Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Macau – 10ª edição do Salão de Outono

Inspirado na tradição artística parisiense do início do século XX, a exposição Salão de Outono tem sido uma plataforma de lançamento de novos artistas de Macau na última década com a atribuição do Prémio Fundação Oriente para as Artes Plásticas. Em ano do 10º aniversário, o evento conta com a presença no dia da inauguração do escritor angolano Ondjaki para uma sessão de música e ‘spoken word’ com o título “Chão de Novo”



A exposição ‘Salão de Outono 2019’ vai ser inaugurada no próximo dia 2 de Novembro, às 17h30, na Casa Garden com a apresentação de um total de 78 obras de quase 50 artistas locais. Organizado pela Art For All Society (AFA) e pela Fundação Oriente, o evento comemora o 10.º aniversário este ano com uma amostra do que se faz em Macau a nível artístico, e a divulgação do Prémio Fundação Oriente para as Artes Plásticas, que garante desde logo ao vencedor um prémio monetário e a oportunidade de visitar Portugal para um programa de intercâmbio artístico de um mês.

As 78 obras de arte seleccionadas pelo júri incluem pintura a óleo e a acrílico, aguarela, desenho, escultura, fotografia, gravura e instalação. Segundo a informação veiculada pela organização, na décima edição do evento participaram não só jovens e potenciais artistas, mas também artistas que já desempenham um papel central no cenário da arte contemporânea de Macau, nomeadamente Cai Guo Jie, Erik Fok, Lai Sio Kit, Francisco Ricarte, Ricardo Meireles ou Sylviye Lei.

Em declarações ao Ponto Final, Ana Paula Cleto, delegada de Macau da Fundação Oriente, fez um balanço positivo da primeira década do ‘Salão de Outono’ e considerou que evento tem sido determinante para ajudar a desenvolver o trabalho de jovens artistas locais. “Não podemos deixar de confirmar que o projecto em si foi essencial para o desenvolvimento do trabalho dos artistas em Macau”, começa por dizer Ana Paula Cleto, acrescentando que desde que a Fundação Oriente começou a organizar este evento com a AFA, tem-se notado um aumento de “acontecimentos deste género, no sentido de exposições, a acontecerem em Macau”.

Uma opinião partilhada por Alice Kok, presidente da AFA, que assinala também o aumento do número de artistas e de produção artística de qualidade na última década por causa do ‘Salão de Outono’. “Há um aumento óbvio do número de artistas e de produção artística nos últimos dez anos. Hoje em dia têm surgido jovens com produções artísticas muito mais maduras em comparação com artistas da mesma idade que surgiam há dez anos. As produções dos jovens artistas são mais maduras e variadas em termos de qualidade e expressões”, afirmou Alice Kok ao Ponto Final.



“Nos últimos anos, o número de entradas tem sido mais ou menos o mesmo, mas em comparação com o Salão de Outono de há dez anos houve um aumento no total. Nestes últimos dez anos testemunhámos um grande florescimento das expressões artísticas criadas por jovens de Macau. O Salão de Outono foi criado exactamente para isso. Todos os anos é como um banquete com obras de arte à disposição onde compartilhamos o nosso apreço pelas crescentes formas de arte criadas por artistas locais. Penso que é um evento muito importante para manter uma tradição e celebrar a nossa colheita artística”, frisa a presidente da AFA.

Presente desde o início do projecto, Ana Paula Cleto acompanhou a evolução e a qualidade dos trabalhos apresentados tanto para o Salão Outono, como nas próprias candidaturas ao Prémio Fundação Oriente para as Artes Plásticas.

“Os artistas, de certa forma, começaram a ser menos introvertidos no sentido de mostrarem a sua arte e começaram a participar em mais exposições. Esta é uma possibilidade que nós damos a muitos artistas que não têm nenhuma hipótese de expor em lugar nenhum, nem em Macau, nem fora de Macau, de mostrarem as suas obras pela primeira vez. Portanto, nesse sentido, o Salão de Outono é um marco importante”, frisou Ana Paula Cleto, acrescentando também que se nota uma enorme diferença no crescimento dos jovens artistas de Macau após a residência em Lisboa.

“Penso que esta primeira possibilidade que nós damos aos jovens artistas de participarem no Salão de Outono, e depois a projecção com o prémio, eles depois lançam-se. Vão a Portugal, fazem uma exposição em Lisboa, são vistos por pessoas interessadas, coleccionadores, e naturalmente que isto dá-lhes uma perspectiva, eu diria que isto lhes dá asas para voarem, e vê-se perfeitamente a diferença do antes de irem a Portugal e o depois, é muito evidente”, afirmou Ana Paulo Cleto ao Ponto Final.

Prémio Fundação Oriente para as Artes Plásticas

Para além da exposição de 78 obras de quase 50 artistas locais na Casa Garden, o Salão de Outono é ainda palco para a atribuição do Prémio Fundação Oriente para as Artes Plásticas, que garante ao vencedor um prémio monetário e uma residência artística em Portugal.

No ano passado, a vencedora do Prémio Fundação Oriente para as Artes Plásticas foi Yang YiJun com uma escultura em madeira dela própria em tamanho quase natural, e com uma expressão que marcou o público pelo realismo da figura.

“Este ano concorrem 21 pessoas ao Prémio Fundação Oriente para as Artes Plásticas, o que foi um número muito bom porque foi o ano em que tivemos mais candidatos com peças muito boas, o que fez com que nós atribuíssemos algumas menções honrosas, mas a obra vencedora é muito interessante e com um conceito por detrás da obra com uma abordagem moderna e ao mesmo tempo clássica”, revelou Ana Paula Cleto ao Ponto Final.



Poesia em língua portuguesa na voz de um escritor angolano

Na comemoração dos 10 anos do “Salão de Outono”, a Fundação Oriente convidou o escritor Ondjaki e a violoncelista brasileira Maria Clara Valle para apresentarem um espectáculo de música e ‘spoken word’ com o título “Chão de Novo”, que se irá realizar no dia da inauguração do evento, às 19h30, no jardim da Casa Garden.

O espectáculo estabelece o encontro da poesia em língua portuguesa, dita pelo escritor Ondjaki, com a música da brasileira Maria Clara Valle. A poesia é de escritores de língua portuguesa e o espectáculo varia entre a leitura dos poemas e a música.

“Os salões de Outono em França não eram só exposições de obras de arte, eram outras intervenções artísticas também, e essa também foi sempre a ideia de complementar este Salão de Outono com mais alguma coisa, para além da pintura, da escultura, da gravura, das artes plásticas, e o ano passado já tínhamos convidado para um espectáculo o poeta português José Anjos com o músico João Morais, que é conhecido pelo ‘O Gajo’, e para além desses dois músicos, convidámos uma rapariga chinesa para dizer poesia em chinês, e fizemos um espectáculo no jardim da Casa Garden, precisamente à mesma hora do que vai acontecer este ano”, começou por dizer a delegada de Macau da Fundação Oriente sobre a oportunidade de trazer este ano o escritor angolano.

“Para este ano, considerámos que deveríamos trazer novamente alguém e surgiu-nos a oportunidade de trazer o Ondjaki. E o Ondjaki é o Ondjaki, um excelente escritor. Para além desse espectáculo vamos ter ainda um concerto de Jazz. Espero que estes espectáculos sejam ainda melhores do que nas últimas edições, e que venha a enriquecer este evento que realizamos todos os anos. Esperemos contar com mais presenças deste género, nem sempre é possível”, assinalou Ana Paula Cleto. In “Ponto Final” - Macau

pontofinalmacau@gmail.com

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