress, Diamantino Barbosa mostrou-se entusiasmado com a concretização do sonho e espera que o seu primeiro trabalho tenha sucesso e seja o início de muitos outros. In “Inforpress” – Cabo Verde


sexta-feira, 11 de abril de 2025

Macau - D’As Entranhas apresenta exposição fotográfica sobre a beleza do quotidiano da Região

A Galeria de Arte da Livraria Portuguesa vai receber a exposição fotográfica “Remains of The City”, um projecto de Pedro Paz e organizado pela d’As Entranhas Macau – Associação Cultural. Com inauguração marcada para a próxima terça-feira, 15 de Abril, a colecção de 33 fotografias propõe a recuperação da paisagem “banal e efémera” das ruas de Macau, tantas vezes ignorada pelos habitantes, numa carta de amor à “beleza das pequenas coisas do quotidiano”



A d’as Entranhas Macau – Associação Cultural vai apresentar a exposição fotográfica “Remains of the City”, de Pedro Paz, entre os dias 15 de Abril e 6 de Maio, na Galeria de Arte da Livraria Portuguesa. A inauguração acontece na próxima terça-feira, às 18:30, com entrada livre.

A mostra reúne uma selecção de 33 fotografias a cores captadas entre 2018 e 2020 em câmara de telemóvel, “por opção e como forma de expressão artística”. Dividida em três séries (“You’ve Got Mail”, “Framing the Invisible” e “Where Chaos Meets Color”), a compilação vem apresentar uma visão de Macau centrada em detalhes cénicos repletos de cor, história e significado que ajudam a traçar o retrato contemporâneo da identidade macaense, resultado de uma miscelânea de culturas e realidades.

De acordo com um comunicado de imprensa da associação d’As Entranhas, a abordagem “pictórica, sem a presença humana” das casas, objectos e arquitectura do território servem como convite ao público para que observe “o quotidiano urbano de Macau de uma outra forma, onde os detalhes que muitas vezes nos passam despercebidos se transformam em composições poéticas de impacto estético”.

A intenção dos 33 trabalhos reunidos nesta mostra, prossegue a associação, é a de permitir que a fotografia se assuma como mais do que um retrato estático, mas uma experiência imersiva de reflexão e exploração do território. “O trabalho do autor vai além do instante: imortalizando fragmentos da realidade, conferindo-lhes profundidade, destacando detalhes do quotidiano que escapam ao olhar apressado dos habitantes da cidade”, lê-se, na nota enviada à imprensa. “O seu trabalho revela o invisível no visível e propõe uma reflexão sobre as camadas profundas da realidade, onde o banal e o efémero se eternizam. Observar e reflectir sobre estas fotografias oferece uma experiência que vai além do olhar. Cada imagem convida-nos a redescobrir o significado e a beleza das pequenas coisas do quotidiano”.

Pedro Paz nasceu em Lisboa, em 1979, tendo passado a infância em Macau até aos 18 anos, em 1997. Licenciado em História, com vertente em Arte e Património, o fotógrafo acabou por regressar às “ruas e ruelas históricas que marcaram a sua infância” em 2012, “redescobrindo elementos de um passado distante” e “paisagens urbanas, texturas, lugares ‘não habitados’” que agora apresenta ao público de Macau nesta exposição.

A d’As Entranhas Macau – Associação Cultural é uma estrutura de criação e difusão artística sediada em Macau que promove a difusão da arte contemporânea em diferentes áreas. Para além da organizadora, o evento é ainda patrocinado pelo Fundo de Desenvolvimento da Cultura do Governo da RAEM e conta com o apoio da Livraria Portuguesa. In “Ponto Final” - Macau


Brasil - É pioneiro na criação de currículo escolar sobre cultura oceânica

Com o apoio da Unesco, o país assinou documento para inserir estudos sobre o oceano em escolas da nação. O lançamento reforça o papel crucial da educação para a cidadania e integra preparativos para a COP30, que acontece em novembro, em Belém, no Pará



A educação sobre os oceanos passará a fazer parte do currículo escolar no Brasil. Um documento, assinado na quarta-feira, em Brasília, torna o país pioneiro na decisão, segundo a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco.

