O escritor português vai fazer uma residência literária
em Macau, durante todo o mês de Novembro, co-organizada pela agência Capítulo
Oriental e a Casa de Portugal, com o apoio da Fundação Oriente. Depois de uma
breve passagem pelo território em 2017, no âmbito das celebrações dos 150 anos
de Camilo Pessanha, Valério Romão prepara-se agora para explorar, sozinho, uma
cidade “extremamente interessante do ponto de vista literário”
“Eu
gostava muito de escrever qualquer coisa que tivesse a ver com Macau, não sei
em que âmbito, não sei com que extensão, mas gostava de digerir essa
experiência e transformá-la em qualquer coisa de literário. Ainda não sei bem,
mas provavelmente proporcionar-se-á graças às experiências que terei aí”,
começou por dizer Valério Romão ao Ponto Final. O escritor regressa a Macau no
próximo mês com a expectativa de explorar um território “extremamente
interessante do ponto de vista literário”. E é neste ambiente ‘suis generis’
que Romão espera recolher experiências para depois as transformar em matéria
literária.
“Não
sei exactamente o que vou encontrar, mas estou curioso para descobrir. A coisa
do desterrado também é um bocado o sentimento clássico das pessoas que estão em
Macau, porque às vezes vão para ficar uma semana e acabam por ficar dez anos,
ou mais, sendo que Macau acaba por ser um enclave privilegiado onde as pessoas
estão, e não estão. E em todos esses sentidos, eu acho que isso é extremamente
interessante do ponto de vista literário, os pontos de passagem”, disse o
escritor ao Ponto Final.
Para
além da residência literária, Valério Romão irá participar numa série eventos
ao longo do próximo mês, nomeadamente uma sessão pública no auditório do
Consulado de Portugal, para falar da sua trilogia denominada, pelo próprio, de
“paternidades falhadas”. O autor fará também uma visita à Escola Portuguesa, ao
Instituto Politécnico de Macau e ao Departamento de Português da Universidade
de Macau, para um encontro com alunos portugueses e estudantes da língua
portuguesa.
“A
minha expectativa agora, para além das coisas que vou fazer no âmbito da
conferência de escritores e tradutores da Ásia-Pacífico, e das apresentações e
conversas na Escola Portuguesa e na Faculdade, é estar mais em contacto e de
forma mais próxima com a cultura chinesa e tentar imergir um pouco mais nesse
mundo”, frisou Valério Romão.
“Vou
tentar alargar o património de experiências, acho eu, e ser mais arrojado.
Descobrir mais, estar mais sozinho. Eu quando fui aí [em 2017] fiquei uns dez
dias, mas estava no âmbito das comemorações dos 150 anos de Camilo Pessanha, e
de facto estava muito acompanhado. Estava sempre em grupo. Agora, sozinho, vou
tentar estar mais exposto ao que está à minha volta”, acrescentou o escritor
português ao Ponto Final.
Sobre
o processo criativo, Valério Romão assume que tem dois momentos e que só depois
de passar por uma fase embrionária, e de se lançar ao mundo, é que arranca para
a recolha e materialização das experiências. “Tenho dois momentos. Há um
momento em que eu não estou no processo criativo, ou estou mas embrionariamente,
e estou lançado às coisas e ao mundo e aos outros. E depois o momento da
recolha em que faço essa digestão, digamos”, assinalou.
Questionado
sobre se pode acontecer em Macau uma súbita vontade de dar início ao processo
criativo, o autor assume: “Pode e podemos chamar-lhe uma emergência criativa”. In “Ponto
Final” – Macau
pontofinalmacau@gmail.com
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