Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Geórgia – Novo Observador Associado da CPLP

Para a maioria dos cidadãos lusófonos houve uma reacção de estranheza quando se aperceberam que a República da Geórgia, um país que fica na fronteira da Europa com a Ásia, tinha solicitado e passado a ser Observador Associado da CPLP.

Quem olha para o mapa a única semelhança que encontra entre este país e os países lusófonos, é ele ser também banhado por um mar, neste caso o Mar Negro.

Na realidade os argumentos apresentados pela Geórgia para a sua aproximação ao mundo lusófono têm sustentação e demonstram um conhecimento histórico tanto do ocidente como do oriente.

Como Portugal é conhecido como “os lusitanos” porque anteriormente o território português foi ocupado por este povo que pertencia à Lusitânia, os antepassados dos georgianos foram os “iberos” povo do Reino da Ibéria que ocupou também a mesma região da actual Geórgia.

Sustenta a República da Geórgia e o seu povo, com alguma razão, que os seus antepassados navegaram para ocidente, pelas águas calmas dos mares Negro e Mediterrâneo e aportaram à região oriental da actual península ibérica, nome originário precisamente deste povo e a partir da foz do rio Ebro, começaram a dispersar-se por toda a península.

Quando digo com alguma razão, embora não haja documentação para avaliar a proximidade entre estes dois povos, principalmente depois da destruição da Biblioteca e Arquivo Real, consumidos pelo fogo, durante o terramoto de 1755, há factos que são provas evidentes e realçam que embora distantes fisicamente, os hábitos, os costumes em alguns casos tão semelhantes, preservados ao longo dos séculos, evidenciam uma mesma origem e um factor de unidade entre os dois povos.

Rainha Ketevan refém dos persas - painel de Lisboa
Mais tarde outro acontecimento leva a República da Geórgia a fundamentar a aproximação entre portugueses e georgianos, quando Luís de Camões na sua obra poética “Os Lusíadas” refere-se aos georgianos, um pequeno povo situado entre dois impérios. Que razões terão levado Camões a enumerar este povo no seu relato?

Martírio da Rainha Ketevan - Convento da Graça - Lisboa
Nem um século depois da referência de Camões, outro facto histórico une portugueses e georgianos para além de terem o mesmo santo padroeiro, S. Jorge. A 23 de Setembro de 1624 dois missionários agostinhos portugueses, Ambrósio dos Anjos e Pedro dos Santos assistiram ao martírio da Rainha da Geórgia Ketevan, mandada assassinar pelo Xá da Pérsia Abbas I. Posteriormente os dois missionários recuperaram o corpo da rainha e levaram-no para Goa onde uma parte do corpo foi sepultada na igreja de Santo Agostinho, sendo a outra parte entregue ao filho da rainha Teimuraz I.

Estes missionários tiveram a preocupação de documentar todos estes acontecimentos havendo em Lisboa dois painéis alusivos ao acontecimento. A Igreja Ortodoxa da Geórgia canonizou Ketevan, sendo a festa da santa realizada a 26 de Setembro.

A República da Geórgia tem actualmente uma população aproximada de 4,5 milhões de habitantes, uma área ligeiramente inferior a Portugal de 69,7 mil quilómetros quadrados e tem como capital a cidade de Tbilisi. É banhada pelo mar Negro e faz fronteira com a Rússia, Azerbaijão, Arménia e Turquia. Baía da Lusofonia


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