A
empresa aérea chinesa Air Travel e a timorense Air Timor assinaram um acordo
que permitirá voos diretos entre Díli e Hong Kong e, posteriormente, para
outros aeroportos na região, disse, na semana passada, à Lusa fonte ligada ao
processo
Tony Sum, representante da Air
Travel disse à Lusa que a empresa terá dentro de dois meses o certificado que
lhe permitirá realizar voos internacionais e que a estratégia é começar por
Timor-Leste, assumindo uma participação minoritária na Air Timor e fazendo de
Díli a sua primeira base internacional.
O representante da Air Travel
participou, na passada sexta-feira, num encontro com responsáveis da Air Timor,
o primeiro-ministro, Taur Matan Ruak, e o ex-Presidente José Ramos-Horta, que
está a acompanhar o projeto, cuja concretização depende agora de vários passos
a dar pelo Governo.
“Está feito um acordo entre a
Air Timor e a Air Travel quer permitirá um code-share entre as empresas para
que um avião fique estacionado em Díli permitindo ligações com Hong Kong e,
posteriormente, com outras cidades na região”, disse Ramos-Horta.
“Acompanhei a Air Timor porque
tenho andado a tentar ajudar o país a encontrar uma solução para o atual
isolamento em que vivemos”, disse o ex-chefe de Estado explicando que não tem
qualquer envolvimento no negócio.
Segundo Tony Sum, esta é “uma
parceria estratégica. Teremos um avião estacionado em Díli, com uma equipa
técnica, de serviço e de manutenção. Com o aumento do negócio passaremos a ter
um segundo avião aqui”.
Trata-se de um Airbus A319 com
capacidade para “chegar a qualquer cidade num radio de 4.800 quilómetros”,
explicou.
Criada em maio de 2016 como
Hongtu Airlines, renomeada Air Travel em 2018, a empresa tem como base o
Aeroporto Internacional de Kunming Changshui, na província de Yunnan.
A Air Timor, empresa de direito
timorense, tem vários anos de experiência na operação de voos entre Díli e as
cidades de Denpassar (Bali) e Singapura, com o modelo de ‘wet lease’ (aluguer
de aviões com tripulação, manutenção e seguros)”.
Tony Sum referiu que o
critério do negócio é tentar tornar as viagens áreas de e para Timor-Leste
“mais acessíveis”, explicando que o preço indicativo para a ligação entre Díli
e Hong Kong, um dos principais hubs regionais, “rondará os 300 dólares”.
Num recente encontro do setor
do turismo em Díli, o próprio Ramos-Horta disse que Timor-Leste vive a
“tragédia” de estar “completamente refém de companhias áreas da Austrália e da
Indonésia que atuam “com comportamento de ‘gangsters’”, mantendo preços
desproporcionadamente elevados.
“Temos esta tragédia deste
país completamente refém deste ‘gangsterismo’ aéreo por parte da Garuda”, disse
o ex-Presidente da República, referindo-se à empresa estatal indonésia,
proprietária das empresas Sriwijaya e Citilink, que voam para Timor-Leste.
“E continuamos reféns da
AirNorth que é um roubo às claras”, afirmou, numa alusão à companhia da Qantas
que mantém um monopólio nos voos entre Timor-Leste e a Austrália, numa das
rotas mais caras do mundo.
A questão dos preços das
viagens aéreas é, atualmente, um dos maiores obstáculos ao turismo em
Timor-Leste, já de si débil, dado enfrentar outros desafios, especialmente a
nível de infraestruturas.
Desde 01 de abril o país ficou
ainda mais isolado, com o fim dos voos entre Díli e Singapura, uma de apenas
três ligações internacionais atuais, com as outras duas, para Bali na Indonésia
e para Darwin, na Austrália, a serem das mais caras do mundo, em preço por
quilómetro.
Ramos-Horta disse que “a bola
está agora totalmente do lado do Governo”, afirmando que está na altura de o executivo
aceder a instrumentos internacionais necessários para poder ampliar o setor
aéreo no país.
“Se o Governo se mexer o avião
pode vir já. Um Airbus de 124 lugares, incluindo oito de business”, referiu,
explicando que a empresa chinesa assumiria a maior parte do investimento –
incluindo construir um hangar em Díli – e que a Air Timor “também tem fundos
disponíveis”.
O ex-Presidente recordou que a
Air Timor é a única empresa timorense do setor, tem funcionários formados,
incluindo para trabalho em terra e na venda de bilhetes, podendo
progressivamente, ser formados mais timorenses como pessoal de voo.
Os voos para Hong Kong
poderiam começar “muito rapidamente”, sendo que para outras ligações, para a
Austrália, Indonésia e Singapura, seria necessário Timor-Leste “aceder a vários
instrumentos internacionais”.
Para isso Timor-Leste poderá
ter que reforçar a sua capacidade técnica a nível do Governo, em áreas como
certificação de aviões e segurança operacional. In
“Sapo Timor-Leste” com “Lusa”
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