O
presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Sotavento (CCISS)
cabo-verdiano considerou que «não vale a pena» Cabo Verde ser membro da CPLP se
os empresários não conseguem exportar para os outros países da comunidade
lusófona
«É preciso que as pessoas
entendem uma coisa: da mesma razão que eu digo, se não conseguirmos exportar
para a CEDEAO [Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental] não vale a
pena ser membro da CEDEAO, essa razão é válida para a CPLP [Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa]. Não precisamos de uma comunidade só para discutir
política, isso não é preciso, isso faz-se bilateralmente», considerou Jorge
Spencer Lima.
O líder dos empresários da
região cabo-verdiana de Sotavento - que representa as ilhas do Maio, Santiago,
Fogo e Brava - falava à imprensa, na cidade da Praia, à saída de uma reunião do
Conselho de Concertação Social, formado pelo Governo, patronato e sindicatos.
Spencer Lima voltou a tomar a
posição, um mês após ter insurgido contra o que considerou uma «recusa
continuada» da emissão de vistos a empresários pelo Centro Comum de Vistos
(CCV), na cidade da Praia, que é gerido por Portugal e que representa 17 países
da União Europeia.
Na altura, a direção da Câmara
de Comércio de Sotavento decidiu interromper qualquer missão empresarial a
Portugal e encorajar os seus associados a procurarem outros parceiros e
fornecedores além de Portugal, até que a situação seja resolvida.
Na segunda-feira, foi a vez da
Câmara de Comércio do Barlavento (CCB) alertar também que «não está fácil»
organizar deslocações de empresários de Cabo Verde ao exterior, por
dificuldades na obtenção de vistos.
O diretor do Gabinete de Promoção
Empresarial da agremiação empresarial, José Lopes, pediu, por isso,
«sensibilidade maior e alguma flexibilidade» ao CCV, enfatizando que, «se as
coisas continuarem como estão» as possibilidades de organização de missões
empresariais tornam-se «cada vez mais difíceis» e «por vezes impraticável».
Jorge Spencer Lima considerou
que a questão de circulação é «fundamental» para que a comunidade lusófona se
consolide.
Notando que há países que já
são beneficiados por causa da sua maior capacidade de produção e por terem uma
indústria mais desenvolvida, o líder empresarial afirmou, por outro lado, que
são esses mesmos países que levantam dificuldades a essa circulação.
«Não pode ser assim, cada um
tem de assumir as suas responsabilidades. O nosso grito de alerta é nesse
sentido de dizer que deixem as coisas funcionar normalmente, até porque são os
principais ganhadores quando os empresários se desloquem aos países», entendeu.
O presidente da CCISS
considerou também que «não faz sentido» os países quererem que as suas empresas
penetrem nos mercados da CEDEAO e depois não deixem os empresários viajar para
os seus países.
«Há que encontrar uma solução,
parece que a solução pode estar à vista, mas há muitos anos que estamos a ouvir
essa história de solução à vista. A CPLP não existe hoje, há muito tempo que a
CPLP existe e basta de impor empecilhos à circulação de empresários»,
continuou.
«A força da CPLP não são só os
políticos, são as empresas também, o desenvolvimento económico e os benefícios
para os países e é isso que tem conduzido a força da CPLP», terminou Jorge
Spencer Lima.
A facilitação da
mobilidade no espaço da CPLP é uma proposta de Portugal e Cabo Verde - que
atualmente detém a presidência rotativa da organização -, embora não haja um
calendário para a entrada em vigor de medidas nesse sentido. In “Revista
Port. Com” - Portugal
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