Organizada pelo Museu Nacional
de História e Arte e pela Casa Grã-Ducal, com o apoio da Embaixada de Portugal,
a exposição centrada na Grã-Duquesa destaca “a história amorosa” de Maria Ana
de Bragança, filha de D. Miguel, e do futuro Guilherme IV, além das
“consequências políticas” da união para o país, disse à Lusa o conservador
daquele museu e co-comissário da exposição, Régis Moes.
Celebrado em 22 de junho de
1893, o casamento “foi um evento importante na História do Luxemburgo”, apontou
Régis Moes, levando à mudança de religião da coroa e, mais tarde, ao acesso das
mulheres ao trono.
“O pai de Guilherme, Adolfo de
Nassau, era luterano, o que aliás o levou a opor-se durante muitos anos ao
casamento do filho com Maria Ana de Bragança, porque ela era católica”,
explicou.
Mas em 1890, Adolfo acedeu ao
trono do Grão-Ducado, um país de maioria católica, passando a ver vantagens
políticas na união.
“Havia interesse em que a
dinastia reinante se aproximasse da religião do país”, apontou o conservador,
tendo as seis filhas do casal sido educadas já no catolicismo.
O casamento também acabaria
por abrir portas à entrada das mulheres no trono.
Como o casal não teve filhos
do sexo masculino, o pacto da família de Nassau foi alterado de forma a
permitir o acesso das mulheres ao trono, em 1907.
“Com a chegada de Maria Ana de
Bragança há uma certa feminização da dinastia”, explicou o conservador do
museu.
Guilherme IV tornou-se
grão-duque em 1905, mas adoeceu pouco tempo depois.
Em 1908, Maria Ana de Bragança
foi nomeada regente, passando a assinar leis e a “assumir um papel político”.
Após a morte do marido, em
1912, sucede-lhe a filha mais velha, Maria Adelaide, seguindo-se a segunda
filha do casal, a grã-duquesa Carlota, após uma crise política em 1918-1919.
“É uma corte unicamente
feminina, que contrasta enormemente com o mundo político da época,
exclusivamente masculino”, sublinha o conservador.
Filha de D. Miguel, que reinou
em Portugal de 1828 a 1834, Maria Ana de Bragança nasceu na Alemanha, onde o
ex-monarca passou a viver após a assinatura da Convenção de Évora-Monte, que
levou à sua deposição e ao exílio.
Maria Ana de Bragança e Guilherme
de Nassau conheceram-se em 1880, numa festa de família, tendo o futuro
grão-duque feito o primeiro pedido de casamento em 1884, quase uma década antes
de receber o aval do pai, segundo o conservador.
Vistos
dados por Aristides de Sousa Mendes
Durante a Segunda Guerra
Mundial, quando a família grã-ducal fugiu do Luxemburgo, após a ocupação do
país pelos nazis, Maria Ana foi uma das pessoas que recebeu vistos do cônsul de
Bordéus, Aristides de Sousa Mendes, para chegar a Portugal, partindo depois
para o exílio nos Estados Unidos.
A bisavó do atual grão-duque
Henrique morreu em 1942, em Nova Iorque, com 81 anos, estando sepultada na
catedral do Luxemburgo.
Foi também Maria Ana de
Bragança quem organizou o restauro do castelo de Berg, residência dos grão-duques
desde o seu casamento, onde Marcelo Rebelo de Sousa pernoitou durante a visita
de Estado ao país, em maio de 2017.
Para o conservador, a
exposição, que vai estar aberta ao público de 10 de julho a 23 de setembro, é
também uma ocasião para mostrar que a ligação entre os dois países precede a
imigração portuguesa no país.
“A História do Luxemburgo é
pouco conhecida do grande público, em particular as relações entre Portugal e o
Grão-Ducado e a forte presença da comunidade portuguesa, que fazem parte da
História mais recente. É também uma forma de mostrar que estas relações vêm de
há mais tempo e que são amigáveis”, disse o conservador à Lusa.
Na inauguração, a 09 de julho,
vão estar o grão-duque herdeiro Guilherme e a grã-duquesa herdeira Stéphanie de
Lannoy.
“A corte grã-ducal está muito
implicada na preparação da exposição e é o principal fornecedor dos objetos
expostos”, adiantou o curador.
Mas o objeto mais valioso da
exposição vem do Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa: a Banda das Três Ordens,
uma insígnia em ouro e prata com pedras preciosas, que reúne as Grã-Cruzes das
Antigas Ordens Militares de Cristo, de Avis e de Sant’Iago da Espada, criada
por D. Maria I em 1789 e usada atualmente pelos Presidentes da República.
“Para nós é uma honra, graças
à ajuda do embaixador de Portugal no Luxemburgo, podermos mostrar este objeto
que deixa muito raramente o Palácio Nacional da Ajuda, e que tem um grande
valor patrimonial e uma grande importância para a História de Portugal”, disse
o conservador. In “Mundo Português” – Portugal com “Lusa”
Museu
Nacional de História e Arte do Luxemburgo
Marché-aux-Poissons – Cidade
do Luxemburgo
Horário
Terças e quartas: das 10h às
18h
Quintas: das 10h às 20h, mas
entre as 17h e as 20h a entrada é gratuita
Sexta a domingo, ds 10h às 18h
O museu encerra às segundas
Preços
Adultos: sete euros
Famílias (dois adultos e duas
crianças): 10 euros
Grupos (de 0 ou mais pessoas):
5 euros por pessoa
Estudantes com menos e 26 anos
têm entrada gratuita
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