Terá lugar amanhã, dia 13 de
dezembro, pelas 18 horas, o lançamento do livro “Luanda - Avenida dos
Combatentes” da autoria de Sandra Poulson, no auditório da UCCLA.
O evento é organizado pelo
CEMD - Círculo de Escritores Moçambicanos na Diáspora.
Biografia
da autora:
Sandra Poulson é natural de
Luanda, Angola, onde nasceu a 3 de julho de 1962. Ainda muito jovem foi
locutora da Rádio Nacional de Angola. No princípio da década de oitenta,
estudou no Instituto Superior de Ciências Educativas em Lisboa, no primeiro
curso do Magistério Primário.
Trabalhou em várias empresas
em Portugal e em Angola, onde se licenciou em Direito, na Universidade Católica
de Angola. Atualmente é Advogada de profissão, com escritório em Luanda. É
coordenada da DAR, Distribuição de Amor e Riqueza (espiritual), grupo criado
por si, em que organiza ações de solidariedade social, nomeadamente
apetrechamento de pequenas bibliotecas em escolas, seminários, hospitais de
associações, em municípios longínquos do território angolano.
Participa em várias antologias
e revistas com textos, sobre costumes e tradição oral angolana resultado da sua
pesquisa de campo. É colaboradora do jornal angolano de Artes e Letras,
Cultura.
Prefácio
do livro:
De Angola chega-nos este
inspirado livro de Crónicas da multifacetada, empreendedora e experimentada
autora angolana Sandra Poulson. Uma assídua frequentadora e participante dos
meandros literários lusófonos em Angola e Portugal. Mais do que crónicas, estes
textos são pequenas, mas significativas, “explosões” condensadas de forma a se
enquadrarem nos espaços dos jornais, revistas ou boletins a que normalmente se
destinavam.
Será, com efeito, a primeira
angolana a editar uma obra individual com o Círculo de Escritores Moçambicanos
na Diáspora (CEMD) e sem dúvida também uma honra e um privilégio, por irmos
alargando e internacionalizando as nossas actividades no espaço da CPLP.
A característica fundamental
das culturas africanas em que a angolana se insere é a sua oralidade e a
crucial importância do seu registo uma necessidade sempre actual. A crónica
nasce dessa tradição de ensinamento e aprendizagem através da transmissão e
registo de saberes e valores de um bom observador inquieto e escritor.
A “oralidade” é, neste caso,
tanto o efeito como a causa de um modo de estar social, porque claramente
denuncia as relações sociais específicas, privilegiando também certos factores
de estratificação ou de diferenciação social, é a iniciação e difusão de
conhecimentos do observador mais atento que vai fidelizando leitores e que
constitui uma “espécie” de observatório itinerante em que os protagonistas são
a cronista - escritor, os observados (alvos de observação e acção, e ainda
todos os fenómenos observados que afectam o seu quotidiano). Terá, portanto, uma
função profundamente socializante e socializadora.
Há na escrita destas crónicas
uma clara intencionalidade pró - activa para a sociedade angolana.
Na literatura universal, uma
crónica é uma narração curta e incisiva, produzida essencialmente para ser veiculada
na imprensa escrita, seja das páginas criativas e informativas de um jornal, de
uma revista, de um boletim ou mesmo apresentadas numa rádio.
Claro que para bom uso desta
ferramenta é necessária a bênção da «ars dicendi», isto é «a arte de dizer»
onde se evidencia o cruzamento da grande criatividade popular da literatura
oral e a função ou cultura estética canônica adquirida na literatura escrita e
na sua prática quotidiana.
Nalguns casos acontece um
esforço sincero de “metaforização”, de “ironização”, de “pleonasmização” e
“humorização” das situações da realidade observadas e descritas.
A cronista cria um laço
integrador entre o homem e o seu meio, como a memória colectiva fixada de um
povo e seus dramas e alegrias que serão sempre, obviamente em última instância,
o seu verdadeiro arquivo “natural”, o seu espaço de fixação, de envolvimento,
de alerta, de reflexão e também de produção de soluções.
Por vezes identificamos
silêncios nestas crónicas que respiram Angola e a angolanidade, mas de um
silêncio que grita, que alerta, que apela, que ensina, que instrui, que planta,
que corta, que abraça, que abarca, que congrega, que desafia, que interpela,
que revolve, que fermenta, que entranha, que canta, e colherá os seus frutos,
proporcionando a impossibilidade da indiferença.
Mas fica claro como a água,
tal como dizia o poeta visionário Kahlil Gibran: “Na verdade falamos apenas
para nós mesmos; contudo falamos por vezes suficientemente alto para que os
outros nos consigam ouvir.”
Possui, assim, uma finalidade
profundamente utilitária e quase sempre pré-determinada a agradar os leitores
dentro de um espaço sempre igual e com a mesma localização, criando-se assim,
no decurso dos dias, das semanas ou dos meses, uma grande familiaridade e
cumplicidade íntima entre o escritor/cronista e todos aqueles que o leem. A
cronista com alma de poeta demonstra aqui toda a sua capacidade para nos
elucidar sobre a sua visão do mundo e a sua concepção da vida, que são
largamente congregadoras, e um enorme contributo para a reflexão da sociedade e
a sua harmonização.
Bem haja Sandra Poulson e
bayete por nos proporcionar beleza e espanto nesta revigorante, pedagógica e
instrutiva obra de crónicas!
Delmar Maia Gonçalves
(Escritor e Presidente do Círculo
de Escritores Moçambicano na Diáspora - CEMD)
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