SÃO PAULO – O
atual sistema tributário nacional, considerado obsoleto, complexo e
burocrático, é obstáculo ao desenvolvimento do País. Afinal, obriga o
empresariado a mobilizar capital de giro sem qualquer remuneração, além de
onerar o custo de produção dos produtos industrializados, reduzindo a sua competitividade
e até mesmo inviabilizando a sua exportação.
Por outro lado,
na importação, faz com que os insumos demorem muito tempo na aduana, tamanhas
são as exigências que fogem à luz da razão neste mundo informatizado, obrigando
as indústrias a reduzir e até paralisar suas linhas de produção. Para piorar, é
um sistema tão esdrúxulo que acaba por estimular a exportação de
matérias-primas, que saem do País sem agregação de valor e sem gerar empregos.
Uma das facetas
trágicas desse sistema é a chamada guerra fiscal que, nas últimas décadas, se
tem contribuído para o desenvolvimento de alguns Estados, por outro lado, tem
deixado os governos estaduais à mercê de um leilão de ofertas para a concessão
de benefícios fiscais. Com isso, muitas empresas obtiveram benefícios além da
conta, aumentando os custos para todos os Estados.
O Senado vem
discutindo há anos uma legislação que prevê a regularização dos benefícios
fiscais com base no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS),
mas até agora o que se viu foram propostas de remendos que, com certeza, não
produzirão os efeitos necessários e que, a longo prazo, contribuirão para
tumultuar ainda mais a questão tributária. Aparentemente, os senadores já
deixaram de lado a proposta que previa redução gradual dos incentivos até a sua
extinção completa, optando-se pela manutenção até o fim do prazo de 15 anos.
Assim, fica aberto o caminho para novas distorções.
O que se espera
é que, em vez desses acordos, haja um consenso federativo sobre a necessidade
de se adotar uma política que impeça a prorrogação dos incentivos e de todos os
mecanismos que permitem a perpetuação da atual guerra fiscal, o que passa pelo
fortalecimento do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), que hoje
está engessado, pois suas decisões dependem da unanimidade de seus membros.
Aguarda-se ainda
que haja consenso quanto a um novo modelo que venha a desonerar o produto
exportado, livrando-o de impostos, taxas, contribuições e outros gravames, que
contribuem para inviabilizar o seu preço no mercado externo. Com isso, seriam
eliminados problemas que advém de compensações, acúmulo de créditos ou de
ressarcimento aos exportadores. Mas, se
a nova legislação constituir apenas um rol de ações paliativas e provisórias,
por certo, o Brasil continuará refém do seu passado de exportador de
matérias-primas. Milton Lourenço -
Brasil
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Milton
Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato
dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São
Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos,
Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br
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