As desigualdades continuam a afectar as mulheres em Timor-Leste o que contribui para a pobreza e para a exclusão baseada no género, segundo um relatório temático sobre análise de género apresentado em Díli
O relatório foi feito a partir dos dados do Censo da População e Habitação de 2022 do Instituto Nacional de Estatística timorense com o apoio de várias agências do sistema das Nações Unidas.
O documento refere que o casamento precoce continua a ser uma preocupação com 12% das mulheres, com idades entre os 20 e os 24 anos, a terem casado antes dos 15 anos e 4,9% antes dos 18.
Segundo o relatório, os agregados familiares chefiados por mulheres, que representam cerca de 17,8% do total, são mais pobres e a dupla responsabilidade de cuidados diminui as suas oportunidades económicas. “A intersecção entre a pobreza, a exclusão do mercado de trabalho e as vulnerabilidades de género sublinha a marginalização contínua das mulheres, especialmente as dos grupos mais desfavorecidos”, salienta o documento.
Apesar de a esperança de vida à nascença para as mulheres ser maior, 69,2 anos, a taxa de mortalidade materna mantém-se elevada com 413 mortes por 100.000 nascimentos.
Apenas 59,2% das mulheres rurais receberam assistência qualificada no parto, em comparação com 91,8% nas zonas urbanas, refere o relatório. “Estas disparidades são ainda moldadas pelas variações no nível de educação materna e na riqueza dos agregados familiares”, pode ler-se no documento.
Em relação à educação, o relatório releva avanços com mais raparigas do que rapazes a frequentarem o ensino primário, secundário e universitário. Mas, mesmo com o aumento no acesso à educação, persistem disparidades na literacia com 33% das mulheres a nunca terem frequentado a escola, o que reforça os ciclos geracionais de pobreza e marginalização.
O relatório destaca que um dos “fatores mais críticos que impulsiona a pobreza baseada no género é a fraca participação das mulheres na força de trabalho”.
A taxa de participação na força de trabalho para as mulheres é de apenas 29,7%, o que significa que por cada 100 homens a trabalhar há apenas 70,9 mulheres. “As mulheres estão desproporcionalmente envolvidas em emprego vulnerável (50,1%), em comparação com os homens (39,2%), o que muitas vezes pode estar associado à falta de benefícios sociais, salários mais baixos e condições de trabalho inseguras”, sublinha o documento.
Aquela disparidade é ainda mais agravada pela responsabilidade tradicional de cuidado, que continua a ser assumida por mulheres e que as limita no acesso ao emprego formal e oportunidades económicas.
Para a secretária de Estado da Igualdade de Timor-Leste, Elvina de Sousa Carvalho, o relatório não é apenas um conjunto de dados estatísticos, mas um “espelho que reflete a realidade”. “Mostra-nos que apesar de progressos importantes, ainda há muito por fazer para garantir que todas as mulheres e raparigas possam alcançar o seu pleno potencial em todas as dimensões da vida”, afirmou a responsável governamental. In “Ponto Final” – Macau com “Lusa”
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