“Uma
das linhas que pode unir a Grande Baía é o Português”, afirmou ontem Carlos
André, professor honorário do Instituto Politécnico de Macau. A língua
portuguesa tem futuro nesta região, acreditam vários académicos, mas Hong Kong
continua a ser um desafio no que à penetração do idioma de Camões diz respeito
Não só tem espaço para crescer
e se desenvolver, como é um dos elos de ligação entre as cidades da Grande
Baía, acredita Carlos André. “O Português é uma das coisas que une as cidades e
as regiões da Grande Baía”, afirmou ontem o ex-coordenador do Centro Pedagógico
e Científico da Língua Portuguesa (CPCLP) do Instituto Politécnico de Macau
(IPM). O académico falava aos jornalistas à margem do Fórum para a Promoção do
Ensino do Português na Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, em que ficou
claro que o desafio continua a ser Hong Kong, onde a penetração da língua
portuguesa ainda é bastante escassa. É o que diz Irene Lacasa, da Universidade
de Hong Kong, que ontem traçou um cenário algo desanimador da situação actual,
mas com expectativas para o futuro.
“O Português é uma das coisas
que une as cidades e as regiões da Grande Baía. Estou muito curioso em relação
ao que está a acontecer aqui porque fez-se mais uma ponte que não tinha sido
feita até agora que é com Hong Kong. Isso é, do meu ponto de vista, bastante
significativo”, declarou Carlos André, professor honorário do IPM. O académico
contou que, enquanto esteve à frente do CPCLP, houve várias tentativas de
lançar esta ponte com a RAEHK, mas “normalmente sem sucesso”. “Não por má
vontade, apenas porque acontecia que não havia disponibilidade naquele
momento”, ressalvou. Enquanto coordenador do CPCLP, Carlos André ajudou a criar
a rede de universidades chinesas que leccionam Português, tendo como motor
principal o IPM. “Nós não criamos o Português em sítio nenhum. Nós fomos foi a
mão que transportou a corda de que se faz a rede”, sublinhou.
Gaspar Zhang, sucessor de
Carlos André no CPCLP, afirmou que um dos objectivos do centro que dirige é o
reforço da cooperação com universidades que ensinam o Português na província de
Cantão e também em Hong Kong. De acordo com o professor, são já cinco as
instituições de ensino superior de Guangdong que oferecem Português “e não
podemos esquecer que Guangdong é a província com mais cooperação económica e
comercial com os países de língua portuguesa”. Actualmente, a Universidade de
Hong Kong é a única instituição de ensino superior da RAEHK que oferece um
curso de língua portuguesa, mas não de licenciatura. “Há outras universidades
que têm essa vontade de abrir um curso de Português, só que eles não têm
professores, não têm manuais e, nesse aspecto, nós podemos ajudar”, afirmou o
académico.
Irene Lacasa, responsável do
único curso de Português que existe na cidade vizinha, oferecido pela
Universidade de Hong Kong, admite que o desafio é atrair alunos, uma vez que a
prioridade é sempre aprender “muito bem” o inglês. “[Ensinar Português] é um
desafio em Hong Kong, porque a comunidade portuguesa em Hong Kong não é muito
grande. Em Macau é muito maior e há muito mais potencial. As pessoas não se
apercebem do grande passado português que existe em Hong Kong, mas nós estamos
a esforçar-nos e acredito que, passo a passo, esteja a crescer, mas é preciso
tempo”, afirmou a académica. Segundo detalhou Lacasa, 90% dos alunos que estudam
Português na Universidade de Hong Kong são locais, e as principais motivações
para aprender a língua portuguesa são o interesse pelo idioma, motivos de
trabalho ou porque têm amigos ou parceiros portugueses ou brasileiros. Os
futuros objectivos desta instituição passam por oferecer cursos de nível A2, B1
e B2, mas depara-se com dificuldades como encontrar materiais didácticos
adequados e um número suficiente de estudantes. Catarina Vila Nova – Macau in
“Ponto Final”
DSEJ
lança no Verão aplicação para aprender português e mandarim
A Direcção dos Serviços de
Educação e Juventude (DSEJ) prepara-se para lançar, entre finais de Junho e
inícios de Julho, uma aplicação para telemóveis para aprender português e
mandarim. A iniciativa foi ontem anunciada por Wong Chang Chi, director do
Centro de Difusão de Línguas da DSEJ, durante o Fórum para a Promoção do Ensino
do Português na Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. Esta ferramenta,
desenvolvida em conjunto com a Universidade de Macau, destina-se a quem já
tenha um nível mínimo de proficiência em português ou em mandarim. O
responsável disse ainda que, no corrente ano lectivo, há 45 escolas locais que
têm o português como disciplina obrigatória, o que se traduz num universo de 6700
alunos. Catarina Vila Nova
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