O fundo soberano da Noruega, o
maior do mundo e sustentado com petrodólares, vai vender suas participações as
empresas de petróleo para reduzir a exposição do país escandinavo ao
combustível, anunciou o governo norueguês na passada sexta-feira.
"O governo está propondo
excluir empresas classificadas como exploradoras e produtoras do setor de
energia do fundo para reduzir o risco agregado do preço do petróleo na economia
norueguesa", disse o Ministério da Fazenda em comunicado.
O fundo possui participações
em empresas como Shell, BP, Total e ExxonMobil.
"As empresas de
exploração e produção serão progressivamente retiradas do fundo ao longo do
tempo", disse a proposta do governo, sem dar um cronograma.
Segundo a agência Reuters, o
governo indicou que ainda investirá em empresas de energia que tenham
refinarias e outras atividades de distribuição.
A decisão, que afeta as
empresas de exploração e de produção de petróleo, foi tomada após uma
recomendação neste sentido do Banco Central da Noruega.
A instituição, responsável por
administrar o "fundo petroleiro", provocou uma grande polêmica em
novembro de 2017 ao promover uma saída dos valores oriundos do petróleo para
reduzir a exposição das finanças públicas a uma queda considerável dos preços
como a ocorrida em 2014.
A Noruega é o maior produtor
de petróleo da Europa ocidental. O petróleo e o gás natural representam quase
metade das exportações e 20% do faturamento do Estado, que enriquecem o fundo
soberano, ao qual Oslo recorre para financiar seu orçamento, destaca a agência
France Presse.
Para limitar a vulnerabilidade
do Estado, o Banco Central defendia o fim da destinação de parte deste dinheiro
a títulos relacionados ao petróleo, como foi decidido na sexta-feira.
As ações de energia
representaram 5,9% dos investimentos do fundo no final de 2018, valendo cerca
de U$$ 37 bilhões de dólares, mostraram dados do fundo.
Para as organizações
ecológicas e ativistas da luta contra a mudança climática, no entanto, o
anúncio representa uma vitória incontestável, em um momento no qual muitos
países parecem pouco envolvidos para cumprir as metas estabelecidas no Acordo
de Paris.
"Se isto acontecer no
Parlamento vai provocar uma onda expansiva, dando o maior golpe até agora na
ilusão de que o setor de energias fósseis ainda tem décadas de atividade pela
frente, como se nada tivesse acontecido", afirmou Yossi Cadan, diretor da
ONG 350.org.
"A decisão deve ser
recebida como um alerta vermelho para os bancos privados e os investidores,
cujos ativos petroleiros e de gás são cada vez mais arriscados e, moralmente,
insustentáveis", completou em um comunicado.
Com os valores em jogo, a
retirada deve levar muito tempo, mas estabelecerá um antes e um depois: os
investimentos do fundo norueguês são estudados de perto pelos outros
investidores.
No passado, o fundo já decidiu
abandonar o setor do carvão, tanto por razões financeiras como ambientais. In “G1.Globo”
- Brasil
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