América
Latina precisa de cautela com Pequim
Primeiro foi a Espanha;
depois os EUA. E, agora, a China. Os novos "senhores coloniais" da
América Latina vêm da Ásia. Pagar e calar é o lema de Pequim, e muitos países
da região aceitam o dinheiro de bom grado. Em contrapartida, indenizam a
superpotência asiática com acesso às suas matérias-primas e rotas de
transporte.

Para realizar o sonho do
"Gran Canal" na Nicarágua, o Parlamento em Manágua aprovou uma lei em
junho de 2013 que transfere à empresa chinesa HKND os direitos para a
construção e operação do canal para os próximos cem anos.
A nova ligação entre o
Atlântico e o Pacífico deverá ter 278 quilômetros de comprimento, extensão três
vezes maior que a do Canal do Panamá. Centenas de milhares de hectares de
floresta tropical serão desmatados, e serão instalados também um novo oleoduto
e uma linha ferroviária.
Um olhar sobre a história do
Canal do Panamá mostra que projetos gigantescos para países pequenos são
geralmente uma empreitada altamente arriscada. Pois, enquanto Washington
administrava o canal, sobretudo os Estados Unidos embolsavam os lucros, e não a
população do Panamá.
O presidente da Nicarágua,
Daniel Ortega, aparenta não ter objeção alguma quanto a isso. E ele parece
estar em boa companhia dentro da América Latina. Também no Equador, empresas
chinesas receberam licença para exploração de petróleo. Isso, em plena área do
Parque Nacional Yasuní.
Venezuela, Cuba, Argentina e
Bolívia também pertencem à esfera de influência da China. Esses países, tomados
pela crise, vendem a "cooperação" com Pequim como resistência contra
Washington. Finalmente os "gringos" são colocados em seu devido
lugar, e a luta contra o neoliberalismo e o imperialismo dos EUA, argumentam,
começa a ter sucesso.
Mas as teorias de
conspiração e as palavras de ordem muitas vezes escondem a falta de capacidade
do governo. Dessa forma, o chamado socialismo do século 21 da Venezuela
mergulhou em uma profunda crise econômica. O país exportador de petróleo quase
não tem mais divisas para suas importações.
Na Argentina, as políticas
econômicas da presidente Cristina Kirchner e de seu antecessor levaram o país
ao calote técnico pela segunda vez em 12 anos.
É verdade que os governos
"progressistas" da América Latina se libertaram dos ditames de
Washington. Mas independência econômica ainda continua faltando. Em vez disso,
cresce a dependência de Pequim. Antiamericanismo por si só não é uma receita para
o sucesso. O exemplo do Panamá mostra que a luta pela independência política e
econômica é longa e difícil. Acorda, América! Astrid Prange – Alemanha in
“Deutsche Welle”
Sobre o canal da Nicarágua poderá ler os seguintes textos aqui publicados:
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