A presença pioneira dos portugueses na Ásia no séc. XVI e
XVII, catalisadora dos primeiros contactos entre a Europa e o Oriente,
apresenta ainda nos dias de hoje marcas vivas dessa Era dos Descobrimentos
É
o caso do Sri Lanka, antigo Ceilão, ou a afamada “Taprobana de Camões”, uma
nação insular situada ao largo da extremidade sul do subcontinente indiano, que
preserva desde a centúria quinhentista, época em que os portugueses foram os
primeiros europeus a desembarcar neste território asiático, um singular legado
luso.
Essa
herança histórica remanesce na atualidade, desde logo, nos apelidos de mais de
metade da população, estimada em cerca de 22 milhões de habitantes, como
Perera, Fernandes, Sousa, Silva ou Fonseca.
Os
elementos da cultura da Pátria de Camões no Sri Lanka estendem-se ainda à
existência de uma comunidade de ascendência portuguesa, os “burghers”. Um grupo
étnico que professa o cristianismo e fala um crioulo de raiz portuguesa, e que
se encontra essencialmente concentrado nas cidades de Batticaloa e Trincomalee,
na Província Oriental.
Ainda
que esta comunidade não corresponda sequer a 1% da população total deste país
asiático onde predomina a religião budista, hinduísta e islâmica, as raízes
portuguesas encontram-se também presentes nas tradições musicais destes grupos
étnicos, como a “Baila”, um estilo de música muito popular no antigo Ceilão.
A
notável herança portuguesa na afamada “Taprobana de Camões” tem sido ao longo
dos últimos anos metodicamente estudada pelo Professor Auxiliar da Universidade
de Lisboa, Hugo Cardoso, investigador responsável do projeto “Documentation
of Sri Lanka Portuguese”, financiado pela “Endangedered Languages
Documentation Programme” da School of Oriental and African Studies da
Universidade de Londres. Um trabalho de enorme alcance cultural sobre a
presença pioneira dos portugueses na Ásia, que tem como principal objetivo
criar um corpus anotado da língua, música e danças portuguesas no antigo
Ceilão, que inclui inclusive materiais primários recolhidos em diversos
arquivos e bibliotecas. Daniel Bastos – Canadá in “Milénio
Stadium”
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