A
directora da Escola Superior de Línguas e Tradução do Instituto Politécnico de
Macau considera que a tradução é uma ponte de ligação entre as diversas
culturas, daí ter traduzido uma série de contos e ensaios de Eça de Queirós
para chinês. “Contos Seleccionados de Eça de Queirós” é, para Han Lili, uma
oportunidade para dar a conhecer a literatura portuguesa “ao mundo chinês”
“Contos Seleccionados de Eça
de Queirós” é uma obra com edição em chinês traduzida pela directora da Escola
Superior de Línguas e Tradução do Instituto Politécnico de Macau (IPM), Han
Lili, que integra a “Colecção de Literatura Chinesa e Portuguesa”, uma
iniciativa do Instituto Cultural (IC). “É uma oportunidade de introduzir a
literatura portuguesa ao mundo chinês e a Macau e apresentar os contos de Eça
de Queirós”, disse Han Lili à Tribuna de Macau.
A obra está dividida em duas
partes, uma dedicada a diversos contos do escritor português e outra que se
debruça sobre uma série de artigos publicados no jornal brasileiro Gazeta de
Notícias, intitulada “Chineses e Japoneses”.
Entre os contos do autor
português que Han Lili considerou mais “interessantes” estão “Um Poeta Lírico”,
“No Moinho”, “A Aia”, “O Suave Milagre”, “Singularidades de uma Rapariga Loura”
e “O Tesouro”.
Se inicialmente a ideia era
fazer exercícios para as suas aulas de tradução e para um projecto dos
finalistas da licenciatura de tradução chinês-português, rapidamente mudou de
plano. “Depois de traduzir um conjunto de contos de Eça de Queirós achei
interessante publicá-los e o IC contactou-me”, explicou a docente.
Quanto a “Chineses e
Japoneses”, cujo estilo de escrita “é muito diferente dos contos porque se
trata de um artigo argumentativo, de uma crítica e da sua observação às
relações chinesa e japonesa”, foi uma tradução feita a pedido do IC há cerca de
três ou quatro anos.
Depois de já ter lido romances
como “Os Maias” ou “O Crime do Padre Amaro”, que foram traduzidos para chinês
na década de 90, Han Lili quis apostar em algo diferente: “Quis procurar outras
obras que ainda não tivessem sido traduzidas. A razão para o ter escolhido [Eça
de Queirós] foi o facto de ter sido um dos grandes escritores que inspirou o
realismo e este livro [de onde foram retirados os contos] é bastante crítico. É
bastante interessante e um grande escritor”.
Além de considerar que esta é
uma iniciativa importante porque há, por um lado, “possibilidade de introduzir
a literatura portuguesa ao mundo chinês e, por outro a literatura chinesa ao
mundo lusófono”, este processo permitiu-lhe uma aprendizagem porque “uma
tradução é uma leitura profunda para conhecer melhor o escritor”.
Han Lili não descarta a
hipótese de no futuro traduzir mais escritores portugueses, porque crê que é
“através da tradução que a cultura da china [e vice-versa] consegue sair das
portas e entrar no mundo lusófono”. “De momento ando a ler José Luís Peixoto e
gostaria de um dia traduzir a sua obra porque gosto muito do estilo dele”,
acrescentou.
O livro encontra-se à venda em
vários locais e tem um custo de 100 patacas. A obra foi apresentada pela
autora, no domingo, na Feira do Livro da Primavera. Catarina Pereira – Macau in
“Jornal Tribuna de Macau”
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