A mostra intitulada de Chapas
Sínicas – Histórias de Macau da Torre do Tombo está patente a partir de 7 de
Julho no Museu das Ofertas Sobre a Transferência de Soberania de Macau.
“As Chapas Sínicas reflectem
quase 300 anos de relações harmoniosas entre os chineses e os portugueses, onde
havia um diálogo constante para resolver os problemas locais e regionais que
iam aparecendo”, disse à Lusa a directora Lau Fong.
Esta correspondência relata,
entre outras coisas, a “actuação e colaboração concertada entre os portugueses
de Macau e as autoridades chinesas na luta contra os piratas que infestavam
esta região e que punham em perigo a população de Macau e até da própria coroa
chinesa”, considerou a responsável pelo Arquivo de Macau.
Lau Fong relatou ainda a troca
de mensagens entre Miguel José de Arriaga, conhecido como ‘Ouvidor de Arriaga’,
e a sua “acção determinante e definitiva para esta causa, em que se movimentou
e trocou muita correspondência com as autoridades chinesas para resolver o
problema” da pirataria.
O Ouvidor – magistrado enviado
por Portugal para Macau no início do século XIX que superintendia a justiça no
território – teve um papel preponderante na luta contra a pirataria no delta do
rio das Pérolas e nas negociações que culminaram na rendição de muitos piratas.
“A solidariedade de ambas as
partes para com os náufragos e a ajuda no regresso aos seus países de origem,
foi outro exemplo dado por Lau Fong para comprovar este “retrato fidedigno das
harmoniosas relações de Portugal através de Macau com a China”.
As Chapas Sínicas – assim
chamadas devido ao carimbo que era colocado na correspondência – são um
conjunto de documentos em chinês de correspondência oficial trocada entre as
autoridades chinesas e as portuguesas em Macau.
Desde 2016, as Chapas Sínicas
integram o Programa Memória do Mundo da Organização das Nações Unidas para a
Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), na sequência de uma candidatura
apresentada em conjunto pela região e por Portugal. Compreendem um total de
3.600 documentos, referentes ao período entre 1693 e 1886, que se encontram na
Torre do Tombo, em Lisboa.
A partir de 7 de Julho, 102
destes documentos vão estar patentes em Macau, sendo que 35 destes foram
traduzidos, na época, do chinês para português, explicou a directora, que é
também a curadora desta mostra.
O principal objectivo desta
exposição é a “celebração do sucesso da candidatura conjunta do Arquivo de
Macau e do Arquivo Nacional da Torre do Tombo para a inscrição das Chapas
Sínicas no Registo da Memória do Mundo da UNESCO”, considerou.
Esta exposição testemunha ao
longo da história o “papel fundamental de Macau como plataforma de interacção
entre o Oriente e o Ocidente”, concluiu a curadora. In
“Jornal Tribuna de Macau” –
Macau com “Lusa”
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