Sam Hou Fai dedicou uma considerável parte das Linhas de Acção Governativa a abordar o desenvolvimento de Hengqin, tendo dito que pretende criar “um cluster da indústria médica e de saúde” na Zona de Cooperação Aprofundada. O Chefe do Executivo está também apostado em desenvolver uma “Cidade Universitária de Educação Internacional” do outro lado da fronteira
O apoio de Hengqin na diversificação da economia de Macau está ainda “aquém das expectativas” e a RAEM deve “alinhar aguerridamente nas estratégias nacionais para alcançar um melhor desenvolvimento”, defendeu ontem o Chefe do Executivo. Na apresentação das Linhas de Acção Governativa, Sam Hou Fai sublinhou que o desenvolvimento da cooperação Macau-Hengqin é uma das suas missões.
Nesse âmbito, Sam Hou Fai indicou que o Governo vai “introduzir criteriosamente tecnologias e conceitos médicos de ponta a nível internacional, construindo uma série de instituições médicas especializadas de alto nível”. A ideia é atrair “o estabelecimento de uma série de empresas tecnológicas de saúde de alta qualidade na Zona de Cooperação Aprofundada, criando um cluster da indústria médica e de saúde com características de Macau e Hengqin”.
A par disso, afirmou que será adoptado o modelo “Registo de Macau + Produção em Hengqin” para promover o “desenvolvimento integrado e profundo” da indústria de medicina tradicional chinesa de Macau e Hengqin. Ao mesmo tempo, Sam Hou Fai prometeu que se irá empenhar na “optimização do sistema da conta de comércio livre multifuncional, no impulsionamento da participação dos bancos qualificados com capitais de Macau no projecto-piloto da Zona de Cooperação, e na promoção do fluxo transfronteiriço de capitais entre Macau e Hengqin”.
Além disso, o Chefe do Executivo está também apostado em criar uma “Cidade Universitária de Educação Internacional” em Hengqin, evidenciando “as vantagens das instituições de ensino superior de Macau”. De acordo com o Relatório das LAG, a ideia é através da “internacionalização de quadros qualificados, pesquisas científicas e intercâmbio científico e tecnológico”, levar a cabo acções promocionais do desenvolvimento integrado entre Macau e Hengqin no âmbito da educação, da ciência e tecnologia e dos quadros qualificados.
“O Governo da RAEM irá proceder ao trabalho de coordenação para que as instituições de ensino superior locais qualificadas a recrutar alunos do Interior da China para cursos de licenciatura, (…) possam, recorrendo ao modelo de extensão pedagógica “Uma Universidade, Duas Zonas”, realizar trabalhos preparatórios para criação do novo campus universitário na Zona de Cooperação, com o objectivo de criar um ambiente pedagógico que esteja uniformizado com o de Macau, e de configurar um projecto piloto de integração de Macau com Hengqin no âmbito do ensino superior”, afirmou.
Sam Hou Fai disse ainda que serão também “envidados esforços para obter autorização para construir mais Laboratórios de Referência do Estado”. A Universidade de Macau (UM) será a primeira a implementar o modelo de extensão pedagógica na Zona de Cooperação. O líder da RAEM disse ontem que, apesar de a UM já ter o terreno, não tem dinheiro para iniciar a construção, sendo também essa uma das razões pelas quais o orçamento para 2025 precisa de ser revisto.
Em relação a Hengqin, o Chefe disse ainda que serão destacados mais trabalhadores da Administração Pública de Macau para trabalharem na Comissão Executiva e nas diversas estruturas de trabalho. Sam Hou Fai frisou ainda que a RAEM vai “promover de forma proactiva” o projecto-piloto de contratação de juízes de Macau para desempenharem funções de juízes não permanentes nos tribunais de Hengqin.
Mais produtos lusófonos na Grande Baía
Na apresentação das Linhas de Acção Governativa, o Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, garantiu que o Governo vai promover “o acesso de mais produtos dos países de língua portuguesa ao mercado da Grande Baía”. Segundo disse, será maximizada, “de forma plena”, a função do “Pavilhão de Exposição da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, transformando Macau num “Ponto de partida” para os produtos lusófonos no acesso ao mercado da Grande Baía. Sam Hou Fai disse também que serão realizados diversos tipos de Convenções e Exposições, “no sentido de criar mais cenários para o aprofundamento da conectividade entre as nove cidades da Grande Baía e os países de língua portuguesa”. Catarina Pereira – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”
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