A medida demonstra o compromisso brasileiro com o tema. O chamado currículo azul será integrado às escolas de todo o país e adaptado às realidades regionais e locais. Ao assinar o Protocolo de Intenções para que a cultura oceânica seja matéria escolar, o Brasil assume um protagonismo internacional no tema, segundo a agência da ONU.

Década do Oceano

A iniciativa está alinhada à recomendação da diretora-geral da agência, Audrey Azoulay, para que todos os Estados-membros insiram, até este ano, a cultura oceânica nas escolas.

O objetivo é uma visão holística do oceano como regulador climático, fonte essencial de vida e catalisador de soluções sustentáveis. Com o oceano consegue-se erradicar a pobreza, promover saúde, cultura, economia, inovação tecnológica e a justiça ambiental.

O copresidente do grupo de especialistas em Cultura Oceânica da Unesco, Ronaldo Christofoletti, disse que o currículo azul “nasce da escuta ativa e plural da sociedade brasileira”.

Já o professor da Universidade Federal de São Paulo, Unifesp, ressalta que esse passo dá “vida a um desejo coletivo de formar cidadãos que compreendam a importância do oceano para o Brasil e para a resiliência climática global de um país que sempre foi ligado ao mar.

COP30

Para a Unesco, a iniciativa coloca o Brasil na linha de frente da preparação para a Conferência das Nações Unidas sobre Alteração Climática, COP30, marcada para novembro, em Belém, no Pará.

O evento ocorre durante a Década das Nações Unidas da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável 2021-2030.

A ação inédita é resultado da colaboração estratégica entre o Ministério da Educação, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil, Unesco, universidades federais, administrações locais e redes escolares.

Outras iniciativas

A ministra de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, explicou que o Ministério tem liderado ações estruturantes em cultura oceânica, como o fortalecimento do Programa Escola Azul, que já mobiliza mais de 100 mil estudantes em todas as regiões do país, a criação de clubes de ciência, a formação de jovens embaixadores do oceano, a expansão internacional da Olimpíada do Oceano, e a articulação de uma rede de universidades comprometidas com a formação de professores.

A encarregada sénior de Programas da Comissão Oceanográfica Intergovernamental da Unesco, Francesca Santoro, afirmou que “o Brasil é hoje uma referência global em educação oceânica, e que o currículo azul mostra que é possível transformar conhecimento científico em políticas públicas concretas, com a participação de educadores, estudantes e comunidades”.

Evento internacional

A cultura oceânica representa uma compreensão abrangente dos marres como elemento fundamental para o clima, a biodiversidade e o desenvolvimento sustentável global.

No Brasil, essa visão ganhou força e o grande marco inicial ocorreu em Santos, São Paulo, que aprovou a Lei Municipal nº 3.935, de 2021, estabelecendo a cultura oceânica como política pública educacional obrigatória em escolas municipais, desde a educação infantil até a de jovens e adultos.

Reconhecendo esse pioneirismo, a Unesco escolheu Santos para sediar um evento internacional sobre cultura oceânica, colocando o Brasil no mapa global dessa importante temática.

Desde então, o movimento ganhou escala nacional: hoje, mais de 100 mil alunos participam ativamente do programa Escola Azul, e 20 municípios e quatro estados brasileiros já integraram formalmente a cultura oceânica nos seus currículos escolares, adaptando conteúdos às diferentes realidades locais e regionais. ONU News – Nações Unidas


Brasil - Quer ajudar laboratório planetário de Macau a explorar asteroides

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) brasileiro quer ajudar o Laboratório de Referência do Estado para a Ciência Lunar e Planetária chinês, em Macau, a explorar asteroides



Ip Wing-Huen, membro do comité académico do laboratório da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla em inglês), revelou que a instituição convidou o INPE e recebeu uma resposta positiva. “Entrámos em contacto com os cientistas planetários brasileiros e perguntámos se teriam interesse em trabalhar connosco, sobre asteroides. (…) Eles estão muito interessados”, explicou Ip.

