Quase 80% dos participantes no processo de recolha de
opiniões sobre Manifestações a Inscrever na Lista do Património Cultural
Intangível concordam com a inclusão da Gastronomia Macaense por considerarem
que constitui um elemento único da cultura do território. No caso do Teatro em
Patuá, a taxa de concordância é de 77% por se considerar que representa a
relação cultural entre o Oriente e o Ocidente. As procissões religiosas também
contam com ampla aceitação
Foi
ontem publicado o relatório final da consulta pública sobre as Manifestações a
Inscrever na Lista do Património Cultural Intangível, tendo sido recolhidas 1168
opiniões. As 12 manifestações incluíam a Ópera Cantonense, Preparação do Chá de
Ervas, Escultura de Imagens Sagradas em Madeira, Naamyam Cantonense (Canções
Narrativas), Música Ritual Taoista, Festival do Dragão Embriagado, Crença e
Costumes de A-Má, Crença e Costumes de Na Tcha, Gastronomia Macaense, Teatro em
Patuá, Procissão de Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos e Procissão de Nossa
Senhora de Fátima.
Relativamente
à Gastronomia Macaense foram recolhidas 1029 opiniões, entre as quais 818
(79,5%) concordam com a sua inclusão no Inventário do Património Cultural
Intangível. Há ainda 211 pessoas contra, representando 20,5% do total.
Quem
concorda aponta como principais motivos o facto de “constituir um elemento
único da cultura de Macau, com valor histórico, que reflecte também as relações
estreitas entre Macau e Portugal, sendo representativo da relação cultural
entre a China e o Ocidente”.
Entre
aqueles que discordam, 30,3% consideram que “a Gastronomia Macaense não se
reveste de especial carácter” e 16,9% acreditam que “não é relevante para
Macau”.
O
Teatro em Patuá obteve resultados semelhantes. Durante a consulta foram
recolhidas 993 opiniões, entre as quais 765 (77%) são favoráveis e 228 contra a
inclusão (23%).
Os
motivos apresentados para a concordância “residem no facto de o Teatro em Patuá
possuir características culturais únicas de Macau”. “O patuá é também um
dialecto que evoluiu ao longo da história, sendo representativo da relação
cultural entre o Oriente e o Ocidente”, refere o documento divulgado pelo
Instituto Cultural (IC).
Quem
discorda afirma que “o Teatro em Patuá não é popular na sociedade” (24%), “o
Teatro em Patuá não satisfaz as condições do Património Cultural Intangível”
(16,4%) e “é uma língua monótona e não corresponde aos meus gostos pessoais,
porque não sei falar português” (13,5%). No entanto, 11,5% dos que discordam
não conhecem o Teatro em Patuá.
No
que respeita à Procissão de Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos, o Instituto
Cultural aponta que foram recolhidas 1023 opiniões, entre as quais 790 (77,2%)
a favor e 233 (22,8%) contra. As principais razões de concordância prendem-se
com o facto de a Procissão ser “representativa da cultura tradicional de Macau”
e um evento “que atrai a participação de um grande número de devotos e
cidadãos”.
No
entanto, quem discorda da inclusão acredita que “a crença e respectivas
celebrações religiosas não deve fazer parte do Património Cultural” (23,4%) ou
que “não se reveste de especial carácter” (21,5%).
A
lista inclui ainda a Procissão de Nossa Senhora de Fátima que motivou 1020
opiniões. Entre estas, 797 pessoas, ou seja, 78,1%, concordam e 223 (21,9%)
discordam.
Os
principais argumentos a favor da inclusão são o facto de a Procissão
representar “um elemento da cultura religiosa tradicional de Macau”. “Sendo uma
tradição anual, o seu ambiente consegue atrair a participação de um grande
número de devotos e cidadãos”.
Os
argumentos contra incluem: “A crença e respectivas celebrações religiosas não
devem fazer parte do Património Cultural (22,6%)”, “Não se reveste de especial
carácter” (22,6%) e “A Procissão de Nossa Senhora de Fátima não é popular na
sociedade” (18,3%).
Atentos à protecção
O
IC acredita que as opiniões recolhidas demonstram que alguns inquiridos estão
atentos à protecção dos elementos do Património Cultural Intangível, “em
particular no que diz respeito aos respectivos procedimentos de protecção e
continuidade”.
“Além
da inclusão na lista das manifestações do Património Cultural Intangível,
alguns dos inquiridos também perguntaram se existem planos para que as
manifestações possam ser transmitidas no futuro”, lê-se no relatório.
Outros
inquiridos sugeriram que se reforce a divulgação dos elementos de Património
Cultural Intangível já inscritos, disponibilizando-se mais locais para
exposições sobre as manifestações intangíveis. “Simultaneamente, também foi
expressa a vontade de que mais manifestações do Património Cultural Intangível
possam ser inscritas, acelerando a protecção deste importante tipo de legado
cultural”.
A
consulta pública decorreu entre 13 de Março e 11 de Abril deste ano. Inês
Almeida – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”
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