A China tornou-se em 2014 o
terceiro maior fornecedor de armas do mundo, atrás de EUA e Rússia, informou
ontem o Instituto Internacional de Pesquisas para a Paz de Estocolmo (SIPRI, na
sigla em inglês). Os principais clientes chineses são o Paquistão, a Venezuela,
Bangladesh e Mianmar.
Segundo o levantamento, em
apenas quatro anos, Pequim deixou França, Alemanha, Itália e Grã-Bretanha para
trás e hoje representa 5% do fornecimento de armas do planeta. Em apenas cinco
anos, a alta nas vendas chinesas foi de 143%. A média mundial foi de apenas 16%
nesse mesmo período. As exportações de armas da Alemanha caíram 43% e as vendas
francesas sofreram uma contração de 27%.
Consideram os especialistas,
um dos motivos das altas nas vendas chinesas é a recusa de países ocidentais em
vender para alguns governos. O maior cliente de armas chinesas hoje é o
Paquistão, rival da Índia na região e que comprou 41% das exportações de
Pequim. "Muitos países ocidentais rejeitam exportar para o Paquistão
temendo ofender a Índia", declarou o coronel aposentado do Exército
chinês, Yue Gang.
Segundo ele, a China ainda
não teria os mesmos "complexos políticos" que seus rivais no mercado.
"Pequim não discrimina compradores", declarou. Neste período, o
contrato mais lucrativo da China foi a venda de 50 caças para o Paquistão.
Outro importante comprador foi a Venezuela, com importações de mais de US$ 480
milhões, 28% das vendas chinesas foram para Bangladesh e Mianmar.
O mercado africano também é
cada vez mais adepto às armas chinesas, principalmente depois que Pequim passou
a investir de forma pesada no continente. No período avaliado, 18 governos
africanos compraram armas chinesas.
Investimentos bilionários
fizeram da indústria chinesa uma das mais competitivas e modernas. Em paralelo
a isso, as importações de armas estrangeiras para a China caíram 42% em cinco
anos. Em 2000, a China era o maior importador do mundo. Hoje, já deixou o posto
para indianos e sauditas.
Apesar da expansão chinesa,
as empresas americanas ainda fornecem 31% de todas as armas do mundo, e as
indústrias russas, 27%. O levantamento do Instituto Internacional de Pesquisas
para a Paz de Estocolmo não inclui o Brasil entre os maiores exportadores do
mundo.
Ofensiva de vendas está
ligada a amplos gastos com Defesa¹
A ofensiva da China no
mercado internacional de equipamentos militares – armas e sistemas – está
diretamente ligada ao crescimento de seu orçamento de Defesa. A conta é alta,
aumenta sempre e é preciso obter recursos para subsidiar o "esforço de
ameaça permanente" referendado pelo Congresso Nacional do Povo.
Esses gastos aumentam desde
1995 – para 2015 a previsão de investimentos é de US$ 142 bilhões. É o segundo
maior pacote de despesas no setor entre as grandes economias mundiais, menor
apenas que o total aplicado pelos EUA – cerca de US$ 640 bilhões.
Os mercadores chineses são
agressivos. Atuam em regiões tão diferentes quanto América Latina, Ásia, África
Central e Oriente Médio. Em fevereiro, os fornecedores das empresas de Pequim
estavam envolvidos na disputa de contratos independentes, em fase de decisão,
cujos valores superavam US$ 3,5 bilhões.
A lista de compras dos
países potencialmente clientes, cuidadosamente mantida em sigilo, abrange
produtos como jatos de treinamento e ataque ao solo, blindados anfíbios sobre
rodas, lançadores de foguetes, mísseis navais com alcance de 100 km, corvetas,
radares de controle de área, tanques, e modernos sistemas de defesa antiaérea.
Além disso, há o fluxo habitual de fuzis, pistolas, munições, granadas, redes
de comunicações e, claro, a planilha dos itens paralelos – fardamento, rações
de longa duração, hospitais de campanha.
Bem próximo do Brasil, na
Venezuela e na Bolívia, as forças aéreas locais utilizam o jato Karakorum, de
treinamento e bombardeio leve. A Argentina considera receber caças supersônicos
J-10, helicópteros e cargueiros de uso geral.
O preço dos produtos
militares da China é atraente, geralmente 30% abaixo da cotação internacional,
combinando interesses comerciais e políticos. O caso argentino é típico. Enquanto
negoceia a revitalização das Forças Armadas com material chinês, a presidente
Cristina Kirchner cedeu a Pequim uma área na Província de Neuquén, a 1.800 km
de Buenos Aires, para pesquisa espacial. O programa chinês é controlado pelo
Ministério da Defesa. In “Defesanet” - Brasil
¹Análise: Roberto Godoy
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