O projeto-piloto que repôs a possibilidade de estudar
língua portuguesa no liceu (ensino secundário) em França teve apenas cerca de
110 candidaturas em França, 90 das quais na Guiana Francesa, território na
América do Sul que faz fronteira com o Brasil
“Na
quarta-feira passada reuniu em Lisboa a Comissão de Acompanhamento do Acordo
Bilateral [entre França e Portugal] em matéria de educação. Verificamos que na
nova oferta ao nível do ensino secundário, há 90 estudantes inscritos na Guiana
Francesa e há perto de duas dezenas aqui em Paris”, anunciou o ministro dos
Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, na capital francesa.
O
anúncio surge depois de a França ter recuado na retirada do ensino de português
como especialização de língua e cultura como prova de entrada na universidade
após uma recente reforma introduzida pelo atual Governo francês fizesse com que
o português deixasse de contar para os exames nacionais, tendo menor
preponderância na nota final dos alunos
Esta
experiência, agora em vigor, pode durar entre dois a três anos para perceber
“se há realmente alunos suficientes interessados nesta especialização”.
“Vamos
precisar de dois ou três anos para ver se é um sistema que pode funcionar a
nível da língua portuguesa”, disse Anne-Dominique Vallières, inspetora geral da
educação para o português em França, em declarações à Lusa.
No
entanto, segundo Anne-Dominique Vallières, “a possibilidade de aprender
português no liceu continua para todos os alunos que queiram aprender a língua
de Camões como língua estrangeira, não contando é como especialidade para
terminar o ensino secundário – algo que só interessará a quem quiser prosseguir
estudos superiores de língua portuguesa”.
Com
os atrasos da implementação deste projeto piloto, apenas um liceu na região
parisiense está a oferecer atualmente a possibilidade da língua portuguesa e
cultura como especialidade, levando o Instituto Camões a pedir mais esforços no
próximo ano letivo ao Ministério da Educação francês.
“O
que pedimos à parte francesa é que seja feita uma preparação cuidada, uma
campanha de informação em conjunto, para que o número de inscrições possa
crescer e até manifestámos o desejo que o número de escolas abrangido pudesse
subir”, indicou Luís Faro Ramos, presidente do Instituto Camões, que diz que o
facto de a decisão francesa “ter sido tomada em cima das inscrições” pode ter
reduzido o número de alunos que conheciam essa possibilidade.
O
recuo foi conseguido antes do verão, com a introdução deste projeto piloto na
Guiana Francesa, que faz fronteira com o Brasil, e em Paris, onde se concentra
a maior comunidade de luso-descendentes, através dos esforços diplomáticos de
todos os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa com embaixador
acreditado em França.
Os
professores de português em França também se mobilizaram e lançaram uma
petição, considerando a retirada do português como “uma discriminação” e
alertando para o potencial decréscimo de alunos interessados em aprender
português. In “Revista Port. Com” - Portugal
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