A maioria dos alunos inscritos
no primeiro ano da Escola Portuguesa de Macau (EPM) não tem o português como
primeira língua, num universo de 612 alunos de 24 nacionalidades, segundo o
director da instituição. O presidente da direcção da EPM, Manuel Machado,
falava à agência Lusa à margem do primeiro encontro das Escolas Portuguesas no
Estrangeiro, em Cabo Verde, encontro que está a permitir aos responsáveis
destas escolas “trocarem impressões e falarem um pouco das especificidades das
escolas e dos locais onde estão inseridas”. E a principal especificidade da EPM
é o facto de ser a única que não está inserida “num meio em que se fale
português com fluência”. “Os nossos alunos não estão imersos num meio em que a
língua portuguesa é usada no dia a dia fora da escola”, disse.
Para Manuel Machado, esta
particularidade de os alunos apenas terem o português como língua curricular
produz dificuldades, mas também traz vantagens. “Dificulta no sentido em que
torna mais difícil o delinear de estratégias que levem a que os alunos e os encarregados
de educação desenvolvam fora da escola o seu trabalho necessário para o
conhecimento da língua que têm de dominar para a frequência da escola
portuguesa”, referiu. Por outro lado, tem a “vantagem de permitir esta vivência
multicultural em que há duas culturas que são bem diferentes – a portuguesa e a
chinesa -, que não estão de costas voltadas, mas antes se completam no espaço
Escola Portuguesa de Macau”. E apesar de não estarem inseridas num ambiente que
fala português, os alunos acabam sempre por o levar para as suas casas: “Nunca
fica restrito ao espaço escola. Há obviamente a transmissão aos encarregados de
educação do que é alvo da aprendizagem da escola”.
O que aprendem e transmitem “é
apreciado”, como o demonstra o número de alunos que não tem o português como
primeira língua e que este ano se inscreveu no primeiro ano da EPM. “Este ano,
matriculou-se no primeiro ano mais de 60% de alunos que não tem o português
como primeira língua, o que exige da escola estratégias para ensinar a língua
para os alunos adquirirem as ferramentas necessárias ao acompanhamento do
currículo nos anos consequentes”, disse. O director da EPM adiantou que muitas
destas crianças “não falam de todo português. Vêm de agregados familiares
chineses, filipinos, ou de outras nacionalidades”. Ao todo, estudam nesta
escola 612 alunos, provenientes de 24 nacionalidades, sendo a portuguesa a mais
representada, seguindo-se a chinesa (88 alunos) e outras como a brasileira, a
angolana, guatemalteca, russa, inglesa. In
“Ponto Final” - Macau
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