No primeiro quadrimestre deste
ano, o Porto do Itaqui exportou mais de 2,5 milhões de toneladas de grãos na
somatória dos embarques da VLI (839 mil toneladas) e do Tegram (1,7 milhão de
toneladas). Desse total, cerca de 80% foram recebidas pela ferrovia. A VLI
recebe pela via férrea a totalidade da carga de grãos que opera no Itaqui e o
Tegram saltou de 46% no ano passado para 67% nos primeiros quatro meses de
2019, com expectativa de chegar aos 80% quando concluída a segunda fase.
Atualmente o modal ferroviário
responde por 55% da movimentação total de cargas no porto público do Maranhão e
essa faixa vem crescendo a cada ano, principalmente nas operações de granéis
sólidos e líquidos. Além dos grãos operados pela VLI, todas as operações de
cobre e celulose utilizam a ferrovia, bem como parte da distribuição de
combustíveis.
Diversas expansões e novos
negócios para desenvolvimento do Maranhão a partir do Porto do Itaqui
precisarão de integração ferroviária. “Por isso estamos estudando a
implementação de peras ferroviárias para aumentar a produtividade e a
capacidade de atendimento aos clientes atuais e futuros que necessitam de
interligação com o Itaqui”, afirma o presidente do Porto do Itaqui, Ted Lago.
A revisão do Plano de
Desenvolvimento e Zoneamento do Porto do Itaqui contempla a possibilidade de
desenvolver três soluções de peras ferroviárias (pátio em formato de pera que
possibilita o transbordo da carga sem a necessidade de desmembrar o trem,
proporcionando agilidade e segurança). Com a expansão da Norte-Sul a tendência
é de aumento significativo dos volumes de cargas, motivo pelo qual a
viabilização de pera ferroviária no Porto do Itaqui se torna mais estratégica a
cada dia.
A concessão do tramo central
da Ferrovia Norte-Sul, referente a um trecho de 1.537 km que vai de Porto
Nacional, no Tocantins, a Estrela d’Oeste, em São Paulo, foi definida em leilão
realizado pelo Governo Federal em março deste ano. A ferrovia é um dos
principais projetos para escoamento da produção agrícola do país e os investimentos
da empresa Rumo (Grupo Cosa), vencedora do leilão, devem chegar a R$ 2,7
bilhões.
O transporte ferroviário é o
mais recomendado para commodities e
cargas que precisam ser transportadas em grandes volumes por longas distâncias.
E a conexão ferroviária, especialmente com a Estrada de Ferro Carajás
interligada à Norte-Sul, é uma das principais vantagens competitivas do Porto
do Itaqui em relação aos demais portos da região e do país. Além de econômico o
trem é mais sustentável e reduz o impacto sobre as rodovias.
Operadores
ampliam investimentos no Itaqui
A instalação de terminais de
granéis líquidos (derivados de petróleo e outros), de granéis sólidos (Tegram e
terminais de cobre e de fertilizantes) e as exportações de celulose no Itaqui
foram viabilizadas em razão de uma conexão ferroviária eficiente. “Esse fator
está associado à confiança do investidor privado na EMAP – Empresa Maranhense
de Administração Portuária e às demais vantagens do porto, como localização
geográfica estratégica para os principais mercados mundiais”, explica Ted Lago.
Nos primeiros quatro meses
deste ano o Tegram embarcou 1,7 milhão de toneladas de grãos pelo Itaqui, um
aumento de 22% se comparado ao mesmo período do ano passado. Desse total, 67%
da carga movimentada foi recebida pelo modal ferroviário (composições
ferroviárias de 80 vagões). Se o ritmo de crescimento for mantido, considerando
as obras de implantação da segunda fase que estão em andamento, o terminal deve
operar com um volume ainda maior recebido pelo modal ferroviário.
Segundo a gestão do terminal,
esse modal agrega um valor considerável nas operações, dada a capacidade de
recebimento do Tegram (cada trem descarrega em média 7.500 toneladas de grãos).
Entre as vantagens do aumento de volume de carga recebida pela ferrovia está a
redução na ociosidade do ativo e o incremento nos volumes de embarque.
O gerente geral do Corredor
Centro-Norte da VLI, Fabiano Rezende, informa que a companhia está investindo
R$ 9 bilhões para estruturar um sistema de logística integrada que conecta
terminais, ferrovias e portos. “O objetivo é oferecer ao mercado eficiência nas
operações e capacidade”, destaca.
“Para que os grãos alcancem o
Porto do Itaqui operamos mais de 700 quilômetros do tramo norte da Norte-Sul
(entre Porto Nacional-TO e Açailândia-MA) e estamos conectados à Estrada de
Ferro Carajás formando um importante elo entre as áreas produtoras e o mercado
externo”, explica Rezende.
Entre os estados de Tocantins
e Maranhão a VLI investiu mais de R$ 1,7 bi (dois terminais integradores,
ampliação da frota de vagões e locomotivas, construção do acesso ferroviário ao
porto etc). Desse modo foi possibilitada a criação de uma rota para suportar a
demandada nova fronteira agrícola do Brasil, que inclui o leste e nordeste do
Mato Grosso, Maranhão, Tocantins, Pará, Piauí e Bahia.
Fertilizantes
Em 2020 deve ficar pronto o
novo terminal de fertilizantes que está sendo construído pela COPI no Porto do
Itaqui. Em 2018 foram movimentadas 1,9 milhão de toneladas (recorde histórico)
e a expectativa é seguir crescendo. Com a nova estrutura a expectativa é de que
o volume movimentado chegue a 3,5 milhões de toneladas.
“Para atingir essa marca temos
de entrar na nova fronteira, chegando ao norte do Tocantins, nordeste do Mato
Grosso e sudeste do Pará”, explica o presidente da COPI, Carlos Roberto
Frisoli. “Saindo de trem do Itaqui até Pameirante (TO) levamos três dias e
depois aproveitamos os caminhões que chegam para descarregar soja. Assim
reduzimos o frete marítimo, percorremos distâncias menores de caminhão e o
produtor tem um custo final menor”, resume.
Essa logística permite que
indústrias de fertilizante se instalem ao longo da ferrovia, o que deve
proporcionar mais agilidade e uma oferta maior de produtos. “Desenvolvemos uma
parceria com a VLI para alcançar a região central do Brasil a partir do Porto
do Itaqui e o sucesso dessa empreitada depende também do trabalho conjunto com
a EMAP. Acredito que podemos inverter a logística de fertilizante do país pelo
Porto do Itaqui”, diz. In “Folha Nobre” - Brasil
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