SÃO PAULO – Em 2014, as
exportações do Brasil para a Argentina foram de US$ 14,1 bilhões contra US$
19,6 bilhões em 2013, o que significou uma queda de 27%. Já as importações
foram de US$ 14,1 bilhões contra US$ 16,4 bilhões em 2013, o que representou um
recuo de 14%. Em 2015, a tendência é de queda ainda mais acentuada: em janeiro,
as exportações recuaram 30% e em fevereiro, 17%, segundo dados do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
O recuo está ligado às
preferências que a Argentina tem dado a China, em troca de investimentos em
infraestrutura e até da construção de uma base espacial na província de
Neuquén, o que se tem refletido em bloqueio a produtos brasileiros com medidas
burocráticas. Além disso, os manufaturados brasileiros têm perdido
competitividade, em razão de desajustes na economia interna, provocados por
alto custo de energia, aumento nos combustíveis, corte nas desonerações sobre a
folha de pagamentos, juros altos e descontrole nas contas públicas.
É provável que essa queda
seja sazonal e que nos próximos anos haja um reaquecimento nas exportações para
o país vizinho. É de lembrar que, desde 2008, o Mercosul tem sido o principal
fornecedor de bens de capital para a Argentina, com o Brasil sendo responsável
por mais de 90% desse fornecimento.
Em 2008, as exportações
foram de US$ 17,6 bilhões; em 2009, de US$ 12,7 bilhões (-23%); em 2010, de US$
18,5 bilhões (40%); em 2011, de US$ 22,7 bilhões (22%); e, em 2012, de US$ 17,9
bilhões (-20%). Entre os produtos mais vendidos estão automóveis, minério de
ferro, alumina calcinada, chassis, tratores, pneus, autopeças, eletrônicos e
têxteis. É de se ressaltar que, em 2014, dos US$ 14,2 bilhões vendidos, US$ 13
bilhões foram de produtos industrializados (93%).
Já as importações da
Argentina, em janeiro de 2015, sofreram um recuo de 20% e, em fevereiro, de
26%. É de notar, porém, que essas quedas estão dentro da média dos últimos
anos: em 2008, o Brasil importou US$ 13,1 bilhões; em 2009, US$ 11,2 bilhões
(-15%); em 2010, US$ 14,4 bilhões (29%); em 2011, US$ 16,9 bilhões (18%) e, em
2012, US$ 16,4 bilhões.
Por parte do Brasil, porém,
não há nenhum embargo. Pelo contrário. Entre os produtos mais comprados estão
trigo, automóveis, malte não torrado, batata, cevada, polímeros de etileno,
motores a diesel/semidiesel, nafta para petroquímica e ligas de alumínio. De
US$ 14,1 bilhões em mercadorias adquiridas pelo Brasil da Argentina em 2014,
US$ 12,5 bilhões foram de produtos industrializados (89%).
Seja como for, a Argentina
ainda representa para o Brasil mais de 90% do Mercosul. Basta ver que, no
primeiro bimestre, a Argentina (US$ 1,8 bilhão) ficou atrás só dos EUA (US$ 3,8
bilhões) e da China (US$ 2,9 bilhões) entre os principais países de destino das
exportações brasileiras. Portanto, cabe ao governo envidar esforços para que
essa parceria seja mantida pelo menos nos níveis atuais, evitando novos
retrocessos. E, acima de tudo, exigir que as regras e disposições
regulamentares do Mercosul sejam respeitadas por todos os parceiros. Mauro Dias - Brasil
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Mauro
Lourenço Dias, engenheiro eletrônico, é vice-presidente da Fiorde Logística
Internacional, de São Paulo-SP, e professor de pós-graduação em Transportes e
Logística no Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp). E-mail: fiorde@fiorde.com.br Site: www.fiorde.com.br
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