O
Albergue SCM tem, por esta altura, em exposição, fotografias, ilustrações,
quadros, mapas e plantas que contam a história dos 450 anos da Santa Casa da
Misericórdia de Macau. Rogério Beltrão Coelho, o curador, revela que as plantas
apresentadas, “além de rigorosas”, têm “uma beleza fora do normal”, enquanto o
general Garcia Leandro destaca a importância da instituição nas relações
bilaterais entre Portugal e a China. A exposição “450 Anos da Misericórdia de
Macau” foi inaugurada e estará no Albergue SCM até 30 de Junho
“Esta exposição pretende dar
uma ideia, de uma forma simples e atraente, daquilo que foram os 450 anos da
Santa Casa”. É desta forma que Rogério Beltrão Coelho descreve a exposição que
foi inaugurada e que permanece no Albergue SCM até ao fim de Junho. O curador
da exposição “450 Anos da Misericórdia de Macau” confessa que “o difícil foi
compactar num espaço tão pequeno tanta coisa”. Ao Ponto Final, Victor
Marreiros, o cônsul Paulo Cunha Alves, Garcia Leandro e Bian Tao aproveitaram
para destacar a importância da instituição.
Nesta exposição há fotografia,
ilustração, quadros, mapas e plantas das principais obras da Santa casa da
Misericórdia de Macau ao longo dos 450 anos da sua existência. “Em vez de irmos
buscar documentos antigos, fomos buscar iconografia viva, atraente e que
desperta nas pessoas o interesse em conhecer mais”, diz o curador, explicando
que a maior parte daquilo que está exposto no Albergue faz parte da sua
colecção pessoal com a sua mulher, Cecília Jorge. “Há plantas que, além de
rigorosas, têm uma beleza fora do normal”, afirmou. Para o curador, a
dificuldade não foi organizar a exposição, mas sim “compactar num espaço tão
pequeno tanta coisa”.
Nos 450 anos da Misericórdia
em Macau, Beltrão Coelho não destaca nenhuma história, já que “todas as
histórias têm singularidades”. O antigo jornalista lembra que “muito do
património que ainda hoje se encontra em Macau foi construído pela Santa Casa”,
e que a instituição chegou a servir como banco para a construção do Mercado de
S. Domingos, em 1901, tendo feito um empréstimo de 100 mil patacas. “Tudo isso
é interessante”, diz. Sobre o presente da instituição, que também tem uma
secção dentro da exposição, Rogério Beltrão Coelho afirma que “a vertente
social sempre existiu e hoje existe com uma força renovada”.
Victor Marreiros é o
responsável pelo design e pela concepção gráfica da exposição. O designer
gráfico, ilustrador e artista plástico começa por enquadrar a mostra: “Podemos
ver aqui a história da instituição, os principais edifícios, o que tem sido
feito em prol da assistência às velhinhas, aos órfãos, o primeiro hospital”. A
exposição “começa com o compromisso, passa pelos benfeitores, tem mapas a datar
o tempo, as igrejas, as obras da Santa Casa, a imobiliária, a lotaria, o
seguro, a Farmácia Popular, o empréstimo para acabar a construção do Mercado de
S. Domingos, o antigo liceu. Isto é a parte histórica, depois salta para a
parte actual, o Albergue, a creche, a loja”, explica Victor Marreiros.
Questionado sobre qual a obra
mais emblemática destes 450 anos de vida da Santa Casa, o artista plástico
aponta o antigo hospital de São Rafael, onde actualmente funciona o
Consulado-Geral de Portugal em Macau. Hospital, esse, mandado construir pelo
bispo Belchior Carneiro em 1569, em nome da Santa Casa da Misericórdia. “Mas,
quer em termos de caridade, quer em termos de assistência social, fez-se muito
trabalho, é difícil seleccionar”, ressalva Victor Marreiros.
Doze
anos depois dos portugueses, chega a Santa Casa: “É espantoso”
“A Santa Casa aparece antes da
diocese, antes do Governo, antes do Senado e com uma preocupação a favor das
populações mais desfavorecidas, que eram, em grande quantidade os chineses”,
recorda o general Garcia Leandro, governador de Macau entre 1974 e 1979. “Nós
instalámo-nos em Macau em 1557 e a Santa Casa aparece em 1569, 12 anos depois,
é inacreditável, é espantoso”, frisa o general. Garcia Leandro destaca também o
papel da instituição nas relações com a China: “Fez-se um trabalho em benefício
dos mais pobres e isso dá uma boa relação ao longo da história, a RAEM
reconhece e dá apoio”.
Também presente na inauguração
da exposição “450 anos da Misericórdia de Macau” esteve o cônsul-geral de
Portugal em Macau e Hong Kong, Paulo Cunha Alves. “Este é um ano muito
particular porque é um ano de aniversários, celebram-se muitos eventos na
relação entre Portugal e a China e obviamente que celebrar 450 anos da presença
de uma instituição portuguesa em Macau é algo único. A exposição que acabámos
de visitar mostra bem a riqueza do nosso relacionamento com a China, com Macau
e a nossa presença aqui no oriente”, indica o embaixador.
Para o futuro, Paulo Cunha
Alves diz que “há muito trabalho a fazer”, ainda assim, “acreditamos que a
Santa Casa da Misericórdia de Macau continuará a ter um papel muito relevante
no apoio social, institucional, nas obras de caridade que desenvolve e que
abrange todas as comunidades, todas as faixas etárias, um papel, no fundo,
muito completo no apoio à sociedade”.
Bian Tao, subdirector do
Departamento de Coordenação do Gabinete de Ligação da República Popular da
China em Macau, falou da importância de ver ex-governadores de Macau presentes
nesta inauguração: “Estou contente por hoje [ontem], vimos muitas figuras
importantes da história de Macau, principalmente os antigos governadores, são
figuras importantes para Macau e ainda bem que são testemunhas do
desenvolvimento de Macau”. Para Bian Tao, o território vive “em prosperidade”
devido à “boa cooperação com estas pessoas”. André Vinagre – Macau in “Ponto Final”
andrevinagre.pontofinal@gmail.com
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