Dois
dias depois de o ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmar que
"ninguém quis copiar Paulo Freire" durante um evento com professores
em São Paulo, o governo português ressalta a importância do educador brasileiro
como inspiração para vários países
O ministro dos Negócios
Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, afirmou que o educador Paulo
Freire (Recife, 19 de setembro de 1921 —
São Paulo, 02 de maio de 1997) foi "um grande pedagogo, teórico e
prático da educação e, em particular, dos processos da alfabetização e da
educação de adultos. Nós seguimos como inspiração na maneira também que
construímos em Portugal nosso sistema de educação de adultos. O mesmo que se
sucedeu em Portugal sucedeu em muitos outros países em que Paulo Freire
significa um inspirador e uma fonte permanente de boas ideias e boas
práticas".
As declarações de Augusto
Santos Silva, nesta segunda-feira (27), em Lisboa, foram durante a apresentação
do Programa de Mobilidade Acadêmica Paulo Freire — PALOP, da Organização de
Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), que
confere bolsas para estudantes dos Países Africanos de Língua Oficial
Portuguesa (PALOP) cursarem um semestre em alguma instituição de ensino
superior em Portugal.
O programa "Paulo
Freire" foi lançado em 2014 pela OEI e promove intercâmbios acadêmicos de
estudantes da área da docência de países ibero-americanos. "O programa tem
como destinatários todos aqueles que estão em formação para serem docentes, não
apenas professores do ensino básico, mas também universitários. Justamente
porque a prioridade é dada a esses estudantes é que o programa leva o nome de
um grande pedagogo", explica à Sputnik Brasil a diretora da OEI Portugal,
Ana Paula Laborinho.
Este ano marca o início do
projeto-piloto, em parceria com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
(CPLP), para beneficiar universitários dos PALOP. São 21 bolsas para estudantes
de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. "O
programa já é bastante significativo e a ideia é expandir", afirma à
Sputnik Brasil o secretário-executivo da CPLP, Francisco Ribeiro Telles.
De
acordo com os organizadores, a meta é que o programa "Paulo Freire"
continue se fortalecendo. "É um programa ágil, simples, que está a
responder às expectativas dos alunos. Eles vão regressar com as formações
reconhecidas pelas escolas de origem. As universidades portuguesas já nos
manifestaram interesse de seus alunos também irem para estes países na
África", diz Ana Paula Laborinho.
Para a diretora da OEI
Portugal, o período de críticas aos métodos de Paulo Freire no Brasil,
endossadas pelo presidente Jair Bolsonaro, não deve "apagar a história,
nem apagar as contribuições". "Ainda hoje é um grande pedagogo, que
centra o conhecimento no aluno. Talvez hoje, quando falamos em desenvolver
competências para o século XXI, há muitos dos ensinamentos dele que são cada
vez mais atuais", analisa a diretora. Caroline
Ribeiro – Brasil in “Sputnik Brasil”
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