A International
Ozone Association (Associação Internacional de Ozono), a única associação
científica do mundo dedicada às múltiplas aplicações do ozono, distinguiu um
estudo da Universidade de Coimbra (UC) que propõe diversas soluções inovadoras
para tratamento de águas residuais com contaminantes emergentes, tendo por base
o uso de ozono e a biofiltração, utilizando a Corbicula fluminea.
Os
contaminantes emergentes, tais como fármacos, pesticidas, e produtos de higiene
pessoal, entre outros, são compostos químicos bastante complexos, e os atuais
métodos usados nas estações de tratamento de águas residuais (ETAR) não são
eficazes na sua remoção.
O
método proposto pelo investigador João Gomes, do Departamento de Engenharia
Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra
(FCTUC), recorre ao ozono fotocatalítico, ou seja, ozono associado a um
catalisador (que acelera as reações químicas) e luz.
Neste
caso, o investigador utilizou vários catalisadores, entre os quais rochas
vulcânicas provenientes dos Açores. «Caracterizámos as amostras das pedras e
verificámos que apresentavam propriedades com grande potencial para, em
conjunto com uma pequena quantidade de ozono, degradar contaminantes tóxicos
que não são removidos eficazmente pelos processos convencionais de tratamento
de água», explica João Gomes.
O
investigador justifica a opção de utilizar ozono associado a catalisadores com
o facto de, «apesar de ser um gás fortemente oxidante e muito eficaz na
degradação de poluentes químicos, o ozono é um gás caro. Os catalisadores
permitem reduzir a quantidade de ozono necessária à descontaminação, tornando o
processo economicamente viável».
As
várias experiências realizadas em laboratório com uma mistura de parabenos,
compostos muito utilizados, por exemplo, em géis de banho e champôs,
apresentaram resultados promissores. «Na presença de catalisadores, com uma
pequena quantidade de ozono, a concentração inicial de parabenos foi totalmente
removida, ao contrário do que se verifica utilizando apenas ozono», sublinha
João Gomes.
Provado
o conceito e tendo já sido feita a aplicação em efluente real, o investigador
vai agora otimizar o sistema à escala piloto.
Sobre
a atribuição do prémio “Willy Masschelein Prize 2019”, o investigador, que
realizou o estudo no âmbito do seu doutoramento, orientado pelos professores
Rui Martins e Rosa Quinta Ferreira, afirma que «é uma honra imensa ver o nosso
trabalho reconhecido pela comunidade científica internacional. Este prémio
reconhece igualmente a qualidade da investigação desenvolvida no Departamento
de Engenharia Química da UC».
O
galardão vai ser entregue no próximo dia 23 de outubro, em Nice (França),
durante o IOA World Congress&Exhibition. Ao fundamentar a sua
escolha, o júri destacou «a originalidade, novidade e importância da pesquisa,
revelando conhecimentos sem precedentes para possíveis aplicações de ozono». Universidade
de Coimbra “Faculdade de Ciências e Tecnologia” - Portugal
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