O fado voltou a ser divulgado na rua, ou melhor, à varanda, numa iniciativa da Casa de Portugal. Pelo segundo ano consecutivo, “Fado à janela” surpreendeu os turistas que passavam pela Rua Pedro Nolasco da Silva. Na varanda do edifício sede da associação, músicos da Casa de Portugal cantaram canções de vários autores, com destaque para Amália Rodrigues, Carlos do Carmo ou Ana Moura. O projecto poderá ter continuidade no futuro, uma vez que se trata “de uma marca portuguesa e as pessoas gostam de ouvir este tipo de música com singularidade”, disse ao jornal Tribuna de Macau Tomás Ramos de Deus, um dos elementos do grupo
Mostrar em Macau aquilo que se faz em bairros carismáticos e turísticos de Lisboa antiga, como Alfama, Mouraria, Castelo ou Madragoa, foi o objectivo da segunda edição de “Fado à janela”, evento musical promovido pela Casa de Portugal e colocado em prática pela banda residente da instituição.
Durante quatro dias, o calor do fado, cantado ao ar livre, na varanda do edifício sede da associação, sobrepôs-se à instabilidade do tempo, com algum frio, registada no final de Março, e proporcionou uma plateia surpresa de algumas dezenas de turistas. Os visitantes que passavam à hora do almoço junto ao prédio de arquitectura colonial, situado na Rua Pedro Nolasco da Silva, pararam durante os 20 minutos de duração de cada sessão musical para ouvir as vozes de Tomás Ramos de Deus ou Vânia Vieira, dando ao local um ambiente diferente do habitual.
Muitos dos turistas que vinham da Fortaleza do Monte encheram a colina da rua lateral ao edifício do Consulado de Portugal, para, surpreendidos pelas inesperadas batidas musicais, ouvir canções de artistas portugueses que se notabilizaram na divulgação do fado, uns pertencentes ao passado, como Amália Rodrigues ou Carlos do Carmo, e outros da era moderna, como Ana Moura.
“Lisboa Menina e Moça”, “Namorico da Rita”, “Casa Portuguesa” ou “Desfado” foram algumas das canções que se puderam escutar através das vozes dos dois fadistas, acompanhados na guitarra portuguesa de Miguel Andrade e na guitarra fado de Paulo Pereira.
O projecto “Fado à Janela”, ideia da coordenadora-geral da Casa de Portugal, Diana Soeiro, teve sucesso em 2024, também em Março, e por isso repetiu-se este ano, tendo contado igualmente com “uma boa assistência do público”, entre turistas e residentes do território, como referiu Tomás Ramos de Deus ao Jornal Tribuna de Macau.
O elemento do grupo, que também toca, acredita que a iniciativa terá continuidade. “Há ideias para melhorar este tipo de eventos no futuro, como por exemplo tentar realizá-los também noutros sítios da cidade, com mais horários de exibição, mais artistas convidados e decorações diferentes”, sublinhou.
A iniciativa, que conta com o apoio do Fundo de Desenvolvimento da Cultura, voltou a utilizar o galo de Barcelos como símbolo, colocado também no cartaz de promoção da iniciativa, este ano vestido com xaile minhoto, tipicamente português.
Segundo Tomás Ramos de Deus, a iniciativa recria alguns bairros de Lisboa onde se pode ouvir cantar o fado. “Foi essa a ideia que quisemos implementar, motivados pelos espectáculos de fado na rua que se podem apreciar em Lisboa”, refere o músico, para quem “em Macau também se pode fazer este tipo de eventos, uma vez aqui há muitos prédios com varandas bonitas e edifícios emblemáticos, como é o caso do nosso, na Casa de Portugal, muito visitado por turistas que entram frequentemente e tiram fotografias à fachada”.
O fado foi escolhido para este projecto ao ar livre, “porque se trata de uma marca portuguesa e as pessoas gostam de ouvir este tipo de música com singularidade”, observa o cantor e guitarrista.
“Poderíamos estar ali a tocar música pop, internacional, ou jazz, que é um estilo que nós também tocamos e que certamente as pessoas igualmente iam ouvir, mas não tinha essa singularidade que tem o fado”, aponta. “Pertencendo nós à Casa de Portugal em Macau, a nossa missão é divulgar a cultura lusa, portanto, nada melhor do que promover o fado”, vinca. Vítor Rebelo – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”
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