Além do Brasil, o laboratório de Macau, conhecido como SKLPlanets, quer também cooperar com investigadores em Portugal, aproveitando a presença na MUST da portuguesa Marta Filipa Simões, professora de astrobiologia. “Falei com o Reitor [da MUST] Lee [Hun-wei]. Ele disse que há uma janela que poderíamos abrir para a cooperação” com Brasil e Portugal, defendeu Ip Wing-Huen, que cresceu em Macau. “Macau tem a sua própria herança histórica, que não pode ser reproduzida por nenhuma outra cidade em qualquer outro lugar da China e é algo para explorar”, disse o astrónomo, em referência à administração portuguesa da região.

Ip, que recebeu em 2020 o prémio de carreira Gerard P. Kuiper da Sociedade Norte-americana de Astronomia, falava à margem de uma palestra, na MUST, sobre os esforços de exploração dos asteroides.

O cientista revelou que o laboratório SKLPlanets está a ponderar participar na missão da sonda espacial europeia RAMSES, que vai “tentar pousar e viajar” no asteroide Apophis, que deverá passar perto da Terra em 2029.

Os astrónomos descartaram qualquer risco de o Apophis atingir o planeta nos próximos cem anos, porque “temos estado a acompanhá-lo há décadas, porque, no que toca a asteroides, ter tempo é muito importante”, disse Ip.

O investigador recordou que, no início de fevereiro, a imprensa local avançou que China começou a reunir uma equipa de defesa planetária, na sequência da descoberta de um grande asteroide que poderá atingir a Terra dentro de sete anos.

Isto depois da Agência Espacial Europeia (ESA) ter estimado em 2,2% a probabilidade de o asteroide 2024 YR4 atingir a Terra em 2032, colocando-o no topo da lista de risco da agência.

Semanas depois, a ESA desceu a probabilidade de impacto para 0,002%, mas fixou a probabilidade de um impacto na Lua em 1,7%, o que continua a ser “muito baixa”. “A Terra pode ser só atingida por um asteroide significativo daqui a 100 anos ou mil anos, mas quão mais cedo os detetarmos, melhor”, defendeu Ip.

Além da detecção, o astrónomo sublinhou a importância de missões de defesa planetária como a DART, da agência aeroespacial dos Estados Unidos, a NASA, que em 2022 embateu intencionalmente num asteroide. “Temos de fazer experiências para saber como os afastar da Terra, porque os asteroides normalmente estão rodeados por objetos mais pequenos, é quase como bater num saco de areia”, explicou Ip. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”


Namíbia - Líder em igualdade de género

Trinta e cinco anos depois da sua libertação, a Namíbia, liderada pela SWAPO, tem uma Presidente, uma vice-Presidente e o Governo com mais mulheres em todo o continente africano.

Chefiado pela Presidente Netumbo Nandi-Ndaitwa ou NNN, como é carinhosamente tratada, eleita democraticamente, à primeira volta com 57% de votos, o novo Governo namibiano, com 60 por cento de mulheres, bate o record africano detido até então pelo Executivo cabo-verdiano do primeiro-ministro José Maria Neves que, em 2014, tinha 58% de mulheres



NNN, a segunda mulher africana eleita Presidente da República por sufrágio secreto, directo e universal, escolheu para vice-presidente Lucia Witbooi, 64 anos, tornando a Namíbia no primeiro país africano a ter duas mulheres nos dois principais cargos governamentais.

