SÃO PAULO – Os governos do
Brasil e dos Estados Unidos assinaram um memorando que prevê a assinatura de um
acordo que vai estimular setores econômicos que tenham condições de avançar
comercialmente por meio de políticas de facilitação, além de estabelecer ações
concretas em parceria com o setor privado para simplificar ou reduzir
exigências e burocracias. Com isso, os dois governos pretendem reduzir custos e
prazos do comércio bilateral, expandindo-o.
Além de servir para mostrar
que o Mercosul nunca foi impedimento para que o Brasil assinasse isoladamente
acordos com outras nações ou blocos, esse primeiro êxito da nova direção do
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) é um
reconhecimento implícito de que a estratégia comercial adotada há doze anos
pelo governo constituiu um rotundo fracasso, sendo responsável em grande parte
pela situação de desindustrialização por que passa o País hoje.
Como se sabe, àquela época, a
pretexto de diminuir uma possível dependência do Brasil em relação aos Estados
Unidos, o governo brasileiro trabalhou nos bastidores pelo fracasso das
negociações que visavam à criação da Área de Livre-Comércio das Américas
(Alca), conforme documentos divulgados em 2011 pelo WikiLeaks. Desde então, os
produtos manufaturados brasileiros começaram a perder espaço no maior mercado
do planeta.
Para refazer esses estragos
provocados pela adoção de uma política anacrônica, pois baseada na ideologia
Norte-Sul dos anos 60, o MDIC trata agora de restabelecer pontes com os Estados
Unidos, considerando aquele país um mercado prioritário. O resultado disso foi
a abertura de conversações para unificar exigências e padrões dos órgãos
normatizadores dos dois países – Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e
Tecnologia (Inmetro) e National Institute of Standards and Technology (Nist) –,
bem como estabelecer uma agenda para se chegar a acordos setoriais de
convergência e reconhecimento mútuo. As discussões priorizaram vários setores,
entre os quais os de cerâmica, máquinas, equipamentos e têxtil.
Além disso, o Inmetro e a
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) assinaram acordo de adesão ao
portal da ANSI, que já contava com a participação de países como Índia, China e
Coreia do Sul. Segundo o MDIC, trata-se de iniciativa conjunta para intercâmbio
e compartilhamento de informações técnicas para padronização do comércio
bilateral. Dessa forma, o setor privado terá rápido acesso a informações muito
relevantes para o comércio bilateral.
O que se espera agora é que
idênticos esforços sejam feitos também em direção a um acordo isolado com a
União Europeia, já que, depois de quinze anos de conversações infrutíferas,
aparentemente, não há mais condições de o Mercosul em uníssono apresentar aos
europeus uma proposta viável para a assinatura de um tratado de livre-comércio.
Como se sabe, são problemas internos do Mercosul que têm dificultado o
entendimento com os europeus. Se até aqui nunca houve livre-comércio nem entre
Brasil e Argentina, como poderia o Mercosul oferecer concessões aos parceiros
da Europa? Milton Lourenço – Brasil
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Milton
Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato
dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São
Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos,
Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site:
www.fiorde.com.br.
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