A
barreira linguística é um dos maiores problemas que afeta os idosos portugueses
que residem na Greater Toronto Area (GTA). O Abrigo Centre e o First
Portuguese Centre, duas das instituições mais antigas da comunidade a trabalhar
com a terceira idade, dizem que faz falta um espaço onde os utentes se sintam
menos isolados
O Abrigo
Centre tem quase 250 idosos inscritos no seu centro de dia e as idades variam
entre os 62 e os 93 anos. Em entrevista ao Milénio Stadium, a técnica do Abrigo
contou-nos que a grande maioria não domina a língua inglesa. “Muitos dos nossos
idosos vivem isolados nesta cidade e o dinheiro não chega para virem sempre ao
centro. A reforma é pequena para pagar os $4 de transporte e não dá para
comprar fruta e vegetais, por isso é normal que apareçam doenças associadas à
carência de vitaminas”, informou.
Ao
nosso jornal a técnica adiantou que também existem alguns casos de abuso
financeiro familiar, uma vez que “alguns dos idosos têm contas conjuntas com os
filhos” e lamenta que outros “tenham que cortar o pacote de canais portugueses
que às vezes é uma das poucas companhias que têm quando estão sozinhos em casa
o dia todo”.
A
técnica reitera que um projeto como o Magellan Community Charities iria fazer toda a
diferença. “Colocar um idoso num lar muitas vezes é um mal necessário para as famílias.
Uma instituição onde eles tenham funcionários e técnicos que falem a sua língua
materna vai tornar a mudança mais fácil. Já visitei lares onde os idosos não
falam com ninguém porque não sabem inglês, o Magellan seria a sua casa fora de
casa”, avançou.
Um
espaço com programas que estimulem a terceira idade e minimizem as saudades de Portugal
seria uma mais-valia. “As refeições à moda de Portugal, um filme em português ou
uma sala de informática com internet são coisas simples que podem fazer a
diferença na vida destas pessoas”, exemplificou.
O
Centro de dia do First Portuguese tem cerca de 50 idosos e as idades vão dos 70
aos 90 anos.
Carina
Parabela, presidente da instituição, aponta os problemas financeiros e a solidão
como dois dos maiores problemas desta faixa etária.
“Os
filhos trabalham o dia inteiro e alguns têm família em Portugal, se eles não
vêm até ao First acabam por passar o dia inteiro sozinhos em casa. O custo de
vida na GTA está cada vez mais caro e temos casos em que 90% da reforma vai
diretamente para a renda, é assustador”, alertou.
O
facto de não dominarem o inglês impede-os até de denunciar problemas mentais.
“Eles sentem-se pouco à vontade para sair à rua ou ir ao médico e muitos
pedem-nos ajuda com a bula dos medicamentos. A nível de problemas mentais
também é complicado porque eles sentem-se mais confiantes quando podem falar em
português com o especialista”, avançou.
Parabela
garante que faz falta um Magellan Community Charities. “Acho que é um excelente
projeto e espero de facto que vá para a frente. A nossa comunidade precisava
disto há muito tempo. Os idosos vão ser os grandes beneficiários se poderem
usufruir de atendimento especializado na sua própria língua materna”, referiu. Joana
Leal – Canadá in “Milénio Stadium”
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