A escritora Djaimilia Pereira
de Almeida venceu o Prêmio Literário Fundação Inês de Castro 2018, com o livro
“Luanda, Lisboa, Paraíso”, o seu mais
recente romance, editado pela Companhia das Letras.
O galardão foi outorgado por
maioria do júri – presidido por José Carlos Seabra Pereira e composto por Mário
Cláudio, Isabel Pires de Lima, Pedro Mexia e António Carlos Cortez –, e a
cerimônia de entrega decorrerá no dia 30 de março, no Hotel Quinta das Lágrimas,
em Coimbra.
Quanto ao prêmio Tributo de
Consagração – que visa distinguir a carreira de um autor – foi atribuído por
unanimidade o tradutor e poeta José Bento, divulgador da cultura hispânica em
Portugal, que traduziu autores como Miguel Unamuno, Juan Ramón Jiménez, Ortega
y Gasset, Jorge Luis Borges, María Zambrano, Octavio Paz ou Federico García
Lorca.
“Luanda, Lisboa, Paraíso” é o segundo romance de Djaimilia Pereira
de Almeida, depois da sua estreia literária em 2015 com “Esse cabelo”, romance que valeu logo na altura à escritora “um
lugar no panorama dos novos autores de língua portuguesa, recebendo o Prêmio
Novos em 2016 – categoria Literatura”, destacam os promotores do prêmio.
Djaimilia Pereira de Almeida
publicou, entretanto em revistas literárias e ensaísticas, portuguesas e
estrangeiras, tendo regressado à ficção em 2018 com “Luanda Lisboa, Paraíso”, romance que a confirmou enquanto
“narradora atenta e singular, com um ponto de vista único”.
“Luanda, Lisboa, Paraíso” conta a história de Cartola de Sousa,
parteiro num hospital em Luanda, e Aquiles, seu filho de 14 anos, nascido com
um calcanhar defeituoso, que viajam para Lisboa, nos anos 1980, para que o
rapaz possa ser submetido às operações e tratamentos médicos que resolveriam o
seu problema no pé.
Para trás deixam Glória, mãe
de Aquiles, doente e imobilizada na cama, entregue aos cuidados da filha,
Justina, irmã de Aquiles.
O título do livro traça
precisamente o percurso feito por pai e filho, nessa viagem que começa cheia de
sonhos, esperança e ilusões, de uma Lisboa mágica que os receberia como
portugueses, mas que acaba por ser uma viagem sem regresso, pelos caminhos que
conduzem à miséria humana: de Luanda, viajam para Lisboa, onde vivem numa
pensão durante os tratamentos ao pé de Aquiles, e, finalmente, acabam a viver
no Paraíso, um bairro da lata na margem sul do Tejo.
Durante a cerimônia de entrega
do prêmio, Isabel Pires de Lima falará sobre a obra literária de Djaimilia
Pereira de Almeida, enquanto Pedro Mexia falará sobre a carreira e a obra de
José Bento, um dos fundadores, nos anos 1950, da revista de poesia Cassiopeia.
Considerado um dos melhores
tradutores portugueses, José Bento, nascido em Estarreja há 86 anos, começou a
fazer traduções do espanhol para português há mais de meio século, tendo sido
distinguido já por duas vezes nesta área, com o Grande Prêmio de Tradução
Literária, em 1986 e em 2005.
Foi ainda galardoado com o
Prêmio D. Dinis (1992), com o Prêmio PEN Clube Português de Poesia (1993) e com
o Prêmio Luso-Espanhol de Arte e Cultura (2006).
José Bento é também autor de
vários livros de poesia, como “Alguns
Motetos” ou “Sítios”, editados
pela Assírio & Alvim.
Ao longo dos anos, o Prêmio
Literário Fundação Inês de Castro tem distinguido autores e obras como Pedro
Tamen (2007), José Tolentino Mendonça (2009), Hélia Correia (2010), Gonçalo M.
Tavares (2011), Mário de Carvalho (2013), Rui Lage (2016) ou a poeta Rosa
Oliveira, vencedora do galardão em 2017. In
“Mundo Lusíada” - Brasil
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