Em Andorra, a língua
portuguesa chega aos alunos como língua de herança e como língua estrangeira.
No Lycée Comte de Foix e no ensino secundário do sistema educativo andorrano, é
ministrado em regime de ensino integrado como língua estrangeira.
Como língua de herança, é
ensinado em regime de ensino paralelo no básico e secundário. “A coexistência
de três sistemas educativos e, por conseguinte, a presença de três línguas
co-oficiais, às quais acresce a aprendizagem de uma quarta língua como língua
estrangeira, o inglês, dificulta-nos a inclusão do português como língua de
opção curricular no sistema educativo andorrano”, diz a coordenadora do EPE
(Ensino Português no Estrangeiro) em Espanha e Andorra, sublinhando porém, que
o Camões, I.P. e a Coordenação não se dão “por vencidos”.
O objetivo passa sempre pela
integração progressiva no sistema andorrano de ensino, e, para tal, a
Coordenação deixa um pedido à comunidade portuguesa no Principado: “que se
torne partícipe deste projeto, inscrevendo os alunos nos cursos de português
por forma a tornar visível uma necessidade educativa real”, explica Filipa
Soares.
No ano letivo de 2017-2018, o
ensino da língua portuguesa chegava a 41% dos alunos de origem portuguesa que
estudavam no Principado. Uma percentagem que tem margem para crescer, já que há
alunos andorranos de origem portuguesa que ainda não integraram rede EPE.
“Pensamos que é importante manterem o vínculo com a língua e a cultura do país
de origem dos seus familiares e sentirem-se parte integrante de uma comunidade
de 260 milhões de falantes”, apela.
Mas a rede EPE no principado
engloba alunos oriundos de outras nacionalidades, designadamente, andorrana e
espanhola. Uma presença ainda residual que demonstra que a comunidade não
portuguesa “está atenta à importância crescente do português no mundo e encara
a aquisição da língua como uma mais-valia para os seus filhos”, destaca Filipa
Soares.
No ensino superior, chega como
língua estrangeira a alunos universitários e ao público em geral, na
Universidade de Andorra. Em 2018, havia 33 estudantes a aprenderem português
naquela universidade pública, que tem aproximadamente três mil alunos.
O Protocolo de Cooperação
assinado entre o Camões, I.P. e aquela academia “impulsou a assinatura de
outros protocolos com universidades portuguesas” e a criação da Cátedra Camões
“já deu origem a importantes colaborações com instituições de referência no
Principado”, congratula-se Filipa Soares. “Desejamos que a Cátedra vá
paulatinamente configurando projetos científicos nas diferentes linhas de
investigação previstas no Protocolo, nomeadamente, sobre multilinguismo e
políticas linguísticas no Principado de Andorra; estudos sobre intercompreensão
entre quatro línguas românicas: português, catalão, espanhol e francês;
didática da Língua Portuguesa e a sua Literatura; as relações entre Portugal e
Andorra no âmbito educativo, cultural, político e social e a sociolinguística
da língua portuguesa em Andorra por forma a reforçar o papel da língua
portuguesa como língua de ciência”, acrescenta. Ana Grácio - Portugal In “Mundo Português”
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