Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Macau – Valério Romão vai fazer uma residência literária durante o mês de Novembro

O escritor português vai fazer uma residência literária em Macau, durante todo o mês de Novembro, co-organizada pela agência Capítulo Oriental e a Casa de Portugal, com o apoio da Fundação Oriente. Depois de uma breve passagem pelo território em 2017, no âmbito das celebrações dos 150 anos de Camilo Pessanha, Valério Romão prepara-se agora para explorar, sozinho, uma cidade “extremamente interessante do ponto de vista literário”



“Eu gostava muito de escrever qualquer coisa que tivesse a ver com Macau, não sei em que âmbito, não sei com que extensão, mas gostava de digerir essa experiência e transformá-la em qualquer coisa de literário. Ainda não sei bem, mas provavelmente proporcionar-se-á graças às experiências que terei aí”, começou por dizer Valério Romão ao Ponto Final. O escritor regressa a Macau no próximo mês com a expectativa de explorar um território “extremamente interessante do ponto de vista literário”. E é neste ambiente ‘suis generis’ que Romão espera recolher experiências para depois as transformar em matéria literária.

“Não sei exactamente o que vou encontrar, mas estou curioso para descobrir. A coisa do desterrado também é um bocado o sentimento clássico das pessoas que estão em Macau, porque às vezes vão para ficar uma semana e acabam por ficar dez anos, ou mais, sendo que Macau acaba por ser um enclave privilegiado onde as pessoas estão, e não estão. E em todos esses sentidos, eu acho que isso é extremamente interessante do ponto de vista literário, os pontos de passagem”, disse o escritor ao Ponto Final.

Para além da residência literária, Valério Romão irá participar numa série eventos ao longo do próximo mês, nomeadamente uma sessão pública no auditório do Consulado de Portugal, para falar da sua trilogia denominada, pelo próprio, de “paternidades falhadas”. O autor fará também uma visita à Escola Portuguesa, ao Instituto Politécnico de Macau e ao Departamento de Português da Universidade de Macau, para um encontro com alunos portugueses e estudantes da língua portuguesa.

“A minha expectativa agora, para além das coisas que vou fazer no âmbito da conferência de escritores e tradutores da Ásia-Pacífico, e das apresentações e conversas na Escola Portuguesa e na Faculdade, é estar mais em contacto e de forma mais próxima com a cultura chinesa e tentar imergir um pouco mais nesse mundo”, frisou Valério Romão.

“Vou tentar alargar o património de experiências, acho eu, e ser mais arrojado. Descobrir mais, estar mais sozinho. Eu quando fui aí [em 2017] fiquei uns dez dias, mas estava no âmbito das comemorações dos 150 anos de Camilo Pessanha, e de facto estava muito acompanhado. Estava sempre em grupo. Agora, sozinho, vou tentar estar mais exposto ao que está à minha volta”, acrescentou o escritor português ao Ponto Final.

Sobre o processo criativo, Valério Romão assume que tem dois momentos e que só depois de passar por uma fase embrionária, e de se lançar ao mundo, é que arranca para a recolha e materialização das experiências. “Tenho dois momentos. Há um momento em que eu não estou no processo criativo, ou estou mas embrionariamente, e estou lançado às coisas e ao mundo e aos outros. E depois o momento da recolha em que faço essa digestão, digamos”, assinalou.

Questionado sobre se pode acontecer em Macau uma súbita vontade de dar início ao processo criativo, o autor assume: “Pode e podemos chamar-lhe uma emergência criativa”. In “Ponto Final” – Macau

pontofinalmacau@gmail.com

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