O bom desempenho na língua portuguesa levou a Casa de
Portugal a voltar a distinguir estudantes de algumas escolas e instituições de
ensino superior de Macau. Incentivo à continuidade do estudo desta língua por
parte das seis estudantes premiadas, pretende também ser um estímulo ao empenho
de outros
Foram
distinguidas seis alunas de algumas escolas e instituições de ensino superior
de Macau pelo seu desempenho no âmbito da língua portuguesa. Decorreu ontem a
cerimónia da entrega dos prémios de Português da Casa de Portugal, na qual
estiveram presentes quatro das alunas reconhecidas, uma acção que se espera
incentivar também outros membros da comunidade estudantil. Para Amélia António,
presidente da Casa de Portugal, é um estímulo, para que quem ganhou considere
“que valeu a pena terem trabalhado”, e que os outros “sintam que se trabalharem
também podem ser premiados”.
“Acho
que é um incentivo para os restantes alunos. Quando num grupo algum aluno se
destaca na língua portuguesa, aqueles que acham que é uma disciplina difícil,
uma língua complicada, dizem ‘ah, mas aquele recebeu um prémio, foi capaz. Se
ele foi capaz eu também sou’”, exemplificou Amélia António. A atribuição do
prémio visa também comemorar o dia 5 de Outubro, data da Implantação da
República Portuguesa.
A
presidente da Casa de Portugal aproveitou a ocasião para incentivar os alunos a
aprofundarem os seus conhecimentos, e ajudarem a tornar a língua portuguesa a
ser mais “falada, conhecida e apreciada”. “É algo de que me orgulho muito,
porque deu muito prazer o trabalho que foi feito para alcançar este prémio”,
disse Sofia Drogas no seguimento da cerimónia. A aluna premiada, da Escola
Portuguesa de Macau (EPM) revelou gostar de poesia e considerar o português
“uma língua muito rica e bonita”.
Nikki
Jade Michelle, da Escola Luso-Chinesa Gonzaga Gomes, declarou estar “muito
contente” com o prémio, e mostrou vontade de treinar mais. Questionada sobre o
que gosta mais na língua portuguesa, a jovem de 15 anos respondeu ser a
cultura.
Por
outro lado, Maria Clara destacou a importância em receber o prémio porque “é um
prémio que me faz representar também a minha língua materna. (…) Ao mesmo tempo
estou no meio dos chineses homenageando a minha própria língua”.
A
estudante da Escola Luso-Chinesa Técnico Profissional, que também sabe chinês,
notou que “saber falar as duas línguas oficiais do lugar acho que é uma coisa
muito importante”. Há seis anos em Macau, Maria Clara explicou como atingiu o
seu nível linguístico. “O Português que ensinam na minha escola é um pouco mais
básico. Então são coisas que eu praticamente aprendi no Brasil. Mesmo assim
acho que é um desafio para mim poder relembrar tudo o que aprendi”. Contou
ainda que fala Português com os pais em casa e estuda.
Já
no ensino superior, Vitória Ma declarou que receber o prémio é “uma grande
honra para qualquer aluno ou aluna que está a prender língua portuguesa”, bem
como um incentivo para continuar a sua aprendizagem. O maior interesse para a
jovem de 22 anos prende-se com a cultura: “É muito diferente da cultura
chinesa, por isso estou muito interessada nesta parte”. “Queria ser uma
professora de língua portuguesa no futuro, e gostaria de dar as minhas
contribuições para o desenvolvimento ou divulgação desta língua em Macau”,
disse a estudante do Instituto Politécnico de Macau.
As
outras duas alunas premiadas, que não marcaram presença, estudam na EPM e na
Universidade de Macau.
Interesse pelo Português “tem subido muito”
É
pela quantidade de Português que se houve na rua que por vezes as pessoas medem
o interesse pela língua. “De facto é difícil, mas temos milhares de pessoas na
rua de Macau, portanto não é muito natural ouvir falar português a qualquer
hora. Agora, que o interesse pelo Português tem subido de forma notória, não
tenho dúvida nenhuma”, defendeu Amélia António, que considera ser algo que “tem
crescido sistematicamente”.
A
presidente da Casa de Portugal deu como exemplo o volume de inscrições nas
actividades de Verão da associação. No conjunto de nove semanas, houve 860
inscrições, “e a grande maioria desses miúdos que vieram frequentar não eram e
língua portuguesa”, sendo o objectivo “que eles se familiarizem, que ganhem
apetência e ouvido que torne mais fácil a aprendizagem”.
Para
além disso, Amélia Antónia explicou que “nas mais pequenas coisas, quando
interagimos com as outras comunidades, e especialmente com a local chinesa,
sentimos uma maior procura”. E referiu ainda haver estabelecimentos onde se
ensina português esgotados. Algo que considera fazer sentido já que “também há
muito estudante em Macau que tem aspirações a fazer o seu curso fora”,
destacando nesse âmbito o acesso que a EPM dá a universidades no exterior. Salomé
Fernandes – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”
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