As recentes descobertas de
lítio no Brasil tornam o país um dos maiores produtores do mineral do mundo, a
matéria prima básica para a fabricação de baterias elétricas.
De acordo com dados divulgados
pela Agência Nacional de Mineração (ANM), foram recebidos até dezembro 117
pedidos para pesquisar a presença de lítio, mais de três vezes do que em 2017 e
quatro vezes mais do que em 2016.
A extração de lítio gerou uma
grande expectativa no chamado Vale do Jequitinhonha, no Estado de Minas Gerais,
uma das regiões mais pobres do país, mas com grande potencial para áreas
abertas.
Apenas na região de Araçuaí,
cerca de 600 quilômetros de Belo Horizonte, 46 novas requisições para a
exploração de lítio nos últimos dois anos foram registrados, graças às
descobertas iniciais feitas pela mineradora Sigma e a um trabalho da estatal
Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), que encontrou 45 corpos
rochosos com minerais de lítio.
Em 2018, houve também um
aumento na busca por lítio no Nordeste, principalmente nos Estados do Rio
Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Bahia.
Chamado de "petróleo do
futuro", devido ao potencial de substituição do motor a combustão, o lítio
ganhou grande valor no mercado internacional nos últimos anos e meses, o que
fez com que seu preço subisse rapidamente.
Isto coincide com os planos de
vários países de reduzir as emissões de gases de efeito estufa no setor dos
transportes, o que gerou uma grande competição ao redor do globo para encontrar
substitutos do petróleo, o que pode estar nas baterias elétricas e mais
especificamente no lítio.
O Brasil tem hoje uma pequena
produção de lítio, por meio de um projeto da Companhia Brasileira de Lítio
(CBL), localizada em Araçuaí e destinada ao consumo básico no mercado interno,
como lubrificantes e cerâmicas, embora vários investimentos recentes começaram
a alterar o cenário.
Em maio, a empresa AMG
Mineração abriu uma fábrica em Nazaré, também em Minas Gerais e a cerca de 240
quilômetros de Belo Horizonte, com um investimento de R$ 450 milhões de reais
para extrair o lítio de pilhas usadas que há pouco tempo não tinha valor no
mercado.
Atualmente, a unidade opera a
60% de sua capacidade, de 90 mil toneladas anuais de espodumênio, um dos
minerais em que o lítio é encontrado. Considerando que exista 6% de lítio nesse
volume de material, seriam 4.500 toneladas de lítio contido, a medida utilizada
internacionalmente para classificar produção, equivalente a nove vezes mais do
que toda a produção brasileira em 2017.
No ano passado, o Brasil
produziu 43 mil toneladas de lítio contido, representando menos de 0,1% de um
mercado global dominado pela Austrália e pelo Chile, que respondem juntos por
76% da produção global, e a Argentina, com 13% do total mundial.
Atualmente, o Sigma mineração
prepara o maior projeto de produção de lítio no Brasil, com uma capacidade de
240 mil toneladas de espodumênio anualmente, o equivalente a cerca de 14.400
toneladas de lítio.
"Temos disponibilidade de
matérias primas e de mercado, que é um dos maiores do mundo. Temos o início e o
fim. Nós só precisamos desenvolver o meio. A cereja no topo do bolo seria
atrair uma fábrica de baterias no país", disse o presidente da Sigma,
Itamar Resende, em declarações ao portal UOL.
A AMB, por sua vez, já assinou
um acordo com a empresa coreana Ecopro para estudar a viabilidade de uma
unidade química de produção de sulfato de lítio, etapa ainda mais importante na
cadeia de produção de baterias.
De qualquer forma, o Brasil
deve estar à frente dos maiores produtores de lítio, o petróleo do futuro, nos
próximos anos. In “Valor Econômico” – Brasil com “Agência Xinhua”
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