O representante residente do
Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) em Moçambique fez questão de ir ao polo
de Pemba da UniLúrio para anunciar que a sua instituição financeira irá
investir uma fatia de 15 milhões de dólares naquela Universidade. A ideia é
desenvolver um programa de habilidades ou competências no seio académico
voltado para o tecido empresarial, mais concretamente para o desenvolvimento
dos sectores agrícola e industrial.
O Banco Africano de
Desenvolvimento (BAD), em parceria com a Universidade Lúrio (UniLúrio),
lançaram, em Pemba, o Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Habilidades para
a Agricultura e Indústria.
O evento contou com a presença
da comunidade académica, funcionários e estudantes da UniLúrio e teve como pano
de fundo uma conferência internacional sobre Biodiversidade, Mudanças
Climáticas e Desenvolvimento Sustentável como pano de fundo.
O programa em causa responde
às prioridades do BAD de “Alimentar África” e “Industrializar África” e tem
como objectivo fortalecer a capacidade da UniLúrio, gerando competências e
habilidades face aos futuros profissionais nos sectores-chave da agricultura e
indústria, mais concretamente através das disciplinas de Ciências Aplicadas e
Engenharia. O custo total do projecto, a ser implementado num prazo de cinco
anos (2018-2022), encontra-se estimado em 15,50 milhões de dólares
norte-americanos.
Através da parceria com a
UniLúrio, o BAD perspectiva investir na construção e equipamento de oficinas,
bibliotecas e laboratórios; na melhoria da qualidade das actividades académicas
e da capacidade da gestão de recursos da universidade bem como apoiar no
desenvolvimento de uma estratégia para melhorar o acesso das raparigas aos
serviços académicos da UniLúrio, incluído um programa de bolsas de estudo
voltado para as estudantes.
Na cerimónia de lançamento,
Pietro Toigo, representante residente do BAD em Moçambique, referiu que os
recursos extractivos no norte do Moçambique vão seguramente acelerar o
crescimento económico do país.
“Mas para assegurarmos que o
crescimento seja inclusivo, é preciso dar aos jovens as ferramentas para
competir com êxito no mercado do trabalho. Por isso, estamos orgulhosos da
nossa parceria com a UniLúrio no sentido de criar um polo de ensino e pesquisa
ao mais alto nível”, congratulou-se o representante do BAD.
Na mesma linha de pensamento,
o reitor da UniLúrio, Prof. Doutor Francisco Noa, sublinhou que “a UniLúrio
continuará a trabalhar no sentido de educar e formar uma nova geração de
profissionais competentes, comprometidos com o desenvolvimento, a ciência e o
bem-estar das comunidades locais”.
O
desafio demográfico na base do investimento
A propóstio do Programa
lançado, Pietro Toigo sublinhou que o país está a experienciar uma das
transacções demográficas mais rápidas do mundo. Aliás, nos últimos 10 anos, a
população de Moçambique cresceu a uma taxa de 40% - a terceira taxa de crescimento
demográfico mais rápida de África. “Com 45% da população abaixo dos 14 anos, a
prioridade tem que ser preparar os jovens para o mercado de trabalho, para que
sejam o motor de crescimento do país. O futuro de Moçambique vai ser
determinado nas escolas, nos centros de formação e nas universidades”, referiu
Toigo em jeito de reflexão.
Grosso modo, a ideia é que o
país precisa de uma força de trabalho dinâmica para desenvolver a sua base
económica e, de modo particular, o sector dos hidrocarbonetos. Por outro lado,
precisa de novos polos de pesquisa para analisar o impacto dos modelos
alternativos de desenvolvimento nos seus recursos naturais e precisa de novas
abordagens para reforçar a resiliência climática da sua economia e não permitir
que as escolhas climáticas de outros países impactem negativamente na sua
trajectória de desenvolvimento.
Nesse sentido, a parceria
entre a UniLúrio e o BAD surge no âmbito de fortalecer as faculdades de
engenharia, uma vez que o Programa irá investir nos conhecimentos técnicos e
tecnológicos para que as empresas moçambicanas possam vir a entrar nas cadeias
de valor e fornecimento às multinacionais mineiras e de gás e petróleo. Por
outro lado, o BAD espera vir a apoiar inovações e pesquisas em prol de uma
agricultura competitiva e eficiente (e mais industrializada) no sentido de
alimentar a população de Cabo Delgado, a qual decerto irá registar um
crescimento demográfico em função dos projectos que estão a ser implantados, em
especial em Pemba e Palma.
“Esperamos também que este
programa possa fortalecer a parceria entre a UniLúrio e o sector privado em
três aspectos: uma colaboração mais estreita para assegurarmos que o ensino
seja relevante para as necessidades prospectivas dos empregadores, para as
oportunidades dos estudantes de aplicar os seus conhecimentos e posicionar a
universidade como fornecedora de serviços para o sector privado. Por essa razão
é que o Programa irá apoiar uma revisão do currículo de ensino e irá investir
em laboratórios de análise de qualidade de sementes e produtos agrícolas”,
garantiu o representante do BAD. In “Olá Moçambique” - Moçambique
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