Nova Sintra – A cantora
Solange Cesarovna actua este domingo, na Praça de Nova Sintra, num concerto de
lançamento do seu álbum “Mornas”, em homenagem à morna e aos 150 anos do
nascimento de Eugénio Tavares, no quadro da sua digressão nacional.
Coincidindo com o momento em
que Cabo Verde se prepara para lançar a candidatura da Morna rumo ao Património
Cultural Imaterial da Humanidade, Solange Cesarovna volta a cantar “Eugénio
Tavares”, considerado figura incontornável da cultura cabo-verdiana e que deu
grande contributo à música tradicional cabo-verdiana, particularmente à morna.
Em entrevista à Inforpress, a
artista e intérprete revela que está com uma “ansiedade positiva”, por entender
que vai ser um momento mágico pisar a ilha da Brava, enquanto berço de Eugénio
Tavares e onde as mornas deste poeta e compositor de referência da cultura
cabo-verdiana, nasceram pela inspiração deste autor.
“Estou à espera de um momento
muito emocionante, de partilha, assim como em outras ilhas, mas com uma característica
particular de estar na ilha de Eugénio Tavares”, ressalva Solange Cesarovna,
para quem o concerto está a ser projectado para ser uma autêntica Festa de
Natal antecipada, numa altura que se comemora um século e meio do nascimento de
Eugénio Tavares, patrono do Dia Nacional da Cultura.
Por isso, considera terminar a
digressão nacional de 2017 deste álbum, cantando Eugénio Tavares, na Praça de
Nova Sintra, com os bravenses, não poderia ser melhor para fechar o ano com
Chave de Ouro para também ser a inspiração para o início do ano 2018, que se
prevê a continuação da digressão nacional para apresentação desta obra
discográfica nas outras ilhas.
Expectante sobre o “Show da
Brava”, Solange mostra-se convicta de que esta digressão da promoção deste álbum
vai ficar marcada por grandes concertos de quase duas horas para grandes
públicos a nível nacional e internacional, à volta da morna, o que vai ao
encontro dos propósitos do autarca Francisco Walter, que quer brindar os
munícipes com o “Show do Ano”.
Lançado a 22 de Julho na Rua
Lisboa, na cidade do Mindelo (São Vicente), onde diz ter aprendido a cantar a
morna, e que ainda com os seus sete anos, venceu o concurso de vozes de
Pequenos Cantores com a morna “Cabo Verde Nha Terra” de Kim di Santiago, “Mornas”
já foi também apresentado no Sal, em Santo Antão, no Tarrafal de Santiago e São
Nicolau.
Para o ano ficam agendados
espectáculos nas outras ilhas, estando já confirmado o concerto na Cidade da
Praia para brindar o início de 2018 “com uma grande homenagem à morna”, e
possivelmente a todas as ilhas, com passagem pela Boa Vista, Maio, Fogo e
outros concelhos como Tarrafal de São Nicolau e outros pontos da ilha de
Santiago e Santo Antão, ao qual se segue a digressão internacional.
Cesarovna considera que a
reacção do público por todos os palcos por onde já apresentou o álbum, tem sido
de uma empatia total, de se envolver com a morna durante o concerto.
Com oito faixas, “Ná, Ó Menino
Ná”, “Morna de Despedida”, “Morna de Nha Santa Ana”, “Mal de Amor”, “Morna de
Bejiça”, “Contam Nha Cretcheu”, “Mar Eterno” e Força de Cretcheu”, o álbum
“Morna” tem a produção executiva das edições Artiletra e foi gravado em
Cervantes Studios, em Lisboa.
Com Manel di Candinho na
guitarra, esta obra discográfica conta com os serviços de artistas como o
pianista Nando Andrade (também na direcção musical), o guitarrista Adérito, o
baixista Manuel Paris, o percussionista Kau Paris, o baterista Robert Leonardo,
tendo Nilton Cunha no cavaquinho.
“Mornas” é o terceiro álbum da
artista, seguida de “Solange Cesarovna”, gravado em 2008 e “Speranza”, editado
em 2011 em Itália, na sequência da sua actuação no Vaticano, Roma, que
proporcionou a Solange fazer um dueto com o angolano Bonga na morna “Dos
Atributo” de Manuel de Novas, que na versão italiana foi transfigurada em “Dona
Madre e Esposa”.
A cantora considera que com
este último trabalho discográfico possa dar um “simbólico” contributo para esta
iniciativa “entusiástica” para o “dossier” da candidatura da Morna ao
Património Imaterial da Humanidade, a par dos critérios científicos, enquanto
uma apaixonada de morna que quer.
Cesarovna acredita que a morna
tem todos os ingredientes e características para que realmente ganhe este
título, por ser uma grande responsável por cabo Verde ter sido muito conhecido
no mundo, e que a identidade cabo-verdiana vai ganhar muito com isto, pelo que
exorta uma união à volta da morna e desta candidatura. Simão Rodrigues – Cabo Verde in
“Inforpress”
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