O
Museu do Vinho do Porto abre portas nesta terça-feira com uma história que
extravasa os 250 anos da criação deste vinho e onde o espólio municipal retrata
a importância do poder local na regulação do comércio do produto. “Temos desde
documentos que vieram do arquivo, gravuras, uma coleção muito significativa de
metrologia que nunca foi mostrada ao público”, sublinhou Inês Ferreira, chefe
da Divisão Municipal de Museus, em declarações aos jornalistas, durante a
visita à nova casa do Museu do Vinho do Porto, até então instalado em
Massarelos
A história deste vinho da
Região Demarcada do Douro é contada em quatro atos e mostra-se em outros tantos
pisos.
Da cave do edifício de seis
pisos que vai acolher peças do acervo municipal, e onde vai nascer um ‘wine bar’,
vê-se das janelas o vaivém de barcos rabelos que povoam o rio que divide as
cidades do Porto e de Gaia.
No rés-do-chão, há peças de
diferentes coleções, pinturas e objetos que ilustram uvas, vinho, tabernas e
adegas, mercados e feiras, enquanto no primeiro piso o rio é a “personagem”
principal, com uma mostra de maquetes e desenhos técnicos de barcos rabelos de
Joaquim António da Cruz Gomes, professor e artista plástico que ofereceu estas
peças ao museu.
No segundo piso está exposta
uma parte importante da coleção de metrologia da autarquia. Neste espaço
mostram-se alguns dos instrumentos com que eram aferidos os comestíveis e os
líquidos, como o vinho, o azeite, o leite.
Por último, no terceiro piso,
conta-se a história de 13 oficiais municipais cujo desempenho de funções estava
diretamente ligado ao negócio do vinho do Porto.
“Toda esta viagem é guiada por
um pequeno manuscrito da coleção Vitorino Ribeiro que é de um livro de acórdãos
de 1787, onde os barqueiros e os carreiros veem toda a sua ação legislada”,
explicou Manuel Antunes, da equipa de conservadores dos museus municipais.
Para aquele responsável, a
abordagem do novo museu extravasa e “muito” os 250 anos da história do próprio
vinho do Porto.
“O primeiro foral é de 1123 e
fala de vinho e de vinha”, disse sublinhando que, embora central, a história do
vinho do Porto surge a par de “todos os outros vinhos que o antecederam,
acompanharam e seguiram”.
“Este museu está liberto de
depósitos particulares. Isto é uma história municipal com peças municipais. Por
exemplo, o lote de pinturas que ilustra vinho, vinha, adegas e mercados poucas
câmaras ou nenhuma câmara do país estaria em condições de apresentar”, disse.
Segundo Inês Ferreira, “este
museu procurará promover o vinho do Porto, mas foca-se, essencialmente, em
concentrar “coleções municipais que estavam em sítios diferentes” e dar enfoque
ao “papel do município na governança da cidade e como é que esse governo da
cidade se relacionava com o comércio do vinho do Porto”.
Instalado num edifício da Rua
da Reboleira, onde funcionou em tempos o CRAT – Centro Regional de Artes
Tradicionais, na Ribeira, o novo museu municipal dispõe ainda, do outro lado da
rua, de um outro edifício onde funcionará o serviço educativo.
Com uma programação paralela,
o espaço será utilizado para o desenvolvimento de atividades como ‘workshops’, provas de vinho e até
exposições temporárias.
Segundo a coordenadora do
museu, Liliana Pereira, a programação arranca no dia 10 de março, com uma
atividade direcionada para as famílias, na qual as tradições do vinho do Porto
vão estar em destaque.
“Em abril, todos os fins de
semana, vamos ter aqui atividades, quer para famílias quer para o público mais
crescido. Também já temos várias atividades agendadas com escolas da região.
Mas também já temos muito pedidos de escolas de norte a sul”, acrescentou.
O Museu do Vinho do Porto,
funcionava desde 2004 no Armazém do Cais Novo, na zona de Massarelos. De acordo
com informação da empresa municipal Go Porto, a sua transferência para a
Ribeira foi iniciada em 2016, representando um investimento superior a 128 mil
euros. In “Mundo Português” - Portugal
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