Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

sexta-feira, 20 de março de 2015

Internacional – Fornecimento mundial de armamento

A China tornou-se em 2014 o terceiro maior fornecedor de armas do mundo, atrás de EUA e Rússia, informou ontem o Instituto Internacional de Pesquisas para a Paz de Estocolmo (SIPRI, na sigla em inglês). Os principais clientes chineses são o Paquistão, a Venezuela, Bangladesh e Mianmar.

Segundo o levantamento, em apenas quatro anos, Pequim deixou França, Alemanha, Itália e Grã-Bretanha para trás e hoje representa 5% do fornecimento de armas do planeta. Em apenas cinco anos, a alta nas vendas chinesas foi de 143%. A média mundial foi de apenas 16% nesse mesmo período. As exportações de armas da Alemanha caíram 43% e as vendas francesas sofreram uma contração de 27%.

Consideram os especialistas, um dos motivos das altas nas vendas chinesas é a recusa de países ocidentais em vender para alguns governos. O maior cliente de armas chinesas hoje é o Paquistão, rival da Índia na região e que comprou 41% das exportações de Pequim. "Muitos países ocidentais rejeitam exportar para o Paquistão temendo ofender a Índia", declarou o coronel aposentado do Exército chinês, Yue Gang.

Segundo ele, a China ainda não teria os mesmos "complexos políticos" que seus rivais no mercado. "Pequim não discrimina compradores", declarou. Neste período, o contrato mais lucrativo da China foi a venda de 50 caças para o Paquistão. Outro importante comprador foi a Venezuela, com importações de mais de US$ 480 milhões, 28% das vendas chinesas foram para Bangladesh e Mianmar.

O mercado africano também é cada vez mais adepto às armas chinesas, principalmente depois que Pequim passou a investir de forma pesada no continente. No período avaliado, 18 governos africanos compraram armas chinesas.

Investimentos bilionários fizeram da indústria chinesa uma das mais competitivas e modernas. Em paralelo a isso, as importações de armas estrangeiras para a China caíram 42% em cinco anos. Em 2000, a China era o maior importador do mundo. Hoje, já deixou o posto para indianos e sauditas.

Apesar da expansão chinesa, as empresas americanas ainda fornecem 31% de todas as armas do mundo, e as indústrias russas, 27%. O levantamento do Instituto Internacional de Pesquisas para a Paz de Estocolmo não inclui o Brasil entre os maiores exportadores do mundo.
 
Ofensiva de vendas está ligada a amplos gastos com Defesa¹

A ofensiva da China no mercado internacional de equipamentos militares – armas e sistemas – está diretamente ligada ao crescimento de seu orçamento de Defesa. A conta é alta, aumenta sempre e é preciso obter recursos para subsidiar o "esforço de ameaça permanente" referendado pelo Congresso Nacional do Povo.

Esses gastos aumentam desde 1995 – para 2015 a previsão de investimentos é de US$ 142 bilhões. É o segundo maior pacote de despesas no setor entre as grandes economias mundiais, menor apenas que o total aplicado pelos EUA – cerca de US$ 640 bilhões.

Os mercadores chineses são agressivos. Atuam em regiões tão diferentes quanto América Latina, Ásia, África Central e Oriente Médio. Em fevereiro, os fornecedores das empresas de Pequim estavam envolvidos na disputa de contratos independentes, em fase de decisão, cujos valores superavam US$ 3,5 bilhões.

A lista de compras dos países potencialmente clientes, cuidadosamente mantida em sigilo, abrange produtos como jatos de treinamento e ataque ao solo, blindados anfíbios sobre rodas, lançadores de foguetes, mísseis navais com alcance de 100 km, corvetas, radares de controle de área, tanques, e modernos sistemas de defesa antiaérea. Além disso, há o fluxo habitual de fuzis, pistolas, munições, granadas, redes de comunicações e, claro, a planilha dos itens paralelos – fardamento, rações de longa duração, hospitais de campanha.

Bem próximo do Brasil, na Venezuela e na Bolívia, as forças aéreas locais utilizam o jato Karakorum, de treinamento e bombardeio leve. A Argentina considera receber caças supersônicos J-10, helicópteros e cargueiros de uso geral.

O preço dos produtos militares da China é atraente, geralmente 30% abaixo da cotação internacional, combinando interesses comerciais e políticos. O caso argentino é típico. Enquanto negoceia a revitalização das Forças Armadas com material chinês, a presidente Cristina Kirchner cedeu a Pequim uma área na Província de Neuquén, a 1.800 km de Buenos Aires, para pesquisa espacial. O programa chinês é controlado pelo Ministério da Defesa. In “Defesanet” - Brasil

¹Análise: Roberto Godoy

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