São essas mulheres e seus colegas homens minoritários que terão a missão de trabalhar para diversificar a economia, aumentar o investimento na agricultura para satisfazer as necessidades alimentares dos namibianos e atacar o desemprego com taxa de cerca de 19%, sobretudo o desemprego jovem que atinge os 39% de taxa, uma das piores chagas sociais do País com cerca de três milhões de habitantes.

Quinta Presidente do País fundado pelo panafricanista Sam Nujoma, depois de mais de duas décadas de luta armada pela independência nacional, Nandi-Ndaitwa, lutadora pela libertação da Namíbia, desde os 14 anos, escolheu um elenco governamental que faz jus ao seu percurso de defensora da paridade de género em todos os sectores da sociedade, particularmente na política.

Nesse percurso destaca-se a liderança de NNN do processo que culminou com a decisão da SWAPO de aprovar, no início deste século, a criminalização da violência de género, bem como de incluir na Constituição namibiana medidas de defesa da paridade de género em lugares de tomada de decisão.

Assim, como sublinha o Monitor de Género da SADC, a Constituição da Namíbia contém disposições sobre a igualdade de género, não discriminação e acção afirmativa das mulheres e, desta forma, está na base dos avanços alcançados pelo País.

Para garantir a adequada representação das mulheres nos órgãos electivos, a Lei Magna namibiana começa por reconhecer a marginalização e a discriminação de que as mulheres têm sido vítimas ao longo de séculos.

Depois, insta o Parlamento a adoptar medidas concretas para corrigir as desigualdades e a legislar pela promoção dos namibianos que têm sido "social, económica e educacionalmente desfavorecidas por leis ou práticas discriminatórias do passado.

Consequentemente, exige "a implementação de políticas e programas destinados a corrigir desequilíbrios sociais, económicos ou educacionais, decorrentes de leis e práticas discriminatórias do passado"

Determina ainda a adopção de medidas especiais para permitir que as mulheres desempenhem um papel de igualdade com os homens nos sectores público e privado.

Dessa alteração constitucional resultou diversa legislação pela igualdade de género, nomeadamente a "Lei de Acção Afirmativa" que atribui responsabilidades ao Estado "para garantir a igualdade de oportunidades para as mulheres, para que possam participar plenamente em todas as esferas da sociedade ".

Resultou também a Lei das Autoridades Locais que garante a apresentação pelos partidos de um sistema de representação proporcional.

Nessa senda, a Namíbia adoptou para o período 2025-2035 o terceiro programa nacional de equidade e igualdade de género que inclui o aprofundamento dos direitos das mulheres e adopção de direitos digitais com foco nas questões de género.

Avanços que traduzem um percurso coerente, centrado na Educação e com resultados que colocam o País em lugares cimeiros nos rankings africanos e internacionais em índices de igualdade e paridade do género.

Com uma taxa de alfabetização feminina (15-24 anos) de 96%, segundo dados do Banco Mundial, no Índice Global de Diferença de Género (2024), a Namíbia ocupa o oitavo lugar mundial e o primeiro africano no ranking dos países com mais igualdade de género, à frente de estados como a Espanha ou Reino Unido.

O Índice citado mede a distribuição da riqueza, as oportunidades entre homens e mulheres, as desigualdades de género na economia, no mundo laboral, na educação, na política, bem como a esperança de vida.

Desde a independência, mas sobretudo nos últimos dez anos, o País tem tido uma evolução constante nesse domínio. Passou do 44º lugar em 2013 para a actual oitava posição desse Índice, uma subida única no continente.

A nível do continente, de acordo com o Banco Africano para o Desenvolvimento (BAD), o País de Netumbo Nandi-Ndaitwa ocupa a primeira posição do Índice de Género em África, à frente do Rwanda que tem o parlamento com mais mulheres no Mundo, 63,8%.

Nessa avaliação englobando factores como a participação da mulher no desenvolvimento social, as oportunidades económicas e sua representação em espaços de poder, o BAD coloca a Namíbia no topo com 0,883 pontos, seguida do Lesotho (0,824) e do Rwanda (0,795).

