Mindelo – A conserveira
Frescomar prepara-se para inaugurar, no início de 2018, uma nova unidade de
produção de farinha de peixe, destinada à exportação para a União Europeia
(UE), num investimento que deve rondar os 2,5 milhões de euros.
Em declarações exclusivas à
agência Inforpress, no Mindelo, o adjunto do presidente do conselho de
administração da Frescomar e director de qualidade da empresa sediada em São
Vicente, Manuel Monteiro, explicou que, apesar de a unidade se encontrar licenciada
para funcionar, e com testes avaliados “100 por cento competentes pela
autoridade nacional”, a inauguração só deve ocorrer após a obtenção da licença
para exportação para a UE.
“Podemos dizer que ainda não
inauguramos oficialmente a fábrica porque estamos a aguardar essa licença”,
reforçou a mesma fonte pois, sintetizou, os testes já foram efectuados e a
unidade funciona “em pleno”.
A fábrica inicialmente foi
avaliada para um custo de 1,5 milhões de euros, segundo a mesma fonte, mas o
montante deve alcançar os 2,5 milhões de euros devido, explicou, ao cumprimento
de “todos os requisitos e normas” a nível internacional.
Para tal, avançou, foi
necessário investir principalmente na emissão de gases, “pois há que evitar
maus odores na emissão de gases”, e do tratamento de águas residuais e
ambientais, e, assim, “garantir a qualidade” para exportar para a União
Europeia.
“Hoje, uma fábrica de farinha
de peixe suscita mais exigências do que uma fábrica alimentar, pois vai
alimentar animais para depois alimentar pessoas”, lembrou Manuel Monteiro,
sendo certo, pontificou, que a União Europeia deposita “muita atenção” nesse
tipo de fábricas devido, sobretudo, “aos inúmeros problemas” surgidos na
decorrência de doenças como vacas loucas e outras.
Com uma capacidade estimada de
produção de 50 toneladas/dia, o responsável diz-se consciente, no entanto, de
que, por enquanto, não há matéria-prima suficiente para abastecer essa
capacidade instalada na nova fábrica.
“Podemos dizer que hoje temos
uma fábrica nacional de produção de farinha de peixe com capacidade superior
para suportar todo o subproduto gerado quer na Frescomar, como também na Cova
de Inglesa e na Nova Plataforma de Frio”, concretizou o responsável pela
qualidade da Frescomar, para quem esse “passo antecipado no futuro” é uma forma
de “caminhar antevendo os problemas”.
A fábrica, totalmente
automatizada, que ocupa uma área total de 11 mil metros quadrados, deve, ainda
assim, empregar inicialmente cerca de 40 pessoas e vai “na linha dos
compromissos” que a Frescomar assumiu com o Governo de Cabo Verde, desde a
assinatura da convenção de estabelecimento da unidade fabril, em 2008.
Nessa altura ficou consagrado
que um dos requisitos que a Frescomar tinha que cumprir era tratar os resíduos
que iria produzir, ou seja, transformar o subproduto em farinha de peixe, o que
“está concretizado”.
Questionado sobre a parceria
que a Frescomar vinha mantendo com uma fábrica de ração, também sediada em São
Vicente, e que já laborava no mercado, Manuel Monteiro escusou-se a avançar
detalhes por, conforme disse, existir actualmente um litígio entre as partes,
em resolução em instâncias próprias.
Contudo, avançou que havia
“uma exclusividade que foi rompida”, mas que a Frescomar sempre no seu
relacionamento com aquela unidade deixou claro que não ia intervir no mercado
nacional.
“Estamos em litígio, mas não
vamos sufocar o mercado, o nosso mercado principal é o de exportação, é a União
Europeia”, concluiu o adjunto do presidente do conselho de administração da
Frescomar.
A Frescomar, a maior
exportadora do país, é uma sociedade anónima cabo-verdiano-espanhola que obteve
certificado de empresa franca em Abril de 1997 para se dedicar à prática de
transformação do pescado e sua comercialização, tendo a Europa como principal
mercado.
Actualmente, “apesar de 2017
não ter sido tão favorável” à pesca nacional como em outros anos, estão
empregados na unidade do Lazareto 1.300 pessoas, ou seja, um aumento de 1.100
para 1.300 empregos este ano. In “Inforpress” – Cabo Verde
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