O artista plástico
luso-luxemburguês Marco Godinho foi escolhido para representar o Luxemburgo na
Bienal de Arte Contemporânea de Veneza, em 2019
O anúncio foi feito pelo
Ministério da Cultura do Grão-Ducado. Em comunicado, o júri explicou que a
escolha permite “honrar o trabalho prolífico de Marco Godinho e a sua presença
notada na cena artística nacional e internacional na última década”.
O convite para representar o
Grão-Ducado na Bienal de Veneza “vai permitir-lhe realizar um projeto artístico
ambicioso e inédito” e “alargar a sua rede profissional”, graças à
“visibilidade acrescida do pavilhão luxemburguês no Arsenal”, acrescenta a
nota.
O júri, composto por
especialistas de três países, incluía Suzanne Cotter, ex-diretora do Museu de
Serralves e atual responsável do Museu de Arte Moderna (Mudam), no Luxemburgo,
a diretora do Centro Pompidou em Metz (França), Emma Lavigne, e o diretor do
IKOB Eupen, na Bélgica, Frank-Thorsten Moll, tendo analisado 20 candidatos.
Nascido em 1978, em Salvaterra
de Magos, e a viver entre Paris e o Luxemburgo, Marco Godinho chegou ao
Grão-Ducado com nove anos.
Licenciado em Artes Plásticas
pela Escola de Belas Artes de Nancy, em França, já expôs em quase todo o mundo,
de Beirute a Nova Iorque.
Em 2016, o português, com
dupla nacionalidade, participou na feira de arte contemporânea Art Central de
Hong Kong, com uma ‘performance’ em que leu e rasgou páginas de “Os Lusíadas”,
de Luiz Vaz de Camões.
A emigração e o nomadismo são
temas que marcam o seu trabalho, a exemplo de “Forever Immigrant”, uma obra
apresentada em 2015 no Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado,
em Lisboa, formada pela inscrição sobreposta de centenas de carimbos, que
evocam simultaneamente uma nuvem de andorinhas e o calvário burocrático dos
imigrantes. Em Palermo e Lampedusa, também em 2015, apresentou a “Declaração
Universal dos Direitos Humanos”, um texto escrito em sobreposição (um método
utilizado no séc. XIX, para economizar papel), que faz lembrar arame farpado,
uma alusão à chegada de milhares de refugiados à costa italiana. Em Portugal já
expôs na Fundação EDP, no Museu Berardo e no Museu da Presidência.
Uma das suas obras – um verso
de “A Tabacaria”, de Álvaro de Campos, heterónimo de Pessoa, recriado com fio e
alfinetes – foi adquirida pela Lotaria Nacional do Luxemburgo e decora agora a
sede, nos arredores da capital luxemburguesa, com palavras em português: “Tenho
em mim todos os sonhos do mundo”. In “Mundo Português” - Portugal
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