SÃO PAULO – Apesar
do excelente desempenho das commodities nos últimos anos, mesmo
enfrentando um dólar barato demais, o Brasil ocupa apenas a 22ª posição no ranking
dos exportadores, embora tenha o sétimo Produto Interno Bruto (PIB)
mundial. Isso ocorre em razão da perda de competitividade dos produtos
industrializados no mercado externo, que tem sido provocada pelo chamado custo
Brasil.
Como se sabe,
essas duas palavras resumem um quadro complexo que representa um desafio para o
próximo governo e também para as futuras gerações: infraestrutura deficiente e
cara, alta carga tributária, falta de reformas de base e defasagem cambial.
Tudo isso tem ajudado a ocasionar déficits comerciais que não param de crescer
e trazem consigo a eliminação de empregos. E, à falta de empregos, milhares de
jovens são levados à marginalidade, engrossando as estatísticas da violência
social.
Portanto, é
fundamental alterar essa situação a partir do aumento da participação
industrial na pauta exportadora. Afinal, basta ver o citado ranking dos
exportadores para perceber que os 14 maiores são países eminentemente vendedores
de produtos manufaturados. É isso que permite a definição de uma política de
comércio exterior.
Se o Brasil
continuar por muito tempo dependendo da venda de commodities, com
certeza, vai entrar num ciclo depressivo sem volta. Basta ver que a
participação industrial na pauta de exportações caiu de 59% em 2000 para 37% em
2013. Se continuar nessa trajetória, não é difícil prever o aumento do
desemprego na indústria, o que significa uma redução no número de consumidores
e problemas também no mercado externo.
Esse fenômeno
está também ligado à estratégia equivocada adotada pelo governo anterior, que
decidiu substituir uma possível dependência à economia norte-americana por
outros parceiros, esquecendo-se de que os Estados Unidos são o maior mercado do
planeta, cujas compras ultrapassam a faixa de US$ 2,5 trilhões. O resultado foi
que a participação dos Estados Unidos na exportação brasileira caiu de 25% em
2002 para 12% hoje.
Atualmente o
maior parceiro comercial do Brasil é a China, que compra 17% de tudo o que o
País vende para o exterior. Só que há uma diferença que explica o atual
fenômeno da desindustrialização pelo qual o Brasil passa: enquanto os Estados
Unidos compram produtos
industrializados, de maior valor agregado, o país asiático adquire basicamente
grãos e minério de ferro.
Para piorar,
além de ter um peso pequeno nas compras norte-americanas (1,5%), o Brasil se dá
ao luxo de registrar déficits comerciais com os Estados Unidos, comprando mais
do que exporta para lá. Portanto, é preciso urgentemente criar condições para
que o País passe por um processo de reindustrialização que promova a sua
inserção internacional. Milton Lourenço
- Brasil
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Milton
Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos
Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo
(Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de
Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site:
www.fiorde.com.br.
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