Díli
- Um grupo de funcionários de quatro organizações não-governamentais timorenses
concluiu um primeiro curso de formação em língua portuguesa, reconhecendo o
português como um dos desafios que a sociedade civil do país enfrenta.
Os
"cursos de formação em língua portuguesa para fins específicos" estão
a decorrer no âmbito da Parceria para a Melhoria da Prestação de Serviços
através do Reforço da Gestão e da Supervisão das Finanças Públicas em
Timor-Leste, conhecida pela sigla PFMO.
Neste
caso foram abrangidos 17 alunos, funcionários de quatro organizações da
sociedade civil timorense - Luta Hamutuk, Hadomi Timor, Movimento Letras e
Associação Mane Contra Violência.
Os
alunos tiveram 180 horas de formação nos níveis A1 e A2 -- formação diária
durante cinco meses, com a formação a continuar em 2020 com o nível B1, já mais
avançado.
"No
passado eu nunca quis aprender Português, por pensar que é uma língua muito
difícil, mas lá me decidi e agora já consigo escrever pequenos documentos e
cartas, mesmo que seja com o dicionário de tétum-português ao lado",
contou o diretor da Luta Hamutuk, José Alves da Costa, um dos formandos.
"Continuo
a achar a Língua Portuguesa difícil, mas agora já não tenho vergonha de falar
com erros. Pior do que falar ou escrever com erros é não tentar nada, ficar
parado", disse.
O
coordenador da língua portuguesa do PFMO, Manuel Oliveira, saudou os progressos
conseguidos pelos formandos, referindo que é essencial que todos continuem
"a usar a língua portuguesa no dia a dia", tanto no trabalho como na
sua vida pessoal.
Cristina
Faustino, adida da Cooperação da Embaixada de Portugal em Díli, disse que mais
do que ensinar a língua portuguesa, este projeto tem o fim específico de ajudar
a fortalecer a capacidade de supervisão das finanças públicas
"Esta
é uma área muito importante para um Estado e que estamos a fortalecer. Para uma
área destas nada mais importante do que a sociedade civil estar atenda e poder
intervir", disse.
"Para
intervir numa área tão complexo o tétum é pouco porque toda a legislação está
em língua portuguesa e por isso quanto maior for o domínio em língua
portuguesa, maior é a capacidade de intervenção nesta área", frisou.
O
chefe de Cooperação da União Europeia (UE) em Timor-Leste, Simon Le Grand,
sublinhou que a formação em português é um dos aspetos importantes do PFMO,
sendo a sua aprendizagem crucial no país onde é "língua oficial, língua da
justiça, língua das leis".
O
responsável da unidade de implementação do PFMO, Rui Dinis, disse que a
iniciativa simboliza o fim do primeiro ciclo de trabalho ao nível da língua
portuguesa, sendo de destacar o trabalho feito até aqui com a comunicação
social e com a sociedade civil, entre outros.
Cofinanciado
pela União Europeia e implementado com o modelo de cooperação delegada pelo
Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, o projeto PFMO é um dos mais
amplos programas de apoio institucional em Timor-Leste.
O
projeto conta com um financiamento de 12 milhões de euros através do 11.º Fundo
Europeu de Desenvolvimento e de cerca de 600 mil euros do Camões, e divide-se
em dois componentes essenciais, nomeadamente o apoio orçamental ao Ministério
das Finanças e o fortalecimento e capacitação institucional.
Entre
os seus projetos, o PFMO abrange várias iniciativas de formação em português,
incluindo a jornalistas timorenses. In “Sapo Timor-Leste”
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