Desde a alteração constitucional pela igualdade de género, a pátria de Sam Nujoma, que em 1997 tinha apenas 19,4% de deputadas, tem aumentado sucessivamente a percentagem de mulheres no parlamento, atingindo o valor máximo de 46,5% na legislatura anterior, 2020/2025.

Na actual legislatura, iniciada em Março passado, os 40,6% de mulheres parlamentares, representam o quinto lugar continental, segundo a União Interparlamentar (UIP), atrás do Senegal (41,2), Cabo Verde (44,4), Africa do Sul (44,8) e Rwanda, campeão africano e mundial (63,8).

O investimento de mais de nove por cento do PIB na Educação, o mais elevado da África Austral (quase cinco vezes mais que Angola), a aposta na educação das raparigas e a adopção de políticas de discriminação positiva a favor das mulheres, nomeadamente no domínio do digital estão a contribuir para essa transformação da Namíbia.

Gastos na Educação três vezes superiores aos do sector da Defesa e que representam cerca de 25% da despesa pública do País. Os namibianos, que têm ensinos primário e secundário grátis para todos até ao 12ª ano de escolaridade, gastam 353 euros/per capita na educação e apenas 107 euros/per capita na defesa, de acordo com cifras oficiais do País.

Estes avanços em matéria de igualdade de género são extraordinariamente relevantes num continente onde, até aqui, apenas 13% dos 54 estados membros, constituíram governos paritários.

Moçambique, África do Sul, Rwanda, Etiópia e Guiné-Bissau são os outros estados africanos que se juntam à Namíbia e Cabo Verde na restrita galeria de países africanos que já tiveram governos paritários.

Por outro lado, desde o advento das independências africanas, nos anos 50 do século XX, somente sete estados continentais (13%) tiveram mulheres presidentes da República. Ellen Johnson-Sirleaf, da Libéria (dois mandatos, 2006-2018), prémio Nobel da Paz-2011, foi a primeira africana eleita por sufrágio secreto, directo e universal.

Tal como acontece na Tanzânia com Samia Suluhu Hassan, actual Chefe de Estado, no Malawi, Joyce Banda, então vice-Presidente, chegou à liderança deste País da África Austral, membro da SADC, depois da morte do Presidente Bingu wa Mutharika, em 2012, levando o mandato até ao fim, 2014.

Ambas da África Austral, Netumbo Nandi-Ndaitwa e Samia Hassan da Tanzânia, que ascendeu ao cargo em 2021 na sequência da morte por doença do Presidente John Magufuli, são neste momento as duas únicas mulheres chefes de Estado em África.

Entre Janeiro de 2014 e Março de 2016, Catherine Sanza-Panza, eleita pelo Conselho Nacional de Transição assume a presidência da República Centro Africana, depois do golpe de Estado, que derrubou o Presidente François Bozizé, em Março de 2013.

Na História das mulheres chefes de Estado africanas há também presidentes sem poder executivo, em sistemas parlamentaristas, como a Etiópia e as Maurícias.

Sahle-Work Zewde, que terminou o seu mandato em 2024, foi eleita pelo parlamento etíope em 2018, em substituição de Mulatu Wirtu, que apresentara a sua demissão, num país onde a/o Chefe de Estado tem responsabilidades essencialmente simbólicas e honoríficas.

Noutro regime parlamentarista, nas Maurícias, entre 2015 e 2018, Ameenah Gurib, desempenhou as funções presidenciais, antes de se demitir na sequência de um escândalo financeiro.

Num continente sedento de bons exemplos, a Namíbia, mantendo-se na rota panafricanista, usa os seus vastos recursos naturais, designadamente diamante, urânio, cobalto, lítio, terras raras, petróleo e gás e seu PIB de 11,7 biliões de dólares em programas políticos que elevam o Pais a líder em igualdade e equidade de género. Luzia Moniz – Angola in “Novo Jornal”