SÃO PAULO – O poder público
precisa se conscientizar, de uma vez por todas, de que não há mais condições
para se postergar a viabilização do projeto de revitalização conhecido como
Porto Valongo, no centro da cidade de Santos, que irá eliminar o conflito rodoferroviário
que vem prejudicando as operações portuárias. Esse projeto deverá incluir a
construção do chamado Mergulhão, passagem subterrânea rodoviária prevista para
passar atrás do prédio da Alfândega. Na parte superior, deverão ficar apenas as
linhas ferroviárias.
Até o final do ano passado,
o entendimento da Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP) era
que o Mergulhão e o Porto Valongo seriam empreendimentos distintos, que
exigiriam dotações orçamentárias diversas, o que só contribuiu para atrasar os estudos,
mostrando mais uma vez as inconveniências da centralização do poder decisório
em Brasília, promovida pela nova Lei dos Portos (nº 12.815/13), já que o
entendimento só pode ter sido conseqüência do desconhecimento da realidade
vivida pelo Porto de Santos.
Segundo a SEP, a obra em
conjunto deverá custar cerca de R$ 1 bilhão, mas apenas R$ 310 milhões estão
previstos pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal.
Até agora, nem a SEP nem o governo do Estado sabem de onde sairão os quase R$
700 milhões que faltam para fechar a conta. A idéia aventada em Brasília é a
formação de uma parceria público-privada (PPP), mas não se pode esquecer que a
iniciativa privada não existe para fazer benemerências.
Isso significa a possível
implantação de pedágio para arrecadar recursos dos usuários dos portos. Não
seria preciso acrescentar que essa solução só iria contribuir para elevar os
custos das operações portuárias, acelerar a perda de competitividade dos
produtos exportados e aumentar o preço dos importados.
Além disso, as próprias
autoridades não chegaram a um consenso quanto a magnitude do projeto. Para a
Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), o ideal seria que o Mergulhão
fosse mais extenso do que o projeto aprovado em outubro de 2014 pelos técnicos
da SEP, com 700 metros de laje. Mas esse não foi o entendimento da SEP, que
optou por cortar 237 metros de laje, provavelmente para diminuir custos.
O projeto prevê também a
utilização da área do Valongo para empreendimentos a serem explorados pela
iniciativa privada, como marinas, restaurantes, shopping center e até um terminal de passageiros, além do
aproveitamento de alguns dos velhos armazéns para abrigar museus e postos de
universidades públicas e privadas. Tudo isso seria bem-vindo, mas, obviamente,
não solucionaria a falta de recursos para a execução das obras. Milton Lourenço – Brasil
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Milton
Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato
dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São
Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos,
Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site:
www.fiorde.com.br.
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