Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quinta-feira, 28 de março de 2019

Macau - Han Lili traduziu contos de Eça de Queiroz para Chinês


A directora da Escola Superior de Línguas e Tradução do Instituto Politécnico de Macau considera que a tradução é uma ponte de ligação entre as diversas culturas, daí ter traduzido uma série de contos e ensaios de Eça de Queirós para chinês. “Contos Seleccionados de Eça de Queirós” é, para Han Lili, uma oportunidade para dar a conhecer a literatura portuguesa “ao mundo chinês”



“Contos Seleccionados de Eça de Queirós” é uma obra com edição em chinês traduzida pela directora da Escola Superior de Línguas e Tradução do Instituto Politécnico de Macau (IPM), Han Lili, que integra a “Colecção de Literatura Chinesa e Portuguesa”, uma iniciativa do Instituto Cultural (IC). “É uma oportunidade de introduzir a literatura portuguesa ao mundo chinês e a Macau e apresentar os contos de Eça de Queirós”, disse Han Lili à Tribuna de Macau.

A obra está dividida em duas partes, uma dedicada a diversos contos do escritor português e outra que se debruça sobre uma série de artigos publicados no jornal brasileiro Gazeta de Notícias, intitulada “Chineses e Japoneses”.

Entre os contos do autor português que Han Lili considerou mais “interessantes” estão “Um Poeta Lírico”, “No Moinho”, “A Aia”, “O Suave Milagre”, “Singularidades de uma Rapariga Loura” e “O Tesouro”.

Se inicialmente a ideia era fazer exercícios para as suas aulas de tradução e para um projecto dos finalistas da licenciatura de tradução chinês-português, rapidamente mudou de plano. “Depois de traduzir um conjunto de contos de Eça de Queirós achei interessante publicá-los e o IC contactou-me”, explicou a docente.

Quanto a “Chineses e Japoneses”, cujo estilo de escrita “é muito diferente dos contos porque se trata de um artigo argumentativo, de uma crítica e da sua observação às relações chinesa e japonesa”, foi uma tradução feita a pedido do IC há cerca de três ou quatro anos.

Depois de já ter lido romances como “Os Maias” ou “O Crime do Padre Amaro”, que foram traduzidos para chinês na década de 90, Han Lili quis apostar em algo diferente: “Quis procurar outras obras que ainda não tivessem sido traduzidas. A razão para o ter escolhido [Eça de Queirós] foi o facto de ter sido um dos grandes escritores que inspirou o realismo e este livro [de onde foram retirados os contos] é bastante crítico. É bastante interessante e um grande escritor”.

Além de considerar que esta é uma iniciativa importante porque há, por um lado, “possibilidade de introduzir a literatura portuguesa ao mundo chinês e, por outro a literatura chinesa ao mundo lusófono”, este processo permitiu-lhe uma aprendizagem porque “uma tradução é uma leitura profunda para conhecer melhor o escritor”.

Han Lili não descarta a hipótese de no futuro traduzir mais escritores portugueses, porque crê que é “através da tradução que a cultura da china [e vice-versa] consegue sair das portas e entrar no mundo lusófono”. “De momento ando a ler José Luís Peixoto e gostaria de um dia traduzir a sua obra porque gosto muito do estilo dele”, acrescentou.

O livro encontra-se à venda em vários locais e tem um custo de 100 patacas. A obra foi apresentada pela autora, no domingo, na Feira do Livro da Primavera. Catarina Pereira – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”

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