Salvação
da missão
A ideia de ir a Marte antes de
colonizar a Lua anda meio em decadência ultimamente, por isso alguns
pesquisadores estão procurando formas de facilitar a ida ao Planeta Vermelho -
se for mais simples e mais barato, talvez valha a pena.
Vasco Guerra, da
Universidade de Lisboa, em Portugal, faz parte desse time.
Ele lembra que a atmosfera de
Marte consiste em nada menos do que 96% de dióxido de carbono.
Embora não seja suficiente
para produzir um efeito estufa suficiente para aquecer o planeta, as moléculas
de CO2 podem ser quebradas para produzir oxigênio respirável e monóxido de
carbono, o precursor de um combustível que poderia significar um "posto de
gasolina no planeta vermelho".
Quebra
do CO2 com plasma
Guerra e sua equipe calcularam
que criar um plasma de dióxido de carbono - uma massa de íons gerada passando
uma corrente elétrica através de um gás - pode dividir o CO2 com mais
facilidade em Marte do que na Terra porque a pressão atmosférica mais baixa em
Marte permite criar plasmas sem as bombas de vácuo ou compressores necessários
na Terra.
Além disso, a temperatura de
cerca de -60 °C é perfeita para que o plasma quebre mais facilmente um dos
laços químicos que mantêm o carbono e o oxigênio firmemente ancorados, ao mesmo
tempo impedindo a recombinação do dióxido de carbono.
Por enquanto, tudo é
amplamente teórico, mas a equipe afirma que um sistema desse tipo precisará de
apenas 150 a 200 Watts por 4 horas a cada dia de 25 horas de Marte para
produzir de 8 a 16 quilogramas de oxigênio. "A Estação Espacial
Internacional atualmente consome oxigênio na faixa de 2 a 5 quilogramas por
dia, então isso seria suficiente para suportar um pequeno assentamento,"
disse Guerra.
Mais
avançado
Como o sistema não exigiria
calor ou pressão adicionais, ele poderia ser mais leve do que outras propostas,
como o MOXIE (sigla em inglês para Experimento Oxigênio Local em Marte), um
sistema que divide dióxido de carbono usando eletrólise e que será testado pelo
robô da missão Mars 2020. O MOXIE precisa de temperaturas de 800 °C e
compressores.
Os criadores do MOXIE
defenderam-se rapidamente do ataque português, afirmando que seu sistema é mais
avançado do que o sistema a plasma. "Eles se esqueceram de como o dióxido
de carbono é coletado e como o oxigênio é separado dos outros gases. O diabo
está nos detalhes," disse Michael Hecht, membro da iniciativa MOXIE.
A palavra agora está de volta
com a equipe portuguesa, que ainda está estudando como resolver esses detalhes.
In “Inovação Tecnológica” – Brasil com "New Scientist"
Bibliografia:
The case for in situ resource
utilisation for oxygen production on Mars by non-equilibrium plasmas
Vasco Guerra, Tiago Silva,
Polina Ogloblina, Marija Grofulovic, Loann Terraz, Mário Lino da Silva, Carlos
D. Pintassilgo, Luís L. Alves, Olivier Guaitella3
Plasma Sources Science and
Technology
Vol.: 26, Number 11
DOI: 10.1088/1361-6595/aa8dcc
Biografia:
Vasco
Guerra - Sou professor associado da Agregação no Departamento de
Física do IST e membro do Grupo de Descarga de Gás e Gases ( GEDG ) do
Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear ( IPFN ).
Nasci a 12 de dezembro de
1968, em Torres Vedras, a cerca de 50 km a norte de Lisboa. Graduei-me em
Engenharia Física no IST em 1991. Recebi os diplomas de Mestrado e Doutorado em
Física pela Universidade Técnica de Lisboa (IST) em 1994 e em 1998,
respectivamente.
A minha pesquisa enfoca a
modelagem da cinética sem equilíbrio de plasmas moleculares de baixa
temperatura. Sou co-autor de mais de 70 trabalhos em revistas internacionais e
cerca de 200 comunicações em conferências internacionais. Em 2016, fui premiado
com o “European Physical Society William Crookes Plasma Prize", pelo contributo
para a modelagem de plasmas moleculares de baixa temperatura.
Atualmente sou Coordenador do
Mestrado Integrado em Engenharia de Física do IST e pertenço ao Conselho de
Administração da IPFN.
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