Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Macau - Casa de Portugal distinguiu bom desempenho na língua portuguesa

O bom desempenho na língua portuguesa levou a Casa de Portugal a voltar a distinguir estudantes de algumas escolas e instituições de ensino superior de Macau. Incentivo à continuidade do estudo desta língua por parte das seis estudantes premiadas, pretende também ser um estímulo ao empenho de outros



Foram distinguidas seis alunas de algumas escolas e instituições de ensino superior de Macau pelo seu desempenho no âmbito da língua portuguesa. Decorreu ontem a cerimónia da entrega dos prémios de Português da Casa de Portugal, na qual estiveram presentes quatro das alunas reconhecidas, uma acção que se espera incentivar também outros membros da comunidade estudantil. Para Amélia António, presidente da Casa de Portugal, é um estímulo, para que quem ganhou considere “que valeu a pena terem trabalhado”, e que os outros “sintam que se trabalharem também podem ser premiados”.

“Acho que é um incentivo para os restantes alunos. Quando num grupo algum aluno se destaca na língua portuguesa, aqueles que acham que é uma disciplina difícil, uma língua complicada, dizem ‘ah, mas aquele recebeu um prémio, foi capaz. Se ele foi capaz eu também sou’”, exemplificou Amélia António. A atribuição do prémio visa também comemorar o dia 5 de Outubro, data da Implantação da República Portuguesa.

A presidente da Casa de Portugal aproveitou a ocasião para incentivar os alunos a aprofundarem os seus conhecimentos, e ajudarem a tornar a língua portuguesa a ser mais “falada, conhecida e apreciada”. “É algo de que me orgulho muito, porque deu muito prazer o trabalho que foi feito para alcançar este prémio”, disse Sofia Drogas no seguimento da cerimónia. A aluna premiada, da Escola Portuguesa de Macau (EPM) revelou gostar de poesia e considerar o português “uma língua muito rica e bonita”.

Nikki Jade Michelle, da Escola Luso-Chinesa Gonzaga Gomes, declarou estar “muito contente” com o prémio, e mostrou vontade de treinar mais. Questionada sobre o que gosta mais na língua portuguesa, a jovem de 15 anos respondeu ser a cultura.

Por outro lado, Maria Clara destacou a importância em receber o prémio porque “é um prémio que me faz representar também a minha língua materna. (…) Ao mesmo tempo estou no meio dos chineses homenageando a minha própria língua”.

A estudante da Escola Luso-Chinesa Técnico Profissional, que também sabe chinês, notou que “saber falar as duas línguas oficiais do lugar acho que é uma coisa muito importante”. Há seis anos em Macau, Maria Clara explicou como atingiu o seu nível linguístico. “O Português que ensinam na minha escola é um pouco mais básico. Então são coisas que eu praticamente aprendi no Brasil. Mesmo assim acho que é um desafio para mim poder relembrar tudo o que aprendi”. Contou ainda que fala Português com os pais em casa e estuda.

Já no ensino superior, Vitória Ma declarou que receber o prémio é “uma grande honra para qualquer aluno ou aluna que está a prender língua portuguesa”, bem como um incentivo para continuar a sua aprendizagem. O maior interesse para a jovem de 22 anos prende-se com a cultura: “É muito diferente da cultura chinesa, por isso estou muito interessada nesta parte”. “Queria ser uma professora de língua portuguesa no futuro, e gostaria de dar as minhas contribuições para o desenvolvimento ou divulgação desta língua em Macau”, disse a estudante do Instituto Politécnico de Macau.

As outras duas alunas premiadas, que não marcaram presença, estudam na EPM e na Universidade de Macau.

Interesse pelo Português “tem subido muito”

É pela quantidade de Português que se houve na rua que por vezes as pessoas medem o interesse pela língua. “De facto é difícil, mas temos milhares de pessoas na rua de Macau, portanto não é muito natural ouvir falar português a qualquer hora. Agora, que o interesse pelo Português tem subido de forma notória, não tenho dúvida nenhuma”, defendeu Amélia António, que considera ser algo que “tem crescido sistematicamente”.

A presidente da Casa de Portugal deu como exemplo o volume de inscrições nas actividades de Verão da associação. No conjunto de nove semanas, houve 860 inscrições, “e a grande maioria desses miúdos que vieram frequentar não eram e língua portuguesa”, sendo o objectivo “que eles se familiarizem, que ganhem apetência e ouvido que torne mais fácil a aprendizagem”.

Para além disso, Amélia Antónia explicou que “nas mais pequenas coisas, quando interagimos com as outras comunidades, e especialmente com a local chinesa, sentimos uma maior procura”. E referiu ainda haver estabelecimentos onde se ensina português esgotados. Algo que considera fazer sentido já que “também há muito estudante em Macau que tem aspirações a fazer o seu curso fora”, destacando nesse âmbito o acesso que a EPM dá a universidades no exterior. Salomé Fernandes – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”

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