A
ria de Aveiro como fator de desenvolvimento
A denominada Ria de Aveiro corresponde
a uma zona lagunar que se estende ao longo da costa desde Ovar a Mira, com uma
extensão aproximada de 50 quilómetros e uma largura máxima de cerca de 11
quilómetros, separada do oceano Atlântico por um estreito cordão dunar.
Em toda a sua extensão toca
terras dos concelhos de Ovar, Murtosa, Estarreja, Aveiro, Ílhavo, Vagos e Mira.
Situa-se junto à foz de
várias linhas de água, entre as quais o Rio Vouga, o Rio Antuã, a Ribeira de
Boco e a Ribeira de Fontão, e comunica atualmente com o mar através do canal da
Barra.
Trata-se de uma laguna
natural que se criou a partir do séc. X, na sequência da formação de um dunar
desde o sul de Espinho até ao Cabo Mondego, cordão esse que teria sido uma
consequência da subida e estabilização dos fundos do oceano Atlântico e de
alterações das correntes marítimas. É, pois, um acidente geográfico bastante
recente, com pouco mais de mil anos. Antes da existência dessa extensa duna, o
mar chegava bem mais dentro até à foz dos acima mencionados rios, fazendo
sentir a sua influência para o interior, nomeadamente até às zonas da Pateira
de Fermentelos, de Frossos e do Marnel.
Ao longo dos séculos, devido
à grande instabilidade na comunicação da laguna com o mar, por um lado, e por
outro lado devido à grande quantidade de sedimentos acarretados pelas linhas de
água que afluíam à laguna, deram-se fenómenos de assoreamento que resultaram na
formação de inúmeras ilhas, esteiros e canais, entre os quais se destacam o
Canal da Mira, o Canal de Vagos, o Canal de Ovar.
Este assoreamento teve
grandes e graves reflexos na vida das povoações ribeirinhas, até que no início
do séc. XIX foi decidido abrir o existente canal artificial da Barra.
Estamos, portanto, perante
um amplo e complexo ecossistema natural, de características muito especiais,
incluindo algumas fragilidades.
Nesta imensa laguna de águas
calmas, com índices muito díspares de salinidade e com fundos muito variáveis,
foram-se desenvolvendo não só uma fauna e flora bastante diversificadas e que
hoje constituem verdadeiros casos de estudo, mas também se foi criando e
desenvolvendo uma atividade económica muito variada, cujo potencial está longe
de ser esgotado.
Neste capítulo, desde há
muito que se destaca o Porto de Aveiro, para cujo desenvolvimento foi essencial
a abertura e fixação do canal da Barra. Primeiramente como porto de pesca,
tanto costeira como longínqua, foi uma das principais praças piscatórias do
País e ainda hoje mantém significativa atividade. Atualmente como porto
comercial, é um dos 5 principais portos nacionais, registando elevados índices
de crescimento e superando as metas pré-estabelecidas. Para além disso, os
investimentos em curso irão dotá-lo de ainda maior capacidade de resposta e
abrirão novas perspetivas, pelo que passará a ser uma importantíssima
infra-estrutura para o desenvolvimento, não só para a Região de Aveiro como
para toda a Grande Região Centro e Norte de Portugal e de parte de Castela e
Leão da vizinha Espanha, com a particularidade de ser um porto mais exportador
do que importador.
Portugal dispõe de vantagens
que potenciam as trocas comerciais com outros mercados, devido ao facto de ser
um país periférico da União Europeia e, consequentemente, aquele que se
encontra mais próximo dos continentes africano e americano.
E estas vantagens têm vindo
a ser trabalhadas pela Associação Industrial do Distrito de Aveiro (AIDA) no
apoio dado aos processos de internacionalização das empresas da Região,
designadamente através de realização de Missões Empresariais.
Contudo, estas vantagens
conferidas pela localização geográfica são esbatidas desde logo pelo elevado
custo de transporte para os mercados centrais da Europa.

O objectivo do PROPOSSE foi,
precisamente, ligar o porto de Aveiro à Europa, através de duas linhas
marítimas regulares, em que os camiões embarcam com as mercadorias que
distribuem no destino, depois do desembarque, retirando-os assim das estradas
europeias, promovendo o transporte marítimo de curta distância (TMCD) ou short sea shipping que permitirá às
empresas exportadoras da região reduzir custos e aumentar as exportações.
Para além da importante
atividade portuária, um número significativo de outras atividades se
desenvolvem no interior e em redor da Ria de Aveiro, desde o sector primário ao
terciário, nomeadamente desde a agricultura, a salicultura, a aquacultura, a
piscicultura, a indústria da construção e reparação naval, o turismo, os desportos
náuticos, o fornecimento de equipamentos e de serviços conexos a todas essas
prestações, até à aturada investigação que vem sendo desenvolvida na
Universidade de Aveiro. Tudo são exemplos da multiplicidade de oferta de
oportunidades de negócio que o amplo espaço da Ria de Aveiro proporciona, da
riqueza que cria e dos muitos milhares de postos de trabalho que alimenta,
sendo por isso, um importante fator de desenvolvimento e de coesão da Região.
Atenta a este aspeto, a AIDA
procura estar em permanente contacto com as entidades que intervêm na complexa
gestão da Ria de Aveiro, para que os agentes económicos que aqui se encontram
instalados poderem ter um desempenho mais eficaz. Paiva de Castro – Portugal in
“Diário de Aveiro”
Fernando
Paiva de Castro – Presidente da Associação Industrial do Distrito de Aveiro
(AIDA)
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