Após
a denúncia de uma paleontóloga brasileira, o Ministério Público Federal
conseguiu que a Justiça da França autorizasse a repatriação de 45 fósseis
brasileiros que foram exportados ilegalmente. A Sputnik Brasil conversou com a
paleontóloga que fez a denúncia e o procurador responsável pelo caso sobre a
importância da recuperação destes fósseis
Com a decisão, devem ser
devolvidos ao Brasil fósseis de pterossauros, tartarugas marinhas, aracnídeos,
peixes, répteis, insetos e plantas. O fóssil identificado inicialmente estava
sendo leiloado no site americano eBay por cerca de 250 mil dólares. Em anúncio
divulgado pelo site, o fóssil estaria localizado em Charleville Mèzières, na
França.
Em entrevista à Sputnik
Brasil, o procurador da República do MPF de Juazeiro do Norte, Ceará, Rafael
Rayol, afirmou que a partir da denúncia da paleontóloga, foi aberta uma
investigação e foi identificada a origem do anúncio, quem era responsável. Em
seguida, foi feita a solicitação de cooperação internacional com as autoridades
francesas para realizar a busca e apreensão desse material.
"De início, as autoridades
francesas, após ouvir o responsável da empresa, negaram a devolução porque o
empresário teria apresentado a documentação, que justificaria essa aquisição do
fóssil. Mas como esse fóssil é, sem dúvida, brasileiro, sabendo que esse
material não poderia ter saído daqui de forma lícita, aprofundamos as
investigações aqui no Brasil para levantar uma série de provas, que foram
devolvidas à Justiça da França, demonstrando que a empresa era integrante de
uma rede internacional de tráfico de fósseis", explicou o procurador.
Rafael Rayol acrescentou que,
após a apresentação das novas provas, as autoridades francesas "não só
fizeram a busca e apreensão, como abriram a investigação criminal na França por
esses mesmos fósseis.
"Durante a busca e
apreensão na sede da empresa, além do fóssil original que estava à venda, que
era o objeto inicial da nossa demanda, encontraram centenas de outros fósseis
escondidos e sem documentação que justificasse a posse daquele material. E
dessas centenas de fósseis, 45 eram provenientes daqui da Chapada do
Araripi", completou.
A professora do Departamento
de Ciências Biológicas, da UFES (Universidade Federal do Espírito Santo), a
paleontóloga Taissa Rodrigues, contou à Sputink Brasil que fez a denúncia sobre
a posse ilegal do fóssil, mas não foi quem descobriu o crime.
"Nós,
paleontólogos brasileiros, sempre nos movimentamos quando a gente tem notícia
de venda ilegal de fósseis brasileiros. Na verdade, qualquer venda de fósseis
brasileiros é ilegal. Os fósseis, pela nossa Constituição, são considerados
patrimônio da União. Então eles só podem ser vendidos se houver algum tipo de
autorização", conta.
De acordo com ela, a suspeita
começou há cerca de 5 anos atrás, quando um paleontólogo identificou a venda de
um fóssil brasileiro no site eBay, dando início a um compartilhando e
divulgação de informações entre os profissionais sobre as notícias deste
objeto.
"Nós sempre tentamos
divulgar, no sentido de conscientizar as pessoas de que uma venda ilegal de
fósseis não só acontece frequentemente, mas como acontece abertamente, não
acontece na 'deep web', está no eBay", disse Taissa Rodrigues.
A paleontóloga destacou
que é a repatriação destes 45 fósseis exportados ilegalmente é uma vitória para
a ciência brasileira. In “Sputnik Brasil” -
Brasil
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