Depois de ter visitado as profundezas do oceano num
documentário sobre a Antártica, o actor Javier Bardem está em negociações para
interpretar o rei Tritão em “A Pequena Sereia”, projecto que encara com um
aliado na luta para salvar os oceanos
No
documentário “Sanctuary”, as câmaras seguem Javier Bardem e o seu irmão
Carlos até à Antártica, em busca de apoio para a campanha do “Greenpeace” para
proteger o oceano sul da depredação humana. Durante a viagem, o actor espanhol
entra num pequeno submarino para duas pessoas e acompanha a recolha de amostras
de espécimes afectadas pelas mudanças climáticas e pela pesca com redes de
arrasto.
“Graças
a Deus não sou claustrofóbico… era como um Kinder ovo”, confessou à agência
AFP, ressalvando que “estava em boas mãos”.
O
actor vencedor do Óscar contou que a sua mãe sensibilizou-o para a importância
de “defender sempre as causas que considera justas”, o que se traduziu em
tempos recentes no seu envolvimento em causas ambientais. No mês passado,
Bardem defendeu nas Nações Unidas a criação de um tratado mundial sobre
oceanos.
“O
mundo está a observar” e “não podemos dar-nos ao luxo de nos equivocarmos”,
disse, instando ainda mais colegas de Hollywood a aproveitarem o seu
“potencial” para chegar a milhões de pessoas com vista a fomentarem a mudança.
Em
conversas com Rob Marshal sobre o “live-action” de “The Little Mermaid”
(“A Pequena Sereia”), Bardem pediu ao realizador para adicionar mensagens
ambientais ao filme.
“Temos
de aproveitar essa história bonita e incrível escrita por (Hans Christian)
Andersen e abordar a poluição dos oceanos”, defendeu Bardem. “Pode-se chegar a
milhões e milhões de gerações mais jovens… isso é uma coisa que filmes como
esse podem e devem fazer”.
Segundo
o actor, Marshall mostrou-se “muito aberto” à sugestão, mas qualquer mudança
deve ser aprovada pelo estúdio. “É uma grande maquinaria, não é um realizador
de cinema que tem o seu próprio filme onde pode tomar todas as decisões… Isso é
a Disney”, apontou.
Bardem
reconheceu que cantar no filme da “Pequena Sereia” também o entusiasma por ter
dois filhos com a actriz Penélope Cruz, incluindo uma menina de dois anos. “O
papá será um herói! Só por isso vale a pena”, brincou.
De
resto, a paternidade foi um incentivo para o actor adoptar a causa ambiental
com mais garra. “Quando temos um filho, tornamo-nos pais de todas as crianças
do mundo. Sei que soa a muito piroso, mas é verdade. Com 18 ou 20 anos dirão:
‘Que vergonha! Sabia da crise e o que fez sobre isso?”.
Bardem
diz ser essencial escolher papéis com mensagens importantes. No seu próximo
filme, “Dune”, interpreta o líder da última tribo sobrevivente num planeta cujo
ecossistema ruiu, obrigada a reciclar saliva, suor e urina para suportar o
calor. “Isso pode ser uma realidade em 20 anos”, alertou.
Em
“Sanctuary”, reuniu-se com políticos e transmitiu ao vivo da Antártica
para impulsar uma campanha que visa angariar 1,8 milhão de assinaturas para
criar a maior área protegida do mundo, uma assinatura por cada quilómetro
quadrado.
Javier
Bardem elogiou ainda o trabalho da activista Greta Thunberg e classificou como
“gigante” a greve escolar em prol das mudanças climáticas em todo o mundo,
esperando que cause pressão aos políticos. Porém, após a sua própria
experiência na ONU num painel composto por cientistas do clima de alto nível,
percebeu que o caminho é longo. “Irritou-me muito porque mais de metade da sala
estava vazia. É um mau começo”, lamentou, frisando que “isto deveria estar em
primeiro lugar na agenda de todos, porque afecta-nos a todos”. In “Jornal
Tribuna de Macau” – Macau com “Agências
Internacionais”
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