Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 17 de maio de 2019

Macau - Os 450 anos da Misericórdia de Macau em exposição no Albergue

O Albergue SCM tem, por esta altura, em exposição, fotografias, ilustrações, quadros, mapas e plantas que contam a história dos 450 anos da Santa Casa da Misericórdia de Macau. Rogério Beltrão Coelho, o curador, revela que as plantas apresentadas, “além de rigorosas”, têm “uma beleza fora do normal”, enquanto o general Garcia Leandro destaca a importância da instituição nas relações bilaterais entre Portugal e a China. A exposição “450 Anos da Misericórdia de Macau” foi inaugurada e estará no Albergue SCM até 30 de Junho



“Esta exposição pretende dar uma ideia, de uma forma simples e atraente, daquilo que foram os 450 anos da Santa Casa”. É desta forma que Rogério Beltrão Coelho descreve a exposição que foi inaugurada e que permanece no Albergue SCM até ao fim de Junho. O curador da exposição “450 Anos da Misericórdia de Macau” confessa que “o difícil foi compactar num espaço tão pequeno tanta coisa”. Ao Ponto Final, Victor Marreiros, o cônsul Paulo Cunha Alves, Garcia Leandro e Bian Tao aproveitaram para destacar a importância da instituição.

Nesta exposição há fotografia, ilustração, quadros, mapas e plantas das principais obras da Santa casa da Misericórdia de Macau ao longo dos 450 anos da sua existência. “Em vez de irmos buscar documentos antigos, fomos buscar iconografia viva, atraente e que desperta nas pessoas o interesse em conhecer mais”, diz o curador, explicando que a maior parte daquilo que está exposto no Albergue faz parte da sua colecção pessoal com a sua mulher, Cecília Jorge. “Há plantas que, além de rigorosas, têm uma beleza fora do normal”, afirmou. Para o curador, a dificuldade não foi organizar a exposição, mas sim “compactar num espaço tão pequeno tanta coisa”.

Nos 450 anos da Misericórdia em Macau, Beltrão Coelho não destaca nenhuma história, já que “todas as histórias têm singularidades”. O antigo jornalista lembra que “muito do património que ainda hoje se encontra em Macau foi construído pela Santa Casa”, e que a instituição chegou a servir como banco para a construção do Mercado de S. Domingos, em 1901, tendo feito um empréstimo de 100 mil patacas. “Tudo isso é interessante”, diz. Sobre o presente da instituição, que também tem uma secção dentro da exposição, Rogério Beltrão Coelho afirma que “a vertente social sempre existiu e hoje existe com uma força renovada”.

Victor Marreiros é o responsável pelo design e pela concepção gráfica da exposição. O designer gráfico, ilustrador e artista plástico começa por enquadrar a mostra: “Podemos ver aqui a história da instituição, os principais edifícios, o que tem sido feito em prol da assistência às velhinhas, aos órfãos, o primeiro hospital”. A exposição “começa com o compromisso, passa pelos benfeitores, tem mapas a datar o tempo, as igrejas, as obras da Santa Casa, a imobiliária, a lotaria, o seguro, a Farmácia Popular, o empréstimo para acabar a construção do Mercado de S. Domingos, o antigo liceu. Isto é a parte histórica, depois salta para a parte actual, o Albergue, a creche, a loja”, explica Victor Marreiros.

Questionado sobre qual a obra mais emblemática destes 450 anos de vida da Santa Casa, o artista plástico aponta o antigo hospital de São Rafael, onde actualmente funciona o Consulado-Geral de Portugal em Macau. Hospital, esse, mandado construir pelo bispo Belchior Carneiro em 1569, em nome da Santa Casa da Misericórdia. “Mas, quer em termos de caridade, quer em termos de assistência social, fez-se muito trabalho, é difícil seleccionar”, ressalva Victor Marreiros.

Doze anos depois dos portugueses, chega a Santa Casa: “É espantoso”  

“A Santa Casa aparece antes da diocese, antes do Governo, antes do Senado e com uma preocupação a favor das populações mais desfavorecidas, que eram, em grande quantidade os chineses”, recorda o general Garcia Leandro, governador de Macau entre 1974 e 1979. “Nós instalámo-nos em Macau em 1557 e a Santa Casa aparece em 1569, 12 anos depois, é inacreditável, é espantoso”, frisa o general. Garcia Leandro destaca também o papel da instituição nas relações com a China: “Fez-se um trabalho em benefício dos mais pobres e isso dá uma boa relação ao longo da história, a RAEM reconhece e dá apoio”.

Também presente na inauguração da exposição “450 anos da Misericórdia de Macau” esteve o cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Paulo Cunha Alves. “Este é um ano muito particular porque é um ano de aniversários, celebram-se muitos eventos na relação entre Portugal e a China e obviamente que celebrar 450 anos da presença de uma instituição portuguesa em Macau é algo único. A exposição que acabámos de visitar mostra bem a riqueza do nosso relacionamento com a China, com Macau e a nossa presença aqui no oriente”, indica o embaixador.

Para o futuro, Paulo Cunha Alves diz que “há muito trabalho a fazer”, ainda assim, “acreditamos que a Santa Casa da Misericórdia de Macau continuará a ter um papel muito relevante no apoio social, institucional, nas obras de caridade que desenvolve e que abrange todas as comunidades, todas as faixas etárias, um papel, no fundo, muito completo no apoio à sociedade”.

Bian Tao, subdirector do Departamento de Coordenação do Gabinete de Ligação da República Popular da China em Macau, falou da importância de ver ex-governadores de Macau presentes nesta inauguração: “Estou contente por hoje [ontem], vimos muitas figuras importantes da história de Macau, principalmente os antigos governadores, são figuras importantes para Macau e ainda bem que são testemunhas do desenvolvimento de Macau”. Para Bian Tao, o território vive “em prosperidade” devido à “boa cooperação com estas pessoas”. André Vinagre – Macau in “Ponto Final”



andrevinagre.pontofinal@gmail